Carreira / Emprego - Emoções em ordem: cresce busca de profissionais do setor financeiro por terapia
Um mercado sazonal, que provoca incertezas sobre o futuro e, principalmente,
ansiedade nas pessoas que estão ligadas a ele. É assim que é determinado o setor
financeiro, que, devido a essas características marcantes, tem levado
profissionais que trabalham em bancos, nas corretoras e na gestão de recursos,
por exemplo, a buscar terapia.
De acordo com a mestre em psicologia pela USP (Universidade de São Paulo) e
vice-presidente da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), Sâmia
Simurro, essa procura pelo tratamento se dá pela cobrança que ocorre no mercado
financeiro. "Eles sentem pressão por ser uma competitividade muito grande.
Quando não conseguem cumprir as metas, ficam com a sensação de incompetência e
insegurança".
Bolsa agitada
Já para o sócio da A2Z Consultores, Felipe Assumpção, a maior busca dos
profissionais do mercado financeiro pela terapia pode ser explicada pela intensa
movimentação que marcou o ano de 2007. "As responsabilidades e compromissos com
metas e resultados cresceram, pois a concorrência e a competitividade ganharam
impulso no ano passado", afirmou.
Ele ainda disse que os executivos de alto escalão passaram a enfrentar novos
desafios, como, por exemplo, o impressionante número de empresas que abriram
ações em bolsa. Isto eleva, conseqüentemente, o grau de responsabilidade e
compromisso dos executivos, diante de acionistas e da sociedade.
Para se ter uma idéia, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) movimentou,
pela primeira vez na história, mais de R$ 1 trilhão no ano de 2007. Para
explicar tal evolução, vale ressaltar a popularização do mercado de ações ao
longo do ano, com um expressivo avanço da procura dos investidores individuais,
principalmente, de classe média, além do forte fluxo de investimentos
estrangeiros.
Busca aumenta, mas é tardia
Ainda segundo Sâmia, a procura tem aumentado, mas infelizmente ela só ocorre
quando o problema está chegando a um nível insuportável. "Não que os
profissionais do setor financeiro estão buscando de maneira preventiva, mas
porque estão adoecendo".
Os sintomas do distúrbio emocional, provocado pela pressão do mercado
financeiro, são sentidos fisicamente. Entre eles, estão dificuldades para
relaxar e para dormir, problemas de pele e dor de cabeça constante. "Esses são
os sintomas que desenvolvem doenças como hipertensão e gastrite e outras mais
graves, como as cardíacas".
Neste caso, a questão é ter um bom equilíbrio emocional e saber dizer não às
muitas atividades do dia-a-dia. "O excesso de tensão provoca a queda na
produtividade e na criatividade para resolver os problema. Um trabalho de
controle é importante quando o profissional perceber que a produtividade está
caindo". Além disso, Sâmia indica algumas válvula de escape saudáveis:
- Beber muita água, ao invés de comer muito, como fazem as pessoas
ansiosas. Dependendo da forma como ela é tomada, pode até acalmar a pessoa.
Além disso, só de sair para tomá-la desfoca um pouco do problema;
- Fazer pequenas pausas, também ao longo do dia. As pessoas antecipam
muito os problemas e focam no "aqui e agora"; assim, sofrem por antecipação,
o que gera ansiedade;
- Pratique exercício físico: já é comprovado que ele ajuda no emocional.
Mas faça atividades regulares e não excessivas, que são aquelas que acabam
por prejudicar o corpo.
O que esperar da terapia
Quando as pessoas se dirigem à psicoterapia é porque estão fragilizadas e
desorganizadas emocionalmente, por causa da pressão, da competitividade ou da
ansiedade. O objetivo da terapia, por sua vez, é fortalecer o lado psicológico
da pessoa, para que elas tenham coragem de tomar decisões.
Além disso, a psicoterapia mostra alternativas para a ansiedade e elimina um
sentimento que as pessoas sentem muito: a culpa. "Tem a função de aliviar as
cargas emocionais depositadas por clientes, pela família, pela empresa".
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