Para acompanhar o constante processo de mudanças vivido pelo mercado, as
empresas precisam investir tanto na aquisição de novas ferramentas, que
possibilitem uma melhor prestação de serviços, quanto nos profissionais que
integram o seu quadro. No primeiro caso, basta apenas ter recursos disponíveis,
fazer uma pesquisa prévia para conhecer as novas tecnologias e a questão será
resolvida com certa facilidade. Já no segundo caso, quando os colaboradores
tornam-se o foco de investimento, o momento requer um pouco mais de cautela,
pois a empresa passa a lidar com competências técnicas e comportamentais.
Mas, por que será que trabalhar o desenvolvimento das equipes tem sido uma
razão de preocupação para muitos gestores. Isso ocorre, porque existe uma
tendência natural das pessoas em apresentarem resistências às mudanças, uma vez
que o processo atinge diretamente a chamada zona de conforto. Diante disso,
muitos líderes questionam: como devo agir para desenvolver minhas equipes? Antes
de conduzir qualquer processo de transformação, as empresas precisam tomar
alguns cuidados para que o impacto dos funcionários, em relação ao novo, não
seja traumático. O primeiro passo seria conhecer, de fato, que competências
precisam ser desenvolvidas junto aos colaboradores. Se uma organização, por
exemplo, está observando que suas vendas estão em baixa, a providência mais
correta é identificar o motivo desse problema.
Para isso, torna-se fundamental a presença do profissional de Recursos
Humanos, pois é através dele que a empresa consegue identificar como está o
clima organizacional e quais as deficiências que comprometem o desempenho dos
profissionais. No entanto, isso só será possível se o RH estiver realmente junto
ao cliente interno. Segundo Renato Romeu, administrador de empresas e
especialista em desenvolvimento de equipes da Consultoria SaleSolution, na
prática, isso nem sempre é possível, pois muitos profissionais de RH não contam
com uma estrutura da área adequada para realiza o próprio trabalho.
"Outro fator que dificulta o desenvolvimento das equipes, surge quando as
informações das demais áreas da empresa chegam distorcidas ao RH. Muitas vezes,
essas informações partem até mesmo dos gestores. Dessa forma, fica difícil
identificar quais as competências que precisam ser desenvolvidas nos
colaboradores", afirma Romeu. Nesse momento, uma alternativa para o problema
seria a área de RH realizar uma anamnesi e buscar o auxílio de uma consultoria
externa. E quando isso acontece, tanto o RH quanto a empresa precisam estar
cientes de que não existe uma fórmula mágica que vá trabalhar o desenvolvimento
das equipes da noite para o dia. É preciso ter consciência de que melhorar ou
aprimorar as competências das pessoas requer um processo modular e evolutivo.
"Um único treinamento não irá solucionar o problema", ressalta o consultor. De
acordo com Renato Romeu, o que se observa no mercado brasileiro, no entanto, é
que as empresas estão ávidas por ações imediatistas e quando buscam serviços
terceirizados, de consultorias, querem verdadeiros milagres. E como, na prática,
isso não acontece as organizações logo "jogam" a responsabilidade no consultor
contratado.
"Treinamento comportamental sem suporte não dá resultados. Para trabalhar
determinadas competências é preciso que o profissional de RH reforce essa ação
no dia-a-dia", alerta o consultor, ao acrescentar que para que o processo de
mudanças tenha êxito é preciso que as lideranças também assumam um compromisso
com o processo e coloque a "mão na massa". Sobre a importância da participação
efetiva das lideranças no processo de transformação, Renato Romeu diz que a
presença do líder torna-se fundamental, porque o gestor é responsável pela
conscientização das equipes. Além disso, ele explica que quando uma organização
passa por mudanças é preciso que todos os líderes falem a mesma língua e, para
isso, os gestores podem ser preparados através de ferramentas ou mesmo via
participação de treinamentos específicos que enfoquem o domínio das novas
competências que serão usadas para melhorar o desempenho corporativo.
Outro fator que interfere no desenvolvimento das equipes e que o consultor
chama a atenção é para a forma como as pessoas costumam se relacionar no
dia-a-dia organizacional. Ele comenta que muitos colaboradores confundem
relacionamento pessoal com funcional e isso acaba influenciando os resultados.
"O fato de um profissional não concordar com o ponto de vista de outro colega de
trabalho, não implica dizer que ele não goste daquela pessoa. As pessoas
precisam saber separar relacionamentos pessoais de profissionais", resume.
Quando questionado sobre a importância da área de RH no processo de
desenvolvimento de equipes, Renato Romeu é bem objetivo e diz: "A presença do
profissional de Recursos Humanos é fundamental". Por outro lado, ele afirma que
no mercado encontram-se dois perfis de RH. No primeiro caso, as consultorias
costumam lidar com áreas de RH que querem o controle total da situação em suas
mãos e acabam funcionando como verdadeiras barreiras para a realização dos
trabalhos. Isso, menciona o consultor, pode ocorrer em virtude da inexperiência
do profissional ou mesmo por falta de confiança no próprio trabalho que realiza
junto à empresa. No segundo caso, encontram-se profissionais de RH que abrem as
portas e vêem as consultorias como parceiras e, nesse contexto, os resultados
sempre são positivos.
"Hoje, observo que as empresas querem ter retorno sobre os investimentos e se
o profissional de RH não tiver uma visão estratégica do negócio, a situação fica
muito complicada. Como parceiro estratégico o RH precisa saber identificar se
aquele fornecedor está atendendo suas expectativas. Caso contrário, a
alternativa é descartá-lo e buscar um novo parceiro que possa oferecer
resultados na gestão de pessoas", finaliza.