Não durou mais de uma semana a alegria do representante de vendas Roberto
Augusto de Oliveira, 34, quando o clube de recreação em que trabalhava anunciou
benefícios extras para os campeões na venda de cotas.
"Eram bons prêmios, mas também era impossível ganhar", resume. As metas, segundo
ele, eram inatingíveis, e a própria empresa sabia que dificilmente os
funcionários fechariam aquele número de negócios por mês. Não adiantou
argumentar.
"Sou um bom vendedor, mas não posso fazer milagre. O plano virou motivo de riso
entre os colegas de trabalho", conta. "Ainda não entendo o que a empresa queria
conseguir com aquilo. Toda a equipe percebeu o truque. Ninguém é tão burro de
cair em uma bobagem dessas."
De acordo com os especialistas, nesses casos não há muito a ser feito. Como o
profissional raramente consegue convencer a empresa a modificar o programa, o
conselho é procurar outras oportunidades de trabalho.
A resposta muitas vezes vem com a chamada "operação tartaruga", em que a equipe,
desmotivada, diminui a velocidade do cumprimento das tarefas para provocar o
empregador.
Na área comercial, o "protesto" não é possível, já que a remuneração depende
quase totalmente de comissões das vendas. "Desisti do emprego", revela Oliveira,
que ainda está desempregado. Ele faz questão de dizer, no entanto, que não se
arrepende. "Perdi completamente o estímulo."