Negócios / Empreendedorismo - O desafio da filial
Mais do que alimentar o sonho de ampliar os negócios, uma empresa que deseja
expandir-se precisa de profundo conhecimento do mercado onde pretende atuar,
além de planejamento para apoiar a abertura de uma filial. Essas são algumas das
principais dicas mencionadas por especialistas para evitar que um passo mal dado
pelos empresários comprometa o andamento do novo projeto ou, até mesmo,
prejudique a imagem corporativa.
"É fundamental que quem deseja expandir seus negócios, seja com um projeto
pessoal ou de uma empresa, tenha um sonho. Mas é extremamente importante saber
conciliar sonho e racionalidade", adverte o diretor de Expansão do Grupo Pão de
Açúcar, Roberto Martensen.
Segundo o executivo, se a empresa que aposta em expansão for do segmento de
varejo, a escolha da localização deve pesar muito na decisão de investimento.
Esse detalhe, aliado a uma pesquisa de mercado para traçar um perfil dos
consumidores, será determinante no processo de atendimento às demandas de seu
público-alvo. "A pesquisa pode custar caro, mas trará informações estratégicas,
principalmente, sobre hábitos de consumo, ajudando a evitar equívocos que no
futuro podem causar grandes estragos aos empresários", enfatizou.
Outra dica que pode fazer a diferença entre sucesso e fracasso na área do
varejo, segundo o diretor, é aproveitamento da mão-de-obra da própria região
onde o negócio está sendo instalado. A facilidade de deslocamento entre o
trabalho e suas residências é um fator que reduzirá o nível de cansaço e
estresse dos empregados, o que refletirá de forma positiva no atendimento ao
público. Sem contar que essa decisão de contratação estreita os laços entre a
empresa e as comunidades locais.
"Somadas a essas variáveis, outra questão que precisa ser observada atentamente
é a logística, porque terá reflexos diretos no abastecimento e conseqüentemente
impactos nos custos da empresa", lembra Roberto Martensen.
FILIAL EM TERESINA. Com 19 anos de atuação no mercado de desenvolvimento e
comercialização de softwares, a empresa Alterdata começou suas atividades na
cidade de Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, e atualmente está se
preparando para abrir a vigésima terceira filial, desta vez, apostando na
capital do Piauí, Teresina, onde foi feito um amplo estudo de mercado, segundo o
controller Sandro Parisi.
"Seja no ramo de serviços, no qual atuamos, ou em qualquer outro, não é
aconselhável investir em expansão sem conhecimento do mercado", orienta o
executivo.
Hoje a Alterdata gera 400 empregos diretos e mais de 200 indiretos nas suas 22
filiais e 24 representações espalhadas pelo Brasil e encontrar profissionais
especializados em cada um dos mercados onde está presente é um dos seus grandes
desafios. "Trabalhamos muito para manter esse pessoal todo atualizado já que o
nosso negócio é focado em tecnologia que sofre mudanças freqüentes. Outro
desafio é acompanhar o desempenho das filiais, o alcance de suas metas e outras
estratégias de gestão. Para isso temos uma base de apoio muito boa. Se não for
assim, os resultados demoram muito mais a aparecer", ressaltou Parisi.
Parisi explicou que além das capitais, existem oportunidades em cidades do
interior, onde a população tem nível de renda elevado e capacidade de consumo. A
Alterdata, segundo o executivo, observa essas perspectivas positivas em vários
pólos de desenvolvimento que, necessariamente, não estão somente nos grandes
centros.
Para o advogado Fabio Perrone Campos Mello, Sócio do escritório Campos Mello,
Pontes, Vinci & Schiller Advogados do Rio, que decidiu recentemente investir em
uma filial em São Paulo, a contratação de profissionais locais será fundamental
para garantir uma personalidade própria ao negócio da capital paulista. "Também
temos como prioridade dar autonomia administrativa e financeira à filial para
que ela não fique engessada à matriz", observou.
AUTONOMIA. Tratada como uma célula autônoma, a filial de São Paulo, que começou
com uma equipe de dez profissionais, segundo Campos Mello, deverá ter 30 pessoas
nos próximos seis meses. O advogado carioca enfatizou ainda que no médio prazo
há uma perspectiva de expansão para Brasília, embora a decisão ainda dependa de
estudos mais aprofundados, para avaliar bem a capacidade de atuação na capital
federal a partir de uma base própria.
A advogada Simone Kamenetz, sócia do Kamenetz & Haimenis Advogados Associados
destacou que, na maioria das vezes, os empresários encaram as providências
burocráticas como as maiores dificuldades na hora de abrir uma filial. Para a
especialista, os grandes percalços, no entanto, estão centrados em estudos
prévios de mercado e na análise da capacidade de investimento.
"Para mim o grande problema é manter o mesmo padrão de atendimento da matriz e
trabalhar em cima de planejamento para que a expansão não prejudique o negócio
principal. As questões burocráticas e jurídicas podem ser resolvidas com a
contratação de um advogado especializado, mas o sucesso do negócio vai depender
de muita análise", destacou.
A advogada que tem acompanhado inúmeros processos de expansão de empresas contou
que já viu casos como o de um empreendedor que precisou fechar a filial um ano e
meio depois de aberta. O prejuízo ocorreu porque o negócio, mal planejado,
exigiu recursos financeiros e deslocamento de pessoal da matriz, além de ter
causado estragos à imagem corporativa.
NA HORA DA EXPANSÃO…
É preciso conhecer com detalhes o mercado onde a empresa pretende atuar
Escolha profissionais qualificados e identificados com a filosofia da empresa
Valorize a mão-de-obra local
Garanta autonomia na gestão, mas mantenha contato permanente entre matriz e
filial
Contrate advogado especializado na área apara orientar nas exigências
específicas
Avalie com cuidado a localização das instalações
Garanta recursos financeiros para apoiar a expansão, com base em planejamento
Estabeleça metas de retorno do investimento e estratégias para alcançá-las
Não deixe que problemas na filiais sobrecarreguem a matriz
Referência:
sebrae-sc.com
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