Carreira / Emprego - Sobrevivendo na era do não-emprego: o que o mercado espera de você?
Quando as primeiras empresas estrangeiras se instalaram no Brasil, os
profissionais eram contratados e dali não saíam mais. Mas a relação paternalista
entre empregado e empregador que existiu, até pouco tempo atrás, acabou. Com a
competitividade entre as empresas ficando cada vez mais agressiva, não há mais
tempo a perder com funcionários pouco produtivos ou criativos.
Como tudo mudou
Para o consultor, apesar da queda do desemprego ocasionada pela melhora da
economia, existe cada vez menos emprego tradicional, aquele com horário a ser
cumprido de forma rígida e registro em carteira, por exemplo.
"De acordo com a última pesquisa do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística], 19,7% da população não são mais guiados pela CLT". Assim,
surgem os autônomos, os consultores e os profissionais que prestam serviços
esporadicamente. "A tendência é que o mercado dê cada vez mais espaço a
prestadores de serviços e menos a empregados".
Os motivos apontados por ele para a mudança são:
- Encargos trabalhistas altos. "É caro para uma empresa manter um
funcionário", lamenta Mocsányi;
- A necessidade de capacitação profissional extrema. "Os profissionais
devem apresentar uma performance altíssima, daí a necessidade de estarem
sempre atualizados. Não dá mais para ter um amador nas áreas de Finanças,
Recursos Humanos ou Marketing";
- A pressão exercida, que se dá de fora para dentro. "Não há segmento que
não enfrente concorrência. Existe uma necessidade geral de reduzir custos e
prazos";
O problema é que, apesar das mudanças constatadas em pesquisas e estudos, muitas
faculdades continuam formando profissionais para procurar emprego, e não
trabalho. "Com isso, o problema se torna cultural", diz o consultor. Talvez,
alguns professores inseridos na academia e afastados do mercado de trabalho
deixem de passar para os alunos a realidade atual.
Por outro lado, na opinião do supervisor acadêmico do Centro Universitário Belas
Artes, Alexandre Estolano, muitos jovens já não estão mais em busca de um
emprego invejável, mas de um bom trabalho. E, vez ou outra, eles escutam alguém
falar da importância de ser empreendedor.
O que é ser empreendedor?
Está escrito no dicionário Michaelis que empreendedor é um adjetivo daquele "que
empreende, que se aventura à realização de coisas difíceis ou fora do comum, que
é ativo e arrojado".
Podemos concluir que empreendedor não é apenas aquela pessoa que dirige o
próprio negócio, mas também quem se arrisca e, diferentemente do que faz a
maioria dos profissionais, busca uma maneira inusitada de realizar as coisas, de
trabalhar. Isso significa que o prestador de serviços e os autônomos são tão
empreendedores quanto os empresários.
Ter uma atitude empreendedora se tornou essencial nos dias de hoje, em um
mercado de trabalho cada vez mais protagonista de uma redução das formas
tradicionais de trabalho, por uma necessidade de diminuição de custos nas
empresas, como já foi citado.
O que o mercado espera dos jovens?
Os jovens precisam sair da faculdade preparados para buscar fontes alternativas
de renda. É possível que eles não encontrem nenhum emprego formal, mas se
deparem com muito, muito trabalho! No Centro Universitário Belas Artes, os
alunos do curso de Design têm aulas de empreendedorismo, enquanto os estudantes
de Moda aprendem sobre administração e marketing.
Já os aspirantes a arquiteto, atualmente, aprendem mais do que simplesmente
desenhar. Eles aprendem a administrar projetos, o que inclui a compra dos
materiais; a contratação da mão-de-obra; o conhecimento da legislação, tendo em
vista o plano diretor urbano de cada município; e a administração do dinheiro
que dispõem para a obra.
Existem vantagens e desvantagens de trabalhar por conta própria, mas isso
depende das características de cada um. Por exemplo, quem trabalha em uma
empresa precisa cumprir horário e, geralmente, não pode chegar atrasado. Para
alguns, isso é péssimo, para outros, é bom negócio.
"Algumas pessoas têm mais disposição para trabalhar com autonomia e liberdade,
porque administram melhor seu tempo quando não há regras rígidas", explica
Estolano, do Belas Artes. Existem, porém, aqueles que não possuem autodisciplina
suficiente e se perdem quando ninguém mostra o que é para ser feito.
O que se espera dos mais experientes?
As pessoas precisam aprender a se vender. "O profissional precisa começar a ser
ver como uma mini-empresa, um produto a ser vendido no mercado. No supermercado,
costuma-se priorizar os produtos conhecidos. No mercado de trabalho também é
assim. Ser conhecido é importante, graças ao boca-a-boca. As empresas contratam
alguém porque ouviram falar, porque leram um artigo ou porque um amigo indicou.
E esta é a realidade de todas as áreas. Serve para médicos, advogados,
engenheiros, economistas...", afirma Mocsányi.
"Dê palestras, ainda que gratuitamente, participe de congressos e feiras,
escreva artigos, crie um site sobre seu trabalho, escreva um livro, ministre
cursos. Você precisa estar na vitrine do mercado. Já que vive disso, invista
tempo e dinheiro em marketing pessoal, todo dia. Quando surgir alguma
dificuldade em uma empresa, alguém vai lembrar de você", explica o consultor.
Por fim, ele recomenda que o profissional independente tenha muito controle
sobre as próprias finanças, pois quem trabalha por conta própria não tem salário
fixo, nem recebe todos os meses.
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