Currículo (curriculum) - Diversidade é não eliminar currículos só pela idade
Como você acha que estará daqui a dez anos? Mais experiente, com mais
conhecimentos, mais preparado para enfrentar desafios? Por que então você não
contrata profissionais dez anos mais velhos que você? Está é a pergunta que
faço, com freqüência, a jovens executivos ou headhunters, toda vez que os pego
em situações de preconceito velado ao eliminar currículos pela idade. Essa
reação subjetiva faz as empresas perderem competências e reduz as oportunidades
para excelentes profissionais maduros.
Ao contrário do que ocorre na Europa e nos Estados Unidos, quase não se vêem
mais cabelos brancos nas empresas brasileiras. Quem os tem, esconde, para não
passar por "velho", pois corre o risco de ser considerado "obsoleto". Num país
onde falta mão-de-obra qualificada, aos 45 anos já se fala em aposentadoria,
como se isso fosse natural.
As características que fazem do brasileiro um povo único, se devem em grande
parte a sua capacidade de conviver com as diferenças, que vêm das origens da
formação da cultura brasileira. No entanto, a diversidade como tema de
preocupação das empresas brasileiras, ainda está longe de se tornar realidade.
Pelo contrário, uma barreira invisível foi sendo criada pelo excesso de
exigências na contratação, por conta de uma oferta de profissionais maior que a
demanda e pelo acirramento da competitividade do mercado.
Finalmente as empresas acordaram para a realidade, de que não é possível falar
em responsabilidade social, sem promover ações que aumentem as oportunidades. A
empresa deve ser entendida como uma instância de formação e de mobilidade social
e para isso precisa derrubar preconceitos e barreiras, garantindo processos
seletivos e de promoção que dêem oportunidade a todos, indo além dos aspectos
legais, do cumprimento da constituição, da observação das cotas legais como na
contratação de deficientes e aprendizes.
Felizmente, já se pode notar um movimento em favor de resgatar as oportunidades
para os jovens em programas de aprendizes e estágio. Na outra ponta, entretanto,
a barreira da idade vem crescendo subjetivamente, na contramão do aumento da
expectativa de vida. O preconceito impede a valorização da experiência, da tão
falada gestão do conhecimento, que tem nas pessoas o melhor acervo e que nenhum
sistema pode superar.
Tudo a favor dos planos de aposentadoria das empresas, que permitem que após
anos de contribuição o profissional possa usufruir o que construiu, sem ter que
diminuir seu padrão de vida.
A hora de parar, mudar de ritmo, de carreira, varia de pessoa para pessoa. É
justo que nem todos queiram ou consigam sobreviver por toda a vida num ambiente
cada vez mais competitivo e estressante, mas isso vale para qualquer idade e
depende da resistência física, da motivação e da garra de cada um.
Antes de criar barreiras, toda organização deve questionar seus processos
seletivos e buscar um equilíbrio não só do perfil social, racial e de gênero,
mas também de idade. Só assim estaremos construindo uma sociedade realmente mais
justa.
Pense nas pessoas que você admira profissionalmente, nas que o inspiram e com
quem você aprende. Quantos anos elas têm? Neste caso a diferença de idade
importa? Você daria uma nova oportunidade profissional a elas?
|