Mesmo nas empresas que estimulam o trabalho em equipe e não incentivam a
chamada concorrência predatória, é possível esbarrar em um competidor não muito
ético na hora da disputa. Quem enfrenta o problema tem sempre de decidir se
denuncia ou não o "coleguinha" à chefia.
Os consultores de recursos humanos não chegaram a um consenso sobre o tema. Por
um lado, há os que pensam que cabe ao líder da equipe perceber o impasse, já
que, falando, o funcionário corre o risco de levar fama de dedo-duro.
Pelo outro, estão os que defendem a denúncia, apostando nas idéias de que o
colega desleal nunca vai prejudicar apenas um único membro da equipe e de que
basta alguém ter coragem de reclamar para que outras possíveis "vítimas"
apareçam.
Marcelo Campos, 26, analista de marketing, conta que ainda não digeriu a
experiência que teve com um colega de trabalho do tipo "puxador de tapete". Com
medo de ser apontado pela chefia como delator, suportou por cerca de quatro
meses pequenas sabotagens do colega.
Só depois de deixar o emprego na companhia, Campos percebeu que as armações eram
mais sérias do que ele imaginava.
"Eu soube, por exemplo, que ele marcava reuniões com a diretoria, e eu não
comparecia. Claro, ele nem me avisava! Queria que eu parecesse um
irresponsável."
De acordo com o analista de marketing, ambos eram cotados para ocupar uma vaga
de gerente. "Mas ele ganhou", observa.
O analista diz que se arrepende de não ter denunciado o colega logo de cara.
"Estou bem, em outra empresa, mas isso ainda me incomoda muito. Não consegui
explicar ao meu antigo chefe que eu não tive culpa de nada."