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Carreira / Emprego - A valorização das competências comportamentais 

Data: 17/09/2007

 
 

A chegada da globalização trouxe várias mudanças tanto para as pessoas quanto para as corporações. O que antes era considerado um privilégio para as maiores ou mais ricas empresas, hoje se tornou também acessível às organizações de todos os portes. Com essa facilidade de alcançar o novo, muitas companhias empataram em termos de tecnologia. A partir dessa realidade, observou-se ser necessário buscar um diferencial significativo e isso resultou num investimento cada vez maior em quem realmente pode fazer a diferença para o negócio: as pessoas. “Já existe a compreensão de que sem uma boa performance comportamental é muito mais difícil fazer com que os processos fluam adequadamente”, afirma Teka Kuperszmit, psicóloga e consultora em treinamento.

Segundo ela, apesar de já ter se tornado uma questão de competitividade para o mundo dos negócios, algumas empresas ainda sentem dificuldade em investir em competências comportamentais. Isso acontece porque existe uma certa resistência tanto por parte das organizações quanto de alguns profissionais que precisam adaptar-se às mudanças. Geralmente, as próprias pessoas não admitem que apresentam falhas nessa área, pois se consideram, na maioria, tecnicamente supercompetentes. Além disso, continua a consultora, outra questão que influencia muito é o fato de que mesmo quando o profissional de RH detecta a necessidade de realizar um trabalho comportamental, em alguns casos os recursos financeiros não estão previstos no orçamento da empresa ou então, são bem limitados.

Mas não é apenas isso que tem dificultado o desenvolvimento das competências comportamentais. O medo de mudar, de conhecer o novo, também tem dado sua parcela de contribuição. Existe ainda outro fator a ser considerado: a vaidade intelectual. “Muitos profissionais não admitem que possam apresentar comportamentos que não sejam tão eficientes ou eficazes nas relações interpessoais. Por serem profissionais tecnicamente preparados questionam a necessidade das competências comportamentais para o gerenciamento dos processos. Só que gerenciar processos é também gerenciar pessoais e aí, é a parte mais delicada”, ressalta Teka Kuperszmit.

Atualmente, dentre as competências comportamentais que estão sendo mais solicitadas pelas empresas, algumas têm se destacado como mais freqüência como, por exemplo, a liderança positiva e motivacional. Essa, por sua vez, é seguida pelas capacidades de negociação em situações de pressão e bom relacionamento com os clientes internos, tanto vertical quanto horizontalmente. Essas competências são privilegiadas por um motivo óbvio: mantêm a equipe coesa e segura e, portanto, traz resultados quantitativos e qualitativos mais rapidamente.

Na prática, as ferramentas que mais têm sido usadas no desenvolvimento das competências comportamentais são os treinamentos e os workshops. No entanto, o coaching executivo também tem conquistado espaço e importância, já que é considerado mais específico e por possibilitar o acompanhamento do profissional por um tempo maior. “O desenvolvimento das competências deve ser acompanhado, observado diariamente, pois as relações comportamentais são contínuas, diárias, mas as intervenções devem ser feitas contextualizadamente para não se perder o foco dos processos e resultados”, complementa a consultora em treinamento.

Ao ser indagada se os investimentos nas competências comportamentais podem ser considerados altos, Kuperszmit diz que isso é relativo. Ela argumenta que existem instituições e profissionais liberais que são mais “shows” do que propriamente recursos para trabalhos efetivos e, normalmente, custam caro. “Particularmente, já vi empresas pagarem valores altíssimos só pelo nome do profissional que contrataram e não pelos resultados que ele já obteve. Por esse modismo, as empresas pagam caro. Mas se a organização tem um trabalho sério e se orienta para resultados, consegue encontrar bons profissionais no mercado, com preços bem acessíveis”, comenta.

Capacidade para liderar - As organizações têm realizado uma verdadeira “caça ao tesouro” quando buscam captar líderes que detenham competências técnicas e comportamentais. E isso não tem sido uma tarefa fácil, porque antes a idéia que imperava nas empresas era a de que o profissional precisava apenas se preparar tecnicamente e muito pouco se falava em valorizar o aspecto comportamental. Com a necessidade do diferencial, há poucos anos é que esses aspectos e capacidades vêm sendo mais valorizados e finalmente o ser humano está sendo visto como um todo. “A capacidade de liderança só agora está sendo abordada academicamente de forma mais objetiva. Antes, não havia a preocupação sobre a liderança de pessoas. Então, normalmente, os profissionais são tecnicamente supercompetentes, mas deixam a desejar quando se trata do gerenciamento de pessoas”, alerta Teka Kuperszmit.

Outro fato que ela destaca e que tem influenciado a capacidade de liderar, é que na cultura brasileira as lideranças são, em sua maioria, negativas. Isso acontece porque ainda existem profissionais acreditando que as equipes só trabalham sob pressão, na punição e no grito. Embora essas atitudes sejam fortemente combatidas e condenadas na atualidade, ressalta a consultora, ainda é possível encontrar “líderes” que gerenciam suas equipes dessa forma. Essa falha, por outro lado, só pode ser trabalhada com uma área de RH atuante que seja valorizada e respeitada por todos os responsáveis pela organização. Quando questionada se o RH é o profissional mais indicado para trabalhar o desenvolvimento das competências comportamentais, ela afirma que sim. E justifica que a área de Recursos Humanos é a que detém os profissionais especializados para esse tipo de trabalho. A utilização de recursos de acompanhamento como avaliação de desempenho e análise de potencial também são fundamentais para o processo.

Sobre os benefícios que o trabalho das competências comportamentais pode trazer para as empresas, a consultora afirma que esse investimento está para a empresa assim como a graxa está para uma engrenagem de máquina. Essa ação faz fluir melhor, sem muitos atritos e desgastes desnecessários, ajuda a produzir um rendimento melhor e em um tempo menor do que as ‘máquinas secas, sem lubrificação’. “O desenvolvimento comportamental, individual, do grupo ou equipe, é como um lubrificador e um aditivo, facilita as relações interpessoais, as pessoas ficam mais objetivas, gastam menos energia em atritos e automaticamente se voltam ao trabalho em equipe, ficam mais motivadas e confiantes, administrando de forma mais adequada os relacionamentos e os processos interpessoais, sejam profissionais ou pessoais”, finaliza a consultora em treinamento.



 
Referência: rh.com.br
Autor: Patrícia Bispo
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