Carreira / Emprego - Para ser aprovado é preciso ter estratégia, disciplina e persistência
Não importa o momento da economia nem do mercado de trabalho: desenvolver a
carreira em um cargo público é sempre uma opção considerada pela grande maioria
dos estudantes e dos já graduados de todo o País.
Só para ter uma idéia, nos últimos três anos foram 10 milhões de candidatos
concorrendo a 150 mil vagas, de acordo com um estudo da Associação Nacional de
Proteção e Apoio ao Concurso (Anpac) com as maiores bancas examinadoras do
Brasil, como Cesp/UNB, Esaf, Fundação Carlos Chagas e Vunesp. Entre os mais
concorridos estão os do Ministério do Trabalho, INSS, Petrobrás e Banco do
Brasil.
“A tendência é que todos os concursos mais importantes passem a exigir nível
superior dos candidatos. Ao mesmo tempo, os processos de nível fundamental
continuarão existindo apenas na esfera municipal”, garante a diretora executiva
da Anpac, Maria Thereza Sombra.
Além da estabilidade, benefícios e garantias, a remuneração de um cargo público
é um dos fatores mais atraentes para os candidatos e muitas vezes é maior do que
a praticada para a mesma função em uma empresa privada.
De acordo com a pesquisa, o salário médio de quem é aprovado em um processo de
nível superior é de cerca de R$ 4.309, enquanto no médio e fundamental a
remuneração é, respectivamente, de R$ 1.269 e R$ 813.
Ser aprovado em um concurso público, entretanto, não é tarefa fácil. “É preciso
montar uma estratégia de preparação, entender o edital e todas as regras daquela
prova, além dos assuntos mais relevantes do conteúdo programático e as provas
anteriores”, aconselha o diretor de operações do curso Meta em São Paulo,
Francisco Medeiros.
Performance individual
Embora a concorrência cresça a cada ano, ele vê boas qualidades na forma de
avaliação e seleção dos concursos. “Para conseguir um emprego público, basta
passar na prova. A pessoa não precisa ter histórico profissional, currículo
estrelado ou indicações. Todos os candidatos são tratados com total isenção e
igualdade e o sucesso depende apenas da performance individual”, afirma.
Sair atirando para todos os lados, porém, não é uma boa estratégia na opinião
dos especialistas. Para Medeiros, é fundamental que o candidato tenha alguma
afinidade com a função que se propõe a desempenhar.
“Se a pessoa entra apenas pelo salário ou pela estabilidade e não gosta do que
faz, se sentirá frustrada. O setor público está cada vez mais moderno e não
admite mais esse tipo de funcionário. É cada vez mais comum, aliás, que a
remuneração seja feita com base no rendimento profissional”, explica.
Maria Thereza concorda: “Do ano 2000 pra cá houve muita melhora. Os aprovados
hoje são extremamente qualificados e serão cobrados no dia-a-dia. Existe
concorrência entre os próprios colegas, promoção e bônus por mérito. Acabou
aquela história de pôr o paletó na cadeira e ir tomar cafezinho.”
Atualmente existem diversos concursos abertos e muitos outros previstos para o
ano que vem (confira tabela com algumas opções na página), e a crise econômica
internacional não deve atrapalhar o cronograma de forma significativa.
“A crise é temporária, ao passo que a administração pública é perene. O
planejamento deve ser sempre de longo prazo, mirando o futuro”, pondera
Medeiros.
A diretora do Anpac, por sua vez, ressalta que, além do crescimento natural do
funcionalismo público, que entre 2005 e 2007 foi de 27%, existem fatores
técnicos que não permitem cortes. “A aposentadoria no setor está na ordem de 40%
e além disso muitos terceirizados serão substituídos até 2010. Será preciso
repor todo esse contingente.”
Vocação
Formado em Letras, Jefferson Rocha tem experiência em concursos. Aos 17 anos
entrou para a Marinha, aos 22 para o Exército, e seguiu até virar sargento. Logo
depois, passou na prova da Polícia Rodoviária Federal, onde atua até hoje.
“Sempre tive vontade de ser ser concursado nessa área militar e policial, e
desde cedo concentrei meus esforços nisso. Nunca trabalhei em empresa privada”,
diz.
Mesmo com seu cargo público, Jefferson não se acomodou. “Assim que comecei a
trabalhar na Polícia Rodoviária, voltei para a faculdade e entrei no curso de
Direito”.
O objetivo agora é ser aprovado em um concurso para o cargo de delegado federal.
Também atraída pela área policial, Gabriela Liliane Fogaça é graduada em Estudos
Sociais e estava insatisfeita com sua vida profissional no setor privado.
“Decidi largar tudo e me dedicar aos estudos para entrar na polícia civil”,
conta.
Após prestar sem sucesso provas para auxiliar de papiloscopista e papiloscopista,
Gabriela foi aprovada no concurso para o cargo de fotógrafo técnico-pericial e
aguarda agora a convocação para a realização de exame físico, psicotécnico,
psicológico e oral.
“O salário é menor do que eu ganhava antes, mas me dedicarei a algo de que
gosto, terei mais qualidade de vida e chance de me aperfeiçoar no trabalho. As
promoções e as recompensas financeiras virão com o tempo”, afirma.
Referência:
O Estado de S.Paulo
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