Pesquisa realizada pela UnB (Universidade de Brasília) revelou que quem manda
não sabe com clareza qual é o conceito de assédio moral no ambiente de trabalho.
De acordo com o autor da pesquisa, Antônio Martiningo Filho, o fato de os
líderes não conhecerem o conceito claramente está ligado a uma posição tímida da
empresa em relação aos abusos. "É de extrema importância que as pessoas saibam
qual é a posição da organização sobre o assunto", afirmou.
A pesquisa faz parte da dissertação de mestrado "Assédio moral e gestão de
pessoas: uma análise do assédio moral no trabalho e o papel da área de gestão de
pessoas".
Definição
Os gestores entrevistados disseram que metas muito altas e pressão por
resultados se enquadram em assédio moral. Já para o pesquisador, o abuso se
caracteriza pela intenção de prejudicar e pela repetição. "São ações
discriminatórias dirigidas a uma pessoa em específica com o intuito de separá-la
do grupo, e podem acontecer de várias formas", disse.
Dentre elas, estão excluir o funcionário de uma reunião importante, estipular
metas inalcançáveis somente para um profissional, fazer críticas públicas e,
também, ofendê-lo devido a sua condição física ou orientação sexual.
É mesmo assédio?
A pesquisa de Martiningo foi realizada com gestores de um banco público. Neste
caso, o pesquisador identificou que muitos líderes disseram que os funcionários
se utilizam do assédio moral para conseguir transferências para instituições de
outros estados, mais próximos de casa.
Opiniões à parte, o que o pesquisador revelou é que nem sempre quem se sente
assediado está com a razão. Isso porque algumas pessoas menos motivadas para o
trabalho podem se sentir impelidas e alegar assédio quando outro profissional
chama a atenção na tentativa de estimulá-las.
Quando é detectado mesmo o assédio, não é somente a pessoa-alvo que acaba sendo
afetada, mas toda a equipe. Os outros profissionais ficam com o pensamento de
que 'no dia seguinte, posso ser eu', o que faz com que percam a motivação e a
confiança.