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Motivação - O despertar de uma empresa 

Data: 09/12/2008

 
 

Vencer o desafio de fazer uma empresa despertar motivada não é um problema cuja solução deva sair de uma só cabeça. Trata-se de um desafio coletivo para a superação do qual é absolutamente indispensável à participação dos funcionários. Não se cria motivação por Decreto.

Quando o despertador toca avisando-nos que é hora de ir para o trabalho, as pessoas acordam de uma das duas maneiras: bem ou mal dispostas. Ou seja: ou a gente pula da cama, animado, e vai pro banho cantarolando - ou o percurso entre a cama e o banheiro parece interminável - longo, penoso e difícil de ser concluído, e que a gente faz arrastando os chinelos e trombando nas portas e paredes, entre resmungos.

Há várias razões que podem ser responsabilizadas por um ou outro tipo de despertar, mas, a menos que existam problemas de saúde, a causa está quase sempre ligada a uma palavrinha-chave: motivação ou, conforme o caso, falta dela.

Neste segundo caso, a indisposição é um indício de que algo não vai bem no trabalho, algo lá está perturbando a pessoa, ameaçando inclusive sua qualidade vida. Depois que consegue entrar no banheiro, o sujeito demora um tempão antes de entrar debaixo do chuveiro, olhando-se longamente no espelho, com um mau humor daqueles, tentando decidir se vai em frente ou se manda o emprego pro alto e volta pra cama. Na maioria das pessoas costuma prevalecer - com boa ou má vontade - o bom senso, que obviamente NÃO RECOMENDA voltar para os mornos lençóis.

No entanto, quando a pessoa está motivada pelo trabalho, durante o banho já fica mentalmente enumerando e planejando as estimulantes tarefas previstas para o dia. Os preparativos que antecedem sua ida ao trabalho são cumpridos com uma real euforia e uma positiva ansiedade de começar logo mais uma jornada de desafios.

Já há algum tempo descobri que esse mesmo processo de "despertar" ocorre também com as empresas, como se elas próprias fossem um organismo vivo, um indivíduo - e não, como é fato, um conjunto deles. E mais: descobri que a observação do "despertar" de uma empresa nos permite avaliar se o seu "organismo" (leia-se: conjunto de pessoas) está OK ou se sofre de alguma baita indisposição. Duas situações que podem ser traduzidas como "motivado" ou "desmotivado".

Ao longo dos anos na minha atividade de consultor, e sempre por questões de prazos e urgências dos clientes, já por algumas vezes precisei "varar a noite" trabalhando e assim amanhecer dentro de uma empresa, em algum dos seus departamentos. Muitas outras vezes, pelas mesmas razões, costumava chegar antes dos funcionários da área. Foram essas vivências que me levaram à descoberta citada.

Tenha você mesmo essa experiência, amigo leitor: procure chegar cerca de meia hora antes do horário normal de início de expediente - e aguarde a vinda dos colegas.

Primeira possibilidade: a equipe está motivada.

Neste caso, a chegada de cada um é alegremente barulhenta, calorosa e triunfal. Beijinhos pra lá e pra cá, abraços ruidosos, comentários do jogo ou do chopinho de ontem, gargalhadas devido a mais recente piada recebida por e-mail e por aí afora, enquanto vão abrindo gavetas, ligando computadores - enfim, preparando o material de trabalho para a jornada do dia. A cada colega que chega a cena se repete e, em minutos, toda essa energia cria e faz pairar no ar uma alegria e disposição contagiantes que permanecerão até o final do expediente. E o mais importante: percebe-se na equipe uma vontade espontânea de estar ali, de ser útil, de cumprir as tarefas.

Claro que com a chegada do chefe, esse clima pode melhorar ainda mais - ou pode cessar bruscamente, instalando-se um silencio que dá até pra se ouvir o monótono som do aparelho de ar condicionado. Mas, o que quer que aconteça depois, o despertar foi ótimo, foi estimulante, foi saudável.

Segunda possibilidade: a equipe NÃO está motivada.

Os funcionários entram como zumbis. Lentamente, quase arrastando os pés, calados ou resmungando um ininteligível e desanimado "oi" (quando não indiferentes) aos que já estão ali, expressões sonolentas, má vontade estampada no rosto. Ao contrário da situação anterior, as gavetas não são logo abertas, os computadores não são logo ligados. A prioridade não é preparar o material para o início da jornada: é ir trocar queixas e lamentações lá no cantinho do café ou no "fumódromo". Diagnóstico: a área está "doente".

E se a cena se repete nos demais departamentos, o quadro pode ser ainda mais alarmante: TODA a empresa pode estar "doente", certamente contaminada pelo vírus da desmotivação. E neste caso, há poucas probabilidades de que o quadro se altere com a chegada do chefe. Até porque ele próprio pode ser o disseminador do vírus.
Quem ganha com esse "despertar", cujas principais conseqüências serão o comprometimento da produtividade e da qualidade?. Há algo pior para uma empresa?

Para o funcionário há o desencanto, a frustração, a falta de perspectiva. Ao invés de estimulante e desafiador, o trabalho passa a ser um peso diário cada vez mais difícil de ser carregado. E sua saúde física e psicológica começa gradativamente a se ressentir desse desgaste cotidiano. Cadê a qualidade de vida?

O objetivo deste artigo não é relacionar todas as causas que levam uma equipe à desmotivação numa empresa. Como sabemos, existem muitas possíveis causas - mas todas certamente solucionáveis ou pelo menos administráveis. Este artigo pretende ser um grito de alerta, lembrando ao pessoal de Recursos Humanos ou aos principais dirigentes que uma adequada pesquisa de clima junto aos funcionários costuma ser um bom começo para se promover um despertar mais saudável da empresa, forte condição para um dia produtivo.

Este não é um problema cuja solução deva sair de uma só cabeça. É fato elementar de que o que é motivacional para o presidente, diretor ou gerente, necessariamente não o é para seus colaboradores Trata-se de um desafio coletivo para a superação do qual é absolutamente indispensável à participação dos funcionários. Não se cria motivação por Decreto.

Vencer o desafio de revitalizar uma empresa "doente" e fazê-la despertar com disposição e alegria, é tão envolvente e estimulante que, se todos os funcionários participarem - independente da hierarquia - mais da metade do problema estará solucionado.



 
Referência: RH Portal
Autor: Floriano Serra
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