Investimentos / Fundos - Conservador ou ousado? Conheça seu perfil antes de aplicar em títulos do Tesouro
Com maior atratividade em tempos de volatilidade nos mercados de renda
variável, aplicar em títulos públicos do Tesouro Nacional nunca foi tão
tentador. A promessa de retorno certo após determinado tempo atrai desde os mais
conservadores até os mais agressivos. Entretanto, renda fixa não é sinônimo de
investimento completamente isento de riscos.
Frente à gama de categorias e tipos de títulos oferecidos, não são raros os
casos de investidores que se atrapalham e optam por aplicações que destoam de
seu perfil. Saber qual a sua propensão ao risco, qual a sua necessidade de
retornos periódicos e qual o montante a ser aplicado são algumas das questões
essenciais na hora de escolher os títulos que mais lhe adequam, a fim de que
surpresas desagradáveis sejam evitadas.
Risco e indexador
A priori, o apetite ao risco é o primeiro elemento que deve ser levado em
consideração pelos investidores. É preciso estabelecer qual tipo de aplicação,
pré ou pós-fixada, mais se enquadra no seu perfil de risco. A principal
diferença é que, em um título pré-fixado, o investidor já sabe qual será a
rentabilidade, desde que mantenha o papel até o seu vencimento, enquanto no caso
dos pós-fixados, não existe forma de saber antecipadamente qual será o retorno,
já que ele depende de fatores que ocorrem após o momento da aplicação.
Identificado seu perfil em tal quesito, a próxima grande questão que se projeta
é qual será o indexador de seu título: juro ou inflação. Para aqueles mais
aflitos com a iminência de um aperto monetário do que com o crescimento das
pressões inflacionárias, o título mais indicado é o das LFT (Letra Financeira do
Tesouro Nacional), vinculadas à taxa Selic.
Trata-se do título de perfil mais conservador dentre os oferecidos pelo Tesouro,
muito procurado quando se espera uma trajetória de alta na Selic. No entanto, o
fluxo de recebimento dos juros das LFT é simples, composto apenas por uma
aplicação e um resgate. Isto significa que o investidor que escolhe tal papel
recebe o pagamento de juros apenas na data de vencimento do título. Desta forma,
as LFT são pouco adequadas para aqueles que necessitam do ingresso periódico de
juros, muitas vezes para reaplicação em outros títulos ou investimentos.
Inflação também pede atenção
Ainda no âmbito dos títulos pós-fixados, estão as NTN-B (Notas do Tesouro
Nacional - Série B), indicadas para aqueles que objetivam proteger seu capital
de variações bruscas na inflação, por serem indexadas ao IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo). Assim como as LFT, as NTN-B principais apresentam um baixo
perfil de risco e um fluxo de pagamento de juros simples.
Por sua vez, as NTN-B tradicionais se adequam àqueles que não querem correr
grandes riscos, mas que precisam garantir uma renda semestral, além do principal
na data de vencimento do título. Em contrapartida, tais aplicações possuem
custos de transação maiores do que as NTN-B principais.
Aos mais ousados
Esqueça tudo acima se o seu perfil é o de um investidor mais arrojado, propenso
a correr certos riscos em prol da possibilidade de uma rentabilidade maior.
Neste caso, as indicações são para os títulos pré-fixados, pelos quais se sabe
exatamente o retorno a ser obtido caso a aplicação seja mantida até a sua data
de vencimento.
O risco consiste justamente na possibilidade de variações no juro básico e na
inflação. Com pagamento semestral de juros, os títulos NTN-F (Notas do Tesouro
Nacional - Série F) são um dos mais arriscados, assim como as LTN (Letras do
Tesouro Nacional), que também são pré-fixadas, mas com fluxo de pagamento de
juros simples.
Diversifique e atente para as condições do mercado
Mais do que conhecer o seu perfil como investidor, seja este ousado ou
conservador, atentar para as condições do mercado é sempre uma prerrogativa
válida para qualquer investimento, em renda fixa ou variável.
Nesse sentido, ficar atento às pressões inflacionárias no Brasil, assim como à
trajetória da política monetária doméstica, é essencial. Como em qualquer tomada
de decisão na hora de investir seus recursos, a diversificação de ativos, e a
conseqüente pulverização de risco, é sempre aconselhável.
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