Um levantamento realizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) revelou que
o estresse, em suas mais variadas formas, atinge cerca de 90% da população
global.
Esse quadro está associado ao desenvolvimento de uma série de doenças, como
câncer, depressão, diabetes e principalmente a hipertensão. No Brasil, por
exemplo, 132 mil infartos são causados pelo estresse do dia a dia, conforme
dados do Ministério da Saúde.
Tão suscetíveis quanto qualquer ser humano, os executivos, cujo padrão de
trabalho extrapola as mais recomendadas cargas horárias, acabam por se tornar
alvo fácil desses sintomas. A crença hoje é achar que estar ocupado é sinônimo
de competência.
"Vivemos num mundo globalizado, na sociedade 24 horas onde o tempo tornou-se um
aspecto importantíssimo e “o demais” permeia a vida das pessoas. No entanto,
muita gente confunde agenda lotada com sucesso profissional e competência",
afirma a vice-presidente de projetos da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade
de Vida), Sâmia Simurro.
Segundo Sâmia, alguns psicólogos do Reino Unido levantaram a possibilidade de as
pessoas sentirem necessidade de preencherem toda a sua agenda, por terem medo do
tédio e da solidão em que elas se encontram.
Carreira
Na opinião do presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos, Eduardo
Shinyashiki, ao entrarmos no famoso “piloto automático”, realizamos as mesmas
sinapses e exploramos os espaços de sempre do nosso cérebro, reduzindo a nossa
capacidade mental de raciocínios e reações.
"A longo prazo, todos os prejuízos que poderiam ter sido evitados acabam
resultando em maus resultados na carreira, relacionamentos conturbados e até
mesmo graves doenças. Ou seja, somos obrigados a dar um basta em tudo, em
paralisar os planejamentos e nos afastar daquilo em que despejávamos todos os
nossos esforços e expectativas", afirma.
O que muitos não enxergam é que essa interrupção poderia ter sido evitada, com
um pouco de paciência, empenho e reflexão, observa o especialista.
Trabalho
Para ambos os especialistas, não existe uma fórmula mágica para evitar ou
ignorar situações estressantes. A diferença real está em como encarar as
circunstâncias.
"Acredito que existam várias razões para essa dificuldade. Uma delas é a falta
de compromisso com suas prioridades. Não importa a quantidade de tempo que
dispomos, mas, sim, como estamos utilizando o nosso tempo", avalia Sâmia.
Contudo, essas advertências não estão relacionadas ao desligamento do trabalho,
mas a uma quebra de um ritmo acelerado com as tarefas profissionais.