O primeiro mês de trabalho é o momento em que, além de ser avaliado pelo
resto da equipe, você precisa conhecer seus chefes e colegas. Também tem de se
adaptar à cultura da nova empresa. Nesta fase, apesar de algumas gafes serem
compreensíveis e perdoáveis, há atitudes que podem colocar tudo a perder. Para
ajudar você a passar ileso por esta etapa, o Universia conversou com
diversos consultores de carreira e analistas de RH (Recursos Humanos) para
identificar os erros que devem ser evitados. Confira!
Ser impontual
"A pontualidade não envolve apenas o horário de entrada e saída de um
funcionário de uma empresa - o que é óbvio -, mas todas as atividades que o
empregado desempenha dentro de uma companhia. É preciso ser pontual com o
cumprimento de prazos e metas. Respeitá-los mostra o grau de interesse do
indivíduo com seu trabalho. A falta de pontualidade caracteriza um profissional
irresponsável e, sobretudo, descomprometido."
Karine Paiva Muller, psicóloga de seleção especial do CIEE-RS (Centro de
Integração Empresa Escola do Rio Grande do Sul)
Ser desorganizado"Depois de contratadas, há pessoas que relaxam e não
se preocupam com a organização. Hoje, a maioria das empresas utiliza mesas
compartilhadas, não salas individuais. A mesa, portanto, é seu cartão de
visitas. Se o indivíduo deixa sua mesa bagunçada, o chefe pode interpretar que
sua maneira de conduzir o trabalho também será uma bagunça. Além disso, a
desorganização também pode comprometer a produtividade do trabalhador. Um
funcionário que aprende uma nova tarefa, caso não seja organizado e tome nota do
que deve fazer, fatalmente não lembrará como executá-la.
Evelyn Franco Lemos, coordenadora geral de seleção do Nube (Núcleo
Brasileiro de Estágios)
Expor-se em excesso"Ao entrar numa nova empresa, o recém-chegado ainda
não sabe em quem pode ou não confiar. É necessário sentir o ambiente, saber quem
é quem e conhecer as pessoas antes de fazer qualquer tipo de comentário. Muitas
vezes, pessoas extrovertidas tendem a chegar ao novo ambiente de trabalho e
acabam por falar o que não devem, sem medir suas palavras, na tentativa de fazer
novas amizades. É claro que fazer marketing pessoal é importante, mas deve-se
usar o bom senso. Pessoas que cometem esse erro ficam marcadas para os chefes
como não confiáveis, passam a imagem de que podem causar intrigas e fofocas
futuras. Com a falta de confiança dos chefes, o empregado dificilmente será
indicado para uma promoção, o que pode prejudicar seu desenvolvimento
profissional. Muitas vezes, o funcionário que sabe fazer um bom marketing
pessoal pode não ser o funcionário mais qualificado para a promoção, mas como
ele tem a confiança de seus superiores, será o indicado."
Érika Migliano, consultora de planejamento de carreira da Manager -
Assessoria em Recursos Humanos
Abusar de linguagem
informal"É preciso tomar cuidado com a linguagem utilizada num
ambiente empresarial. Trata-se de um ambiente formal que exige um vocabulário
mais culto. Isso não significa que ninguém nunca poderá utilizar uma gíria, mas
é preciso ter cautela para que ela não apareça com freqüência em seu discurso.
Outro cuidado a ser observado é tom de voz. Como o espaço de trabalho entre um
colega e outro é limitado, falar alto pode atrapalhar quem está perto de você,
além de conturbar o ambiente."
Ana Paula Furlan, psicóloga e recrutadora de recursos humanos da Fundação
Mudes
Ignorar a cultura da empresa
"Ao começar em um novo emprego, muitos se sentem instigados a mostrar serviço
e competência logo de início. Não faltam idéias inovadoras e propostas de
mudança a fim de melhorar a rotina da equipe e os resultados da companhia.
Cuidado: sugerir mudanças quando mal se conhece a cultura organizacional pode
gerar fortes resistências por parte dos novos colegas. Cada empresa tem uma
forma de funcionar. É preciso que o novo profissional conheça o ambiente antes
propor inovações. Uma empresa nunca é igual à outra, ainda que sejam do mesmo
setor. Por isso, de nada adianta fazer comparações com o antigo ambiente de
trabalho. No primeiro mês, é importante se integrar com sua nova equipe e
procurar entender os valores do grupo. Aos poucos, será mais fácil propor
mudanças e contribuições mais apropriadas à estrutura da organização."
Péricles Pinheiro Machado Júnior, diretor de pesquisas e desenvolvimento
do IDH (Instrumentos de Desenvolvimento Humano)
Adotar postura inflexível
"O primeiro mês de emprego é uma fase de aquisição e análise para o
empregado. É importante levar à empresa suas expectativas e convicções, mas
repetir comportamentos é um hábito que deve ser evitado. Essa fase serve para
que o recém-chegado também possa aprender. Um novo empregado não deve
desenvolver uma atividade da maneira com a qual já estava acostumado, mas
modelá-lo de acordo com a nova empresa. Ser inflexível às mudanças pode ter uma
conotação negativa para a organização. Por isso, o candidato deve se preocupar
em ter abertura para novos métodos de trabalho, isso também o ajudará a
compreender melhor o ambiente."
Bernardo Leite Moreira, consultor da Estratégia Consultoria de Recursos
Humanos
Isolar-se dos colegas
"Ao chegar numa nova empresa é importante que o funcionário não se isole.
Ainda que o novo empregado assuma uma função para qual há inúmeras tarefas
pendentes, não adianta se trancar na sala para dar conta do recado. Vale a pena
sair para almoçar com os colegas e pedir o apoio quando necessário. Criar uma
barreira com o restante da equipe demonstra insegurança, prejudica a
sociabilidade e a comunicação com a nova equipe. É importante que o novo
empregado recorra a seus colegas quando tem uma dúvida, que ele troque idéias
para se familiarizar com o novo ambiente e até descobrir como novas tarefas
devem ser desenvolvidas. Dessa maneira, ele transmite à equipe e aos chefes a
imagem de um profissional que não tem medo de perguntar o que não sabe e que
entende o significado de estar inserido numa equipe para atender mais facilmente
às expectativas dos superiores."
Diego Delpiano, gerente de recursos humanos da Basf,
Demonstrar desinteresse em aprender"Algumas empresas dão a ilusão de
um sucesso rápido para seus funcionários. Essa rapidez, porém, não é real, o que
pode causar frustração no novo empregado. Mesmo assim, ele não pode demonstrar
desinteresse pelo aprendizado. Os primeiros momentos da nova função servem para
que o novo funcionário compreenda as regras do lugar, entenda quais são as
expectativas que os superiores têm do seu trabalho e defina até onde há
disposição para contribuir com a empresa. Ao mostrar-se desinteressado em
aprender como devem ser feitas suas tarefas, o funcionário causa um desanimo nos
chefes, que procuram por resultados, e não se interessam por desenvolver o novo
funcionário."
Carmem Lúcia Arruda Rittner, psicóloga organizacional e do trabalho e
professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
Ser indisponível"No primeiro mês de emprego não é aconselhável que o
profissional deixe de atender uma ordem ou pedido que lhe é feito. Essa regra
também se aplica ao não-atendimento do telefone, ou no uso freqüente do celular.
Se o empregado usa o celular com certa freqüência, deve saber quando desligá-lo.
Ao entrar em reuniões ou atividades que precisem de concentração, é aconselhável
que o funcionário mantenha o aparelho desligado para não perder o foco da
atividade. Na visão de um chefe, quem deixa de atender ordens ou não pára de
conversar ao telefone, mostra-se indisponível e demonstra má vontade para
executar as tarefas de seu dia-a-dia corretamente."
Ana Maria Logati Tositto, professora e psicóloga da área de orientação
profissional da Uniara (Centro Universitário de Araraquara)
Não ter controle emocional"Quando o profissional começa num
novo emprego, a ansiedade o invade por querer saber se desempenha suas tarefas
da maneira que esperavam. Isso faz com que o funcionário perca a segurança, já
que a ansiedade é um sentimento natural. O que é necessário que seja aprendido é
ter e manter equilíbrio emocional, característica que hoje é muito valorizada
nas empresas. No geral os chefes dão retorno ao funcionário, mas essa resposta
pode demorar um pouco. É por isso que o empregado deve aprender ter o controle
de suas emoções, já que a ansiedade pode prejudicar sua produtividade e a faz
perder o foco do trabalho, o que pode passar uma imagem de insegurança."
Sonia Rios, consultora empresarial da área de gestão estratégica de
recursos humanos e consultora da Rabaglio Educação Empresarial