Finanças pessoais - Crédito e consumo: hábitos dos brasileiros são barreiras à educação financeira
A tarefa de educar financeiramente a população brasileira encontra barreiras
em comportamentos dos próprios consumidores. "A compra por impulso é o hábito
mais difícil de ser eliminado", afirmou a superintendente de Produtos e Serviços
da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Roseli Garcia.
De acordo com ela, excluir o hábito da compra por impulso é difícil porque não é
uma questão ligada apenas à educação, mas também a outras variáveis mais
complexas. Em alguns casos, pode estar associada a um fator psicológico.
Outra barreira é o fato de o brasileiro considerar apenas as grandes contas e
excluir os pequenos gastos realizados diariamente. "Não há, por parte do
consumidor, uma consciência da somatória dos pequenos gastos. Este hábito de
procurar manter um registro, ele não tem", afirmou a superintendente.
Busca por consumo consciente
Pesquisa realizada pela ACSP revelou que apenas 19% dos mais de mil
entrevistados reconheciam empresas que orientavam sobre o consumo consciente.
Desta amostra, 19% já utilizaram estes serviços de orientação ao consumo
consciente.
Já entre todas as pessoas entrevistadas, 57% disseram ter intenção de usar o
serviço. "O consumidor também tem que fazer a parte dele", disse Roseli.
Educação ao crédito consciente
Quando o assunto é a educação ao crédito, Roseli afirmou que o brasileiro está
melhorando sua relação com os financiamentos, uma vez que a concessão cresce,
mas a inadimplência está em níveis aceitáveis. "Isso significa que o brasileiro
não está exercendo maus hábitos na hora de contratar crédito. O problema é que
ele é alvo de uma super oferta. É seduzido a gastar além do que deveria".
Diante disso, a responsabilidade pelo crédito consciente também recai sobre quem
concede. De acordo com o diretor-executivo da Cetelem, Franck Vignard Rozes, as
instituições precisam aprender a dizer não aos clientes. "Hoje, 30% dos pedidos
de crédito são recusados no mundo".
A superintendente e o diretor-executivo falaram durante o C4 (Congresso de
Cartões de Crédito ao Consumidor), no painel intitulado "O uso consciente do
crédito: o desafio de educar 200 milhões de brasileiros para utilizar os
recursos disponíveis".
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