Carreira / Emprego - Trabalho, dinheiro e felicidade: especialista explica a relação entre eles
Em seu livro, "Dinheiro pode comprar felicidade", da Editora Gente, a
norte-americana especialista em finanças MP Dunleavey aborda o tema felicidade.
Ela conta que, há alguns anos, o economista norte-americano Daniel Kahneman
conduziu um experimento no qual pediu a cerca de 900 mulheres que trabalhavam
que anotassem as tarefas desempenhadas em um dia comum que as deixavam mais
felizes.
Entre as atividades mais citadas, ficaram "manter um convívio social",
"relaxar", "meditar ou rezar", "comer" e "praticar exercícios físicos". MP diz
que a pesquisa chamou muita atenção por alguns motivos.
Em primeiro lugar, porque todo mundo tem curiosidade de saber o que traz
felicidade, tanto para si como para os outros. Depois, respostas como "dirigir
meu carro de luxo", "passar o verão em Saint-Tropez" ou ainda "exercer a função
de líder na empresa" não apareceram no topo da lista. As atividades que mais
geravam felicidade estavam relacionadas a vínculos sociais e afetivos com os
outros e consigo mesma, bem como à sensação de bem-estar físico.
De acordo com a autora, o resultado corrobora o que um número incontável de
pesquisas sobre felicidade demonstra: há alguns elementos nucleares na vida que
nós, humanos, consideramos imensamente satisfatórios, independentemente de quem
somos, onde vivemos e das nossas condições de vida atuais e passadas.
A felicidade segundo Aristóteles
Há aproximadamente 2.500 anos, Aristóteles escreveu extensamente sobre o que
constitui "uma boa vida". A conclusão a que chegou? Boa vida é "bom nascimento,
muitos amigos, bons amigos, riqueza, bons filhos, muitos filhos, uma boa velhice
e também saúde, beleza, força, estatura elevada, habilidade atlética, e ainda
fama, honra, boa sorte e excelência".
É certo que os tempos hoje são outros, mas podemos dizer que o conceito de
qualidade de vida, de 2.500 anos para cá, não mudou tanto assim. "E sabe o que
mais? Pesquisadores ainda estão tentando descobrir se como ganhar um milhão ou
se acabar de tanto comprar num shopping pode entrar na lista", diz a autora em
seu livro.
Ela defende a tese de que não faz sentido as pessoas se dedicarem tão
intensamente ao trabalho para comprar coisas sem necessidade, mas que, para ser
feliz, é importante, sim, sustentar a saúde financeira. Veja quais são, na
opinião da especialista em finanças, os elementos fundamentais da felicidade:
- Estar envolvido com a família, os amigos e a comunidade
- Ter mais tempo para si
- Desenvolver suas habilidades, interesses e talentos (por isso, é
importante trabalhar com o que gosta);
- Diminuir o estresse financeiro
- Melhorar a saúde em todos os níveis
- Divertir-se mais (muito mais)
- Garantir o futuro financeiro
- Encontrar maneiras significativas e prazerosas de se doar aos outros
O que é melhor para você?
O livro traz a seguinte frase de Mick Jagger: "eu não fico questionando o tempo
todo a minha razão de viver. É mais uma questão de ser. A verdadeira pergunta é
o que você faz com a vida que está levando e o que quer fazer com essa vida". Já
a atriz alemã Marlene Dietrich garante que existe uma enorme diferença entre
ganhar muito dinheiro e ser rico. É provável que muitos dos executivos que hoje
estão nas empresas mais disputadas do mercado de trabalho não sejam ricos.
Para MP, é necessário investir em si mesmo. Mas não estamos falando de cursos de
especialização, de idiomas e livros sobre liderança. Em um artigo recente, os
economistas norte-americanos Liam Graham e Andrew Oswald apresentaram um novo
modelo de felicidade, baseado em investimentos, que sugere que as pessoas
dependem de um reservatório de bem-estar interior do qual se abastecem para
sustentar e enriquecer sua vida. Eles até chegaram a uma fórmula matemática.
O tanque de combustível
Em uma palestra, Oswald se referiu à reserva de felicidade como um grande tanque
de combustível cor-de-rosa. "Se você adoece, se divorcia ou recebe um corte no
salário, então aquele tanque de combustível é de onde você se abastece para
minimizar o impacto negativo. Você pode sacar dele ao longo dos anos", disse o
economista à autora do livro.
Ele ainda contou que faltavam dados empíricos para informar como as pessoas
acumulam o combustível cor-de-rosa, mas pesquisas indicavam que, quando elas se
enriquecem como seres humanos, adicionam mais ao reservatório.
Isso, para a especialista em finanças, é investimento. "Infelizmente, para
algumas pessoas, a idéia de investir em si mesmas por algum motivo que não o
profissional parece uma atitude frívola, egoísta. Quando não estritamente
desnecessária", afirma.
"Ao proporcionar a si mesmo aquilo de que necessita para sentir-se completo -
quer isso signifique liderar algum projeto comunitário, decidir-se a finalmente
aprender italiano antes de ir a Roma, ou enfim entrar naquele grupo de aulas de
tricô - o ganho maior é que terá recursos para distribuir em todas as áreas de
sua vida", acrescenta.
Dinheiro não pode ser fonte de estresse
No oitavo capítulo do livro, a autora afirma que "é uma pena que as pessoas
pensem no dinheiro como uma fonte de estresse", quando sua função é justamente
aliviar aflições e preocupações. Então, ela sugere direcionar o dinheiro ao
alívio do estresse. Como?
Investindo em segurança (contra assaltos, por exemplo), gastando um pouco mais
para seu conforto, pagando por serviços especializados, como um consultor
financeiro ou um coach, investindo em soluções mais simples, consertando o que
está quebrado, no lugar de adiar constantemente, trocando o "ferro-velho" do seu
computador, que nunca funciona, e contratando mais funcionários para sua
empresa. "Se lhe trouxer sossego, e não arruinar sua saldo bancário, eu digo que
é um dinheiro bem gasto", conclui MP.
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