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Carreira / Emprego - Para ser aprovado é preciso ter estratégia, disciplina e persistência 

Data: 13/11/2008

 
 

Não importa o momento da economia nem do mercado de trabalho: desenvolver a carreira em um cargo público é sempre uma opção considerada pela grande maioria dos estudantes e dos já graduados de todo o País.

Só para ter uma idéia, nos últimos três anos foram 10 milhões de candidatos concorrendo a 150 mil vagas, de acordo com um estudo da Associação Nacional de Proteção e Apoio ao Concurso (Anpac) com as maiores bancas examinadoras do Brasil, como Cesp/UNB, Esaf, Fundação Carlos Chagas e Vunesp. Entre os mais concorridos estão os do Ministério do Trabalho, INSS, Petrobrás e Banco do Brasil.

“A tendência é que todos os concursos mais importantes passem a exigir nível superior dos candidatos. Ao mesmo tempo, os processos de nível fundamental continuarão existindo apenas na esfera municipal”, garante a diretora executiva da Anpac, Maria Thereza Sombra.

Além da estabilidade, benefícios e garantias, a remuneração de um cargo público é um dos fatores mais atraentes para os candidatos e muitas vezes é maior do que a praticada para a mesma função em uma empresa privada.

De acordo com a pesquisa, o salário médio de quem é aprovado em um processo de nível superior é de cerca de R$ 4.309, enquanto no médio e fundamental a remuneração é, respectivamente, de R$ 1.269 e R$ 813.

Ser aprovado em um concurso público, entretanto, não é tarefa fácil. “É preciso montar uma estratégia de preparação, entender o edital e todas as regras daquela prova, além dos assuntos mais relevantes do conteúdo programático e as provas anteriores”, aconselha o diretor de operações do curso Meta em São Paulo, Francisco Medeiros.

Performance individual

Embora a concorrência cresça a cada ano, ele vê boas qualidades na forma de avaliação e seleção dos concursos. “Para conseguir um emprego público, basta passar na prova. A pessoa não precisa ter histórico profissional, currículo estrelado ou indicações. Todos os candidatos são tratados com total isenção e igualdade e o sucesso depende apenas da performance individual”, afirma.

Sair atirando para todos os lados, porém, não é uma boa estratégia na opinião dos especialistas. Para Medeiros, é fundamental que o candidato tenha alguma afinidade com a função que se propõe a desempenhar.

“Se a pessoa entra apenas pelo salário ou pela estabilidade e não gosta do que faz, se sentirá frustrada. O setor público está cada vez mais moderno e não admite mais esse tipo de funcionário. É cada vez mais comum, aliás, que a remuneração seja feita com base no rendimento profissional”, explica.

Maria Thereza concorda: “Do ano 2000 pra cá houve muita melhora. Os aprovados hoje são extremamente qualificados e serão cobrados no dia-a-dia. Existe concorrência entre os próprios colegas, promoção e bônus por mérito. Acabou aquela história de pôr o paletó na cadeira e ir tomar cafezinho.”

Atualmente existem diversos concursos abertos e muitos outros previstos para o ano que vem (confira tabela com algumas opções na página), e a crise econômica internacional não deve atrapalhar o cronograma de forma significativa.

“A crise é temporária, ao passo que a administração pública é perene. O planejamento deve ser sempre de longo prazo, mirando o futuro”, pondera Medeiros.

A diretora do Anpac, por sua vez, ressalta que, além do crescimento natural do funcionalismo público, que entre 2005 e 2007 foi de 27%, existem fatores técnicos que não permitem cortes. “A aposentadoria no setor está na ordem de 40% e além disso muitos terceirizados serão substituídos até 2010. Será preciso repor todo esse contingente.”

Vocação

Formado em Letras, Jefferson Rocha tem experiência em concursos. Aos 17 anos entrou para a Marinha, aos 22 para o Exército, e seguiu até virar sargento. Logo depois, passou na prova da Polícia Rodoviária Federal, onde atua até hoje.

“Sempre tive vontade de ser ser concursado nessa área militar e policial, e desde cedo concentrei meus esforços nisso. Nunca trabalhei em empresa privada”, diz.

Mesmo com seu cargo público, Jefferson não se acomodou. “Assim que comecei a trabalhar na Polícia Rodoviária, voltei para a faculdade e entrei no curso de Direito”.

O objetivo agora é ser aprovado em um concurso para o cargo de delegado federal.

Também atraída pela área policial, Gabriela Liliane Fogaça é graduada em Estudos Sociais e estava insatisfeita com sua vida profissional no setor privado. “Decidi largar tudo e me dedicar aos estudos para entrar na polícia civil”, conta.

Após prestar sem sucesso provas para auxiliar de papiloscopista e papiloscopista, Gabriela foi aprovada no concurso para o cargo de fotógrafo técnico-pericial e aguarda agora a convocação para a realização de exame físico, psicotécnico, psicológico e oral.

“O salário é menor do que eu ganhava antes, mas me dedicarei a algo de que gosto, terei mais qualidade de vida e chance de me aperfeiçoar no trabalho. As promoções e as recompensas financeiras virão com o tempo”, afirma.



 
Referência: O Estado de S.Paulo
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