O uso da internet para fins pessoais deixou de ser uma raridade para se
tornar uma realidade dentro das organizações. Encontrar profissionais que
utilizem este recurso para realizar buscas, pesquisas, consultas a notícias ou
mesmo para executar transações bancárias on-line passou a ser mais comum.
Contudo, há quem diga que proibir tal acesso não seja a melhor solução a ser
adotada. A consultora de etiqueta corporativa e marketing pessoal, Ligia
Marques, é uma destas pessoas.
Para ela, proibir ou monitorar o acesso de funcionários é ineficaz e
contraproducente. “As empresas devem se adequar aos novos tempos e estabelecer
regras de uso que devem ser respeitadas. O exagero é prejudicial, mas pequenas
consultas não devem ser consideradas um problema”, diz.
E de fato, o mercado tem motivos de sobra para achar que a proibição da
internet ou mesmo sua restrição seja inapropriada e inadequada, afinal, com o
barateamento das tecnologias, o uso de smartphones com Wi-Fi têm crescido entre
os trabalhadores. “Com eles, é possível acessar a internet a qualquer momento e
de qualquer lugar da empresa”, explica Ligia.
Além disso, é preciso sempre ter em mente que, ao contratar um profissional,
o mínimo esperado é que ele apresente um comportamento adulto dentro de uma
empresa que visa à produtividade e ao lucro.
Tempo é dinheiro
Que tempo é dinheiro todo mundo já sabe, mas o fato é que, no mundo dos
negócios, acreditem, os empresários sabem deste conceito muito mais.
Como os funcionários são pagos pelo tempo em que permanecem nas empresas e
pelo que produzem neste período, qualquer distração pode ser considerada um
prejuízo ou um risco à produtividade. Portanto, é importante prestar atenção ao
tempo gasto nos sites de interesse pessoal. “A pessoa deve se perguntar se ela
realmente precisa acessar determinada página naquele momento ou se ela pode
fazer isto em outra ocasião, fora do trabalho, por exemplo”, orienta Ligia.
O mesmo vale para o agendamento de consultas médicas que precisam ser feitas
durante o horário comercial, ou seja, quando o empregado encontra-se na empresa.
“Nas companhias mais abertas, isto pode ser feito, desde que não haja exageros.
O exagero é um problema, porque afeta e compromete a produtividade”, informa a
consultora.
O mau uso do recurso costuma ser avaliado também em função do conteúdo
acessado. Sites de conteúdo adulto, religiosos e até alguns tipos de redes
sociais não costumam ser muito apropriados para certas corporações – estes devem
ser consultados de acordo conforme a política interna de cada empresa.
Liberdade nas horas não produtivas
Uma alternativa para os empresários que ainda não aprovam o uso livre da
internet consiste em estabelecer um horário para isso. Algumas empresas,
inclusive, já adotam esta prática e costumam liberar as restrições feitas aos
sites no horário de almoço dos trabalhadores ou na última hora do dia, quando o
ambiente se torna menos produtivo.
“Ao permitir que um funcionário utilize a internet apenas em seu horário de
almoço, eu crio uma regra que deve ser informada. O aviso é importante, para que
o trabalhador entenda como deve ser o uso da web na empresa e para que ele saiba
que pode ser penalizado ao descumprir uma ordem”, diz a professora e
coordenadora do curso de Recursos Humanos da Veri Faculdades, Suely Murtinho.
E-mail corporativo
Para ela, outro tema que precisa ser definido nas empresas diz respeito ao
uso do e-mail corporativo, já que algumas organizações não permitem que o e-mail
do trabalho seja utilizado para fins pessoais. "Os funcionários precisam ter bom
senso quanto ao uso deste meio, bem como quanto ao teor das mensagens enviadas e
recebidas, afinal, todos os e-mails corporativos costumam ser monitorados”, diz
Suely.
E nada de colocar o e-mail corporativo em listas de distribuição ou sites de
relacionamento, já que a desobediência às regras de uso pode causar desde
advertências até a demissão.