O espetacular desempenho da Bolsa tem atraído a atenção até de quem nunca se
atreveu a investir em ações. E uma das perguntas que mais tenho recebido dos
internautas é justamente essa: por onde começo a investir em ações? A resposta
não é difícil, já que são apenas três os caminhos para quem quer se tornar sócio
das empresas listadas na Bovespa. Conheça cada um deles e veja qual é o mais
indicado para você.
1) Fundos de investimento
Esta é a opção mais indicada pelos especialistas para quem nunca fez este tipo
de investimento. Basta escolher um fundo, colocar a quantidade de dinheiro que
desejar e depois deixar tudo por conta dos gestores, que farão o trabalho pesado
de escolher a carteira de ações e decidir a hora de comprar e vender.
Existem opções para todos os tipos de bolsos. Regulamentados pela CVM (Comissão
de Valores Mobiliários), os fundos são produtos de instituições financeiras com
o objetivo de reunir vários aplicadores a fim de obter um maior poder de compra
e diversificação dos investimentos.
Ao aplicar em um fundo de investimento em ações, o investidor está comprando
cotas, que são as parcelas desse fundo. O valor das cotas pode variar conforme
as alterações dos valores dos ativos que compõem a carteira do fundo.
Ou seja, o investidor poderá ter, ao final de cada mês, um rendimento positivo
ou negativo de suas aplicações, dependendo do desempenho dos papéis em que o
fundo aplicou.
Os fundos de investimento têm isenção de IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) e CPMF (se os recursos forem originários de uma conta-investimento)
e o Imposto de Renda só incidirá sobre o rendimento no resgate das cotas.
Para escolher um fundo de investimento, o investidor deve analisar o
regulamento, quem é o administrador e o gestor do fundo, a performance
(desempenho) do fundo e quais são as taxas a serem cobradas.
O administrador é a instituição financeira que responde legalmente pelo fundo
para a CVM e para o Banco Central, além de determinar a política e o regulamento
de cada fundo.
O gestor é o responsável pela escolha dos papéis, além de fazer a avaliação dos
cenários e a montagem das carteiras. O desempenho dos fundos pode ser medido por
meio de revistas e jornais especializados em finanças.
As taxas são os valores que as instituições cobram sobre o investimento a fim de
cobrir as despesas. Esses valores costumam variar muito e podem abocanhar parte
significativa dos seus rendimentos. Fique de olho!
2) Individual
Em princípio, qualquer pessoa com mais de 18 anos pode começar a investir
sozinha em ações. Basta efetuar um cadastro junto a uma corretora autorizada
pela Bovespa e ordenar à corretora quais as ações que deseja comprar ou vender.
A maior vantagem para quem deseja investir de forma individual é a isenção do
Imposto de Renda para operações no valor de até R$ 20 mil no mês. Acima desse
valor, a alíquota é de 15%. Mas esta opção não costuma ser a ideal para quem
está começando.
Se o investimento for pequeno (menos de R$ 5 mil, por exemplo), muitas vezes os
gastos podem não compensar os ganhos. Isso acontece porque as corretoras cobram
um porcentual para cada negociação dessas ações, e essas taxas podem ser bem
maiores que o lucro.
Algumas corretoras trabalham com a cobrança de valores fixos para cada ordem de
compra e venda executada, enquanto outras optam pela cobrança de porcentual
sobre o valor total negociado no dia. A corretagem pode chegar a 2% do valor
negociado ou ter um custo fixo para cada ordem de compra e venda.
Ou seja, para que o investimento individual seja rentável, é aconselhável que o
investidor disponha de um capital maior, para que os custos se diluam no
montante das operações.
Outro aspecto importante a ser levado em conta é que o investidor deve se manter
muito bem informado a respeito da saúde financeira das empresas nas quais quer
investir, um feito bastante difícil de ser realizado sozinho. Além disso, quando
se investe de forma individual, há uma chance maior de haver concentração de
investimentos em poucos papéis, o que não é aconselhado pelos especialistas.
3) Clubes de investimento
São grupos de pessoas físicas que se unem para investir na bolsa. Podem ser
constituídos de no mínimo 3 e no máximo 150 pessoas, que devem procurar uma
corretora autorizada pela Bovespa.
São constituídos de maneira simplificada e recebem incentivos fiscais, como a
possibilidade de aplicar até 33% do patrimônio em renda fixa com isenção de CPMF
e IOF e cobrança de Imposto de Renda somente no resgate das cotas
(diferentemente do que acontece no investimento individual, quando a cobrança do
IR ocorre assim que o valor da vendas de ações ultrapasse o limite de R$ 20
mil). Até setembro, havia 2.022 clubes formados no país.
No clube de investimento, também é possível aplicar um valor mais baixo que nos
fundos, já que são os próprios investidores quem deverão decidir, junto com a
corretora que irá administrar o clube, qual será o valor que cada participante
do grupo deverá investir.
Vale lembrar, porém, que é o volume financeiro maior que irá permitir que o
clube diversifique suas aplicações, diminuindo o risco. Outro aspecto positivo
do clube é que, diferentemente dos fundos, onde a gestão é exclusivamente
profissional, os clubes também permitem a participação direta dos investidores
na gestão, o que é uma forma de aprender, na prática, como funciona o mercado.
Se você se interessou por esta opção, não perca a coluna da próxima semana, na
qual vou falar sobre como formar um clube de investimentos. Até lá!