O deficiente brasileiro e o mercado de trabalho. Durante duas semanas este
foi o tema escolhido para ser abordado pela equipe do RH.COM.BR. Veiculamos
matérias sobre o trabalho desenvolvido por entidades que localizam oportunidades
de empregos e habilitam profissionais portadores de deficiências. Relatamos,
ainda, casos de empresas que contratam deficiente físicos e que com vontade e
bom planejamento conseguem vencer obstáculos e preconceitos.
O tema também serviu de base para nossa pesquisa virtual. Selecionamos
algumas respostas que recebemos de profissionais que trabalham em Recursos
Humanos. Uns comentaram experiências vividas com deficientes, outros mostraram
uma visão crítica e amadurecida.
- Penso que o mercado de trabalho deve estar bem atento a esse potencial
humano, muitas vezes desperdiçado por puro preconceito. Um processo de seleção
bem feito não pode deixar de incluir o deficiente físico em muitas das posições
de trabalho disponíveis. A seleção, justamente, o habilitará ou não. As
condições pessoais e profissionais é que são importantes para o desempenho da
função, no contexto específico, comenta Beatriz Magadan, diretora da DRH
Consultoria.
Para João Henrique, administrador de empresas com pós-graduação em
consultoria de RH, um trabalhador por ser portador de alguma deficiência, não
deve ser discriminado e receber um rótulo de incapaz. “Na realidade, o
deficiente físico possui apenas uma inaptidão para certas atividades devido a
algumas limitações, enquanto que outras pessoas as têm por questões culturais e
técnicas”, destaca. Ele lembra, ainda, que os seres humanos, uns em maior,
outros em menor grau, possuem dificuldades em lidar com o diferente, com o que
não se enquadra aos padrões de normalidade. Daí surge o preconceito que isola e
condena as pessoas.
Com a experiência de trabalhar no setor de RH, em uma empresa de
supermercados que emprega cerca de 50 deficientes auditivos, Wanusa Centurión ,
afirma: “Sou a favor da contratação de deficientes, primeiro porque eles têm
poucas chances no mercado e quando conseguem uma oportunidade são bastante
dedicados ao que fazem. Demonstram entusiasmo e comprometimento com a empresa.
Segundo, porque estaríamos dando oportunidade de trabalho àqueles excluídos da
sociedade e do mercado, valorizando o aspecto humano/social e contribuindo com a
diminuição do emprego.
Por outro lado, Wanusa também chama a atenção para um detalhe importante.
Para ela, às vezes, é difícil conviver com alguns deficientes devido a revolta e
ao auto preconceito. “Existem aqueles que de certa forma, por serem deficientes,
querem sempre levar vantagem em cima de outras pessoas. Estão sempre como
vítimas. Essa é uma questão real que deve ser considerada e estudada com o
propósito de um trabalho eficaz. Por isso, é importante a ajuda e a colaboração
de pessoas ligadas a entidades/instituições que são especialistas em lidar com
deficientes”, conclui.