Carreira / Emprego - Crise na empresa e corte de funcionários: aprenda a sobreviver
Você já ouviu essa história antes: a empresa está em crise financeira e
decide cortar gastos. O problema é que, muitas vezes, essa redução de despesas
implica em demissão de funcionários, principalmente dos mais antigos, com
salários tidos como 'altos demais'. Existe uma maneira de sobreviver quando se
está no centro do furacão?
A resposta é: depende. A visão da empresa irá determinar quem sai e quem fica.
Se o corte for realizado sem método, sem análise alguma, todos correm risco: do
melhor ao pior funcionário. No entanto, se o empresário optar por levar em conta
o trabalho realizado por cada profissional e seu valor, sim, é possível
sobreviver e até, quem sabe, receber uma promoção.
Como sobreviver
Para o consultor do IDORT/SP, Luiz David Carlessi, especialista em processos
de mudança e desenvolvimento de habilidades e atitudes gerenciais, as empresas
contratam as pessoas na expectativa de que elas possam apresentar não os
problemas, mas as soluções, as alternativas para melhorar os processos da
empresa e os resultados.
Portanto, levam vantagem os profissionais que inovam a cada dia, propõem
mudanças, são proativos, sabem trabalhar em equipe, interagem bem com todos, e
procuram ampliar suas competências, por meio de capacitação. "Se fizer tudo
isso, o colaborador irá agregar valor ao seu trabalho e se tornará um
funcionário importante para a organização", explica.
Além disso, ele lembra da importância de ter um bom networking dentro da
empresa, em todos os departamentos, e fora. "Se tiver uma boa relação com as
pessoas da empresa, no lugar de ser dispensado, o colaborador em a chance de ser
transferido de área, desde, é claro, que tenha demonstrando competência ao longo
de sua carreira na empresa", alerta.
O que não fazer
Investir no bom relacionamento dos decisores e exagerar na dose, apenas para
não ser cortado, é uma idéia ruim, na opinião do consultor do IDORT/SP. "Ter uma
relação mais próxima com chefes pode ajudar, porém de uma forma negativa. Quando
o processo de demissão em massa acabar, os colegas irão, certamente, comentar:
'Fulano não foi embora porque é amigo do chefe'. O clima hostil é inevitável. E
o gestor ainda causa um impacto negativo na equipe que restou", avalia.
Sucesso e medo de demissão
Para Carlessi, os profissionais devem mudar radicalmente a forma de pensar,
não somente para evitar o sofrimento no caso de uma demissão, mas também para
garantir uma carreira de sucesso. "O mundo corporativo está mudando. As pessoas
devem acordar e ir trabalhar todos os dias como se fosse o último dia. Deve
questionar sempre: 'Será que se eu mudar daqui, vão sentir minha falta?'", diz.
Outro erro é transpor o papel de família aos colegas de trabalho, e o de casa à
empresa. "Já ouvi falar de gente que diz que a empresa já faz parte de sua
família. Mas esse é um erro! Esse pensamento pode até causar depressão em
funcionários mais antigos que são cortados. O trabalho, hoje, nada mais é do que
um contrato de prestação de serviço por tempo indeterminado. O profissional pode
ser demitido a qualquer momento".
"A demissão é uma realidade, por isso todos precisam se capacitar, dar o seu
melhor a cada dia e melhorar, mas não para a empresa, para si. Somente assim uma
pessoa pode perder o medo da demissão. Ela saberá que, se uma empresa não a
quer, o mercado a quer. Precisamos mudar essa postura equivocada. Da mesma
maneira que uma empresa pode demitir, o funcionário pode encontrar um lugar
melhor. Não pode existir essa relação de 'família'."
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