Seu trabalho foi finalmente reconhecido e sua fama ultrapassou os muros da
empresa em que trabalha. Quando menos esperava, recebeu um convite para
trabalhar na concorrente. O salário é maior, mas o que ponderar para dizer um
'sim'?
De acordo com o sócio da Search Consultoria em Recursos Humanos, Marcelo Braga,
quando faz mudança entre empresas, a maioria dos profissionais pensa na
remuneração, o que está errado: a chance de crescimento e o ambiente de trabalho
devem ser analisados.
No caso específico de uma empresa concorrente, ainda tem um ponto a ser
considerado. "A pessoa já entende do negócio e sabe que fará o que gosta. Mas,
qual o momento que a concorrente está vivendo. É de manutenção do negócio? De
crescimento ou de diminuição do ritmo?", indagou Braga.
Depois de responder a esta pergunta, analise qual o seu perfil profissional.
Isso porque, segundo o sócio da consultoria, imagine a seguinte situação: você é
uma pessoa que adora novidades, que está sempre criando, mas a empresa está num
processo de manutenção das atividades, sem previsão de crescimento e, além
disso, é conservadora. É provável que a troca não o agrade.
Decidiu que vai mudar: como comunicar?
Se você decidiu que realmente vai mudar para a concorrente, diga o mais rápido
possível para a empresa em que trabalha. "Informe o chefe imediato. Se fecha o
contrato e demora a comunicar, deixa insegurança na empresa atual: estava aqui
com contrato fechado, será que passava informações? Avise no primeiro momento
que puder".
Chegada na empresa: o fluxo de informações
Se vai mudar de empresa, cuidado com as informações que têm em mãos. "A ética
está acima de tudo. Se vai para a concorrente, não quer dizer que tem que
carregar tudo para ela".
Mesmo porque, segundo Braga, o recém-contratado pode ficar mal visto. Afinal,
você acaba de chegar na empresa e já abre as informações daquela em que
trabalhava: quem garante de que não irá fazer isso com a companhia atual?
Por isso, é prática do mercado que as empresas exijam, dos profissionais de
ponta, que assinem um contrato no qual eles são obrigados a guardar sigilo sobre
determinados dados. Quando são cargos mais técnicos, pode ser que a empresa não
esteja em risco e, então, ela não faz este tipo de acordo.
Não se acostumou: quer voltar para a empresa?
Você decidiu que queria sair, mas, depois de um tempo, achou vantajoso voltar
para a empresa na qual trabalhava: como é vista esta prática no mercado?
"Algumas vezes isso acontece, mas não é recomendável", explica Braga.
Para quem recontratou, fica a impressão de que a pessoa foi a mando da empresa
para buscar algumas informações. Além disso, quem havia contratado acaba se
sentido usado. Mesmo assim, existem situações justificáveis.
É o caso de, por exemplo, a companhia em que está passar por problemas e ter que
readequar o quadro de funcionários. Depois disso, passa por um processo de
recuperação e, então, resolve trazê-lo novamente.
Contratar do concorrente: prática entre executivos
De acordo com Braga, a contratação de um funcionário pelo concorrente é mais
comum quando se fala em cargos executivos. "Quanto maior o cargo, menos técnico
é o profissional e mais conhecimento de negócios ele tem. Conhece o mercado, a
concorrência", diz o sócio da consultoria, complementando que essas informações
são as que fazem a diferença.