Saber trabalhar bem em equipe é uma das habilidades mais valorizadas no
ambiente corporativo. Gerar conflitos interpessoais no mundo profissional sempre
foi uma questão delicada, mas e se, por exemplo, o(a) colega de trabalho fica o
dia todo navegando em redes sociais ou no telefone discutindo com a(o)
namorada(o), você deve falar com o chefe e correr o risco de ser taxado de
fofoqueiro ou é preferível não se manifestar?
A resposta para essa questão, assim como para muitas outras tão delicadas
quanto, é depende. Se, por um lado, ninguém quer passar por delator, dependendo
do que estiver ocorrendo, ficar quieto será ainda pior para sua imagem, já que
pode parecer que você está compactuando com a situação.
A sugestão da coach e consultora de gestão de carreira e imagem Waleska
Farias é que o profissional seja o mais criterioso possível ao avaliar a
situação. A primeira pergunta que ele deve fazer para si mesmo é: o
comportamento do meu colega está efetivamente atrapalhando o desempenho da
equipe e, consequentemente, a entrega e qualidade do trabalho?
Mesmo que a resposta seja positiva, Waleska recomenda que o profissional
tente algumas alternativas antes de se dirigir ao superior. O comportamento mais
indicado é abordar o assunto, de maneira genérica, em reuniões com os
componentes da equipe. Perceba que desta forma você não se indispõe com ninguém
e pode resolver o problema rapidamente.
No entanto, se você levantou o assunto, mas seu colega não entendeu que o
recado era para ele e continua insistindo no comportamento inadequado, prefira
conversar diretamente com ele ainda antes de recorrer ao chefe. “É uma atitude
mais simpática, digna e mostra que você está dando uma oportunidade para seu
colega”, pondera Waleska. Lembre-se de que o trabalho é em equipe, ou seja, é
mais coerente tentar resolver sem a participação do superior.
A reclamação realmente faz sentido?
Os problemas que podem ocorrer no ambiente de trabalho são inúmeros, mas a
sugestão que deve ser levada em consideração, independentemente do que for, é
avaliar bem a reclamação que se pretende fazer. Isso quer dizer basicamente que
o profissional tem de ter muito cuidado, ao julgar o comportamento do colega.
Waleska cita casos em que colaboradores são vistos pelos seus pares como
antipáticos e que não querem colaborar com a equipe, mas na realidade são apenas
pessoas tímidas e introspectivas que se preocupam, sim, com o desempenho da
equipe. Muitos julgamentos são baseados em fofocas e comentários gerais que nem
sempre correspondem à verdade.
Mas, se você checou e está certo de que a atitude do seu colega não está
correta, faça as seguintes perguntas: por que eu quero falar daquele
profissional? O comportamento inadequado é constante? E, o mais importante, o
desempenho da equipe está realmente sendo afetado?
Lembre-se de que certos comportamentos podem afetar de diversas maneiras a
equipe. Por exemplo, é imprescindível tomar uma atitude, se seu colega de
trabalho passa o dia todo no telefone, tratando de assuntos pessoais, ou em
redes sociais, e, por conta disso, não consegue terminar o trabalho em tempo
hábil, fazendo com que seu chefe, para compensar, acabe passando mais trabalho
para você.
Vale destacar que, seja por medo de se comprometer, seja por medo de gerar
conflitos, muitas pessoas preferem assumir a sobrecarga de trabalho, porém,
Waleska alerta: “essa não é uma atitude profissional”. Ser omisso é um traço de
personalidade que as empresas não valorizam, já que mostra que o profissional é
inseguro e não tem coragem de se impor.
Assim como Waleska, a coordenadora de consultoria da Ricardo Xavier Recursos
Humanos, Veridiana Germano, concorda que os profissionais avaliem bem a
situação, antes de decidir qual atitude tomar. Veridiana ainda lembra que, em
casos mais graves, como assédio moral, sexual ou mesmo preconceito, não há o que
discutir: os superiores devem imediatamente ser comunicados.