Sem sair do sofá, com o controle remoto numa das mãos e na
outra o telefone, o consumidor está equipado para comprar uma infinidade de
produtos anunciados na tevê. Eles são atraentes e basta uma ligação para
adquiri-los sem sair de casa. Toda essa comodidade, no entanto, pode acabar
saindo caro. Produtos com qualidade e eficácia duvidosas, que comprometem a
saúde e desmentem a propaganda podem estar sendo enviados ao consumidor. Isso
quando o produto chega ao seu destino. Muitas vezes, a pessoa faz a encomenda,
tem o valor debitado na conta e não recebe a mercadoria.
Se o produto é vendido como sensacional - com atributos
"mágicos" e "milagrosos" - e você nunca ouviu falar da empresa, a não ser pela
propaganda, desconfie. "A compra pelo telefone é ágil, mas tem de ser
consciente", diz a diretora de atendimento do Procon, Maria Lumena Sampaio.
Mercadorias estrangeiras também merecem atenção. "O consumidor não conhece os
critérios de avaliação de outros países e não tem garantia de estar adquirindo
um item confiável."
O promotor de Justiça do Consumidor Marco Antônio Zanellato
alerta quanto ao perigo dos comerciais que iludem o telespectador, com promessas
tentadoras de emagrecimento rápido, fim da celulite e outras maravilhas. "Na
maioria dos casos, se trata de propaganda enganosa." Zanellato informa, ainda,
que nem sempre o direito da pessoa - de devolver a compra em sete dias porque se
arrependeu (artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor) - é respeitado. "Há
casos em que a empresa vende um certo número de produtos e some sem dar
satisfações."
A dona de casa Itamara Siqueira do Espírito Santo, de 22
anos, não teve tempo sequer de se arrepender. Ela conta que comprou os adesivos
Dermo Patch - que prometem emagrecimento - em maio, depois que viu um comercial
na tevê. "Disseram que eu receberia em 20 dias." Desembolsou R$ 142,50 e até
hoje nunca viu os tais adesivos. Em todas as ligações que fazia, a operadora de
telemarketing reafirmava que a encomenda seria entregue pela empresa Amec, até
que os contatos foram interrompidos. "O telefone só chama e ninguém atende."
O JT tentou entrar em contato com a Amec. No endereço
onde funcionava a empresa, a reportagem encontrou uma casa fechada com cadeado
no portão, na Rua Ministro Rocha Azevedo, nos Jardins. Uma vizinha informou que
a empresa teria se mudado para a Avenida Paulista. A empresa também não estava
no "novo endereço".
Segundo a Assessoria de Imprensa do Procon de São Bernardo,
onde a dona de casa mora, há duas reclamações contra a Amec já registradas. Mas
até ontem, o Procon esbarrava no mesmo problema: falta de endereço e referências
da Amec.