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Carreira / Emprego - Obrigação de falar bem 

Data: 08/10/2008

 
 

Falar em público de maneira objetiva, clara, desembaraçada e eficiente é uma competência exigida para o bom desempenho de quase todos os profissionais.

Entretanto, para algumas atividades, falar bem é requisito fundamental. Não apenas porque a palavra oral está intimamente ligada às suas funções, mas também pelo fato de existir grande expectativa de que possuam mesmo essa qualidade.

Pense em algumas profissões como a do advogado, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo. Na cabeça da maioria das pessoas, pelas próprias características das atividades que desenvolvem, esses profissionais deveriam ser uma espécie de sinônimo de boa comunicação.

Além das indicações dos próprios clientes e dos artigos científicos que publicam, para divulgar a qualidade do seu trabalho, o psiquiatra e o psicólogo, por exemplo, costumam ministrar palestras e conferências, além de concederem entrevistas para emissoras de rádio e televisão.

Imagine esses profissionais se apresentando de forma hesitante, desconfortável, tímida. Provavelmente, uma das primeiras indagações que faríamos seria: como é que eu vou me colocar nas mãos desse profissional se ele não conseguiu resolver nem seus próprios problemas?!

Da mesma forma o fonoaudiólogo, que trabalha diretamente com a comunicação. Se esse profissional se apresentar falando de maneira defeituosa, sem técnica, por mais competente que possa ser dificilmente passaria credibilidade.

Ocorre que em todas essas profissões que acabei de citar não existe sempre um treinamento ou uma orientação adequada para o desenvolvimento da boa oratória. A maioria sai da faculdade sem ter a mínima noção do que seja falar em público.

Outro sofredor é o advogado. Por estarmos acostumados a assistir a filmes de julgamentos, com duelos espetaculares entre acusação e defesa, construímos a imagem de que todos se expressam com essa mesma facilidade.

Depois há a questão do "DNA". A área do direito sempre foi pródiga em produzir oradores excepcionais, como Waldir Troncoso Peres, Evandro Lins e Silva, Evaristo de Moraes Filho, Márcio Thomaz Bastos, Edilson Mougenot Bonfim, Luiz Flávio Borges D'Urso, só para citar alguns. Para boa parte da população, se alguém milita na advocacia também possui naturalmente essa eloqüência aflorada.

Como sabem que serão julgados também pela qualidade da sua comunicação, muitos costumam se esconder, se esquivar das oportunidades para falar em público, prejudicando assim o futuro de sua carreira.

Pior. Quando se aventuram a fazer apresentações demonstram sua incompetência para enfrentar platéias, frustrando expectativas, decepcionando os ouvintes e projetando a imagem de profissionais despreparados e até desqualificados.

Não foram poucas as vezes que me perguntaram: Professor Polito, como é que esse advogado foi procurá-lo para aprender a falar em público? Essa competência já não deveria fazer parte da profissão dele? Para essas pessoas advocacia e oratória estão intimamente relacionadas.

Por isso, além preparar em meus cursos nos últimos 30 anos advogados dos mais diferentes ramos do direito para falar em público, na semana passada realizei um sonho acalentado há décadas - lancei pela Editora Saraiva o livro "Oratória para advogados e estudantes de direito".

A obra, que também será lançada na Itália, tem a chancela e recomendação expressa da OAB-SP para o uso dos advogados, traz o prefácio do seu presidente, D'Urso; e o posfácio desse que é considerado um dos mais brilhantes promotores de justiça da história do país, Mougenot Bonfim.

É a minha contribuição para essa classe de profissionais com quem também aprendi muito. Aprendi com o exemplo de suas brilhantes apresentações e pela leitura das dezenas de livros com discursos judiciários que orgulhosamente ostento em minha biblioteca.

De tudo o que eu disse até aqui, podemos tirar uma conclusão simples e objetiva: todos devemos falar bem em público, pelos benefícios que essa competência naturalmente pode nos proporcionar, mas alguns profissionais assumem um compromisso ainda maior com a comunicação: eles têm obrigação de falar bem em público.



 
Referência: economia.uol.com
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