Quando você começa um novo negócio, precisa de dinheiro para fazê-lo decolar.
Precisa de dinheiro para alugar ou comprar um espaço, móveis e equipamentos,
materiais de escritório e também precisa pagar os funcionários. Há vários
lugares onde você pode conseguir o dinheiro que um novo negócio demanda:
- poupança - você pode financiar seu negócio com sua poupança
- bootstrapping - em alguns negócios mais simples, é possível usar este
método. Bootstrap significa começar um negócio com pouco investimento e
então usar o lucro de cada venda para fazer a empresa crescer. Funciona bem
no setor de serviços, no qual as despesas iniciais costumam ser baixas e não
são necessários funcionários pra começar
- empréstimo bancário - você pode pedir dinheiro emprestado a um banco, no
caso da micro e pequena empresa existem algumas opções diferentes.
Os três métodos têm limitações, a menos que você já seja um indivíduo rico. A
quarta maneira de conseguir dinheiro para começar um negócio é chamada
Capital de Risco. Com ele você consegue obter grandes quantias de
dinheiro que vão sustentar negócios com custos iniciais altos ou que requerem
um rápido crescimento. Esses fundos começaram recentemente a entrar no Brasil.
Você já deve ter ouvido falar de Investidores Institucionais de Risco (Venture
Capitalists) que fundam empresas pontocom e financiam todo tipo de negócio. A
abordagem clássica que uma empresa de capital de risco usa é abrir um
fundo. Um fundo é um conjunto de recursos que a empresa vai investir.
Ela junta dinheiro de pessoas ricas, empresas, fundos de pensão, etc.
A empresa vai então levantar uma quantia fixa de recursos com o fundo -
digamos, US$ 100 milhões. Ela investe os US$ 100 milhões em algumas empresas -
por exemplo, 10 a 20 negócios. Cada empresa e cada fundo têm um perfil de
investimento. Por exemplo, um fundo pode investir em estreantes da área de
biotecnologia, ou em empresas pontocom que estejam em busca de uma segunda
rodada de financiamento. O fundo pode ainda tentar um mix de empresas que
estejam se preparando para abrir capital (através de uma oferta primária de
ações) nos próximos seis meses. O perfil que o fundo escolhe tem certos riscos e
recompensas que os investidores conhecem quando investem o dinheiro.
Tradicionalmente as empresas de capital de Risco investem todo o fundo e
então estimam que todos os investimentos serão compensados em 3
a 7 anos. Ou seja, a empresa de capital de risco espera que cada empresa na qual
ela investiu ou "abra o capital" (o que significa que a empresa venderá ações em
uma bolsa de valores), ou seja comprada (adquirida) por outra empresa. Nos dois
casos, o dinheiro que entrar com a venda de ações para o público ou para uma
empresa permite que a empresa de capital de risco ganhe dinheiro e devolva os
rendimentos para o fundo. Quando todo o processo é concluído, o objetivo é
ganhar mais que os US$ 100 milhões investidos no início. O fundo então é
redistribuído para os investidores com base no valor que cada um investiu no
início.
Digamos que um fundo de capital de risco invista US$ 100 milhões em 10
empresas (US$ 10 milhões em cada). Algumas dessas empresas terão muito sucesso,
outras, na verdade, não vão a lugar algum, mas algumas vão abrir capital. Quando
uma empresa abre seu capital, geralmente vale centenas de milhões de dólares, e
o fundo tem um bom retorno. Para um investimento de US$ 10 milhões, o fundo deve
receber de volta algo em torno de US$ 50 milhões em um período de 5 anos. Ou
seja, o fundo de capital de risco se baseia na lei da média: conta com o fato de
que as empresas que deram certo (as que conseguem sobreviver e abrem o capital)
vão compensar as que não deram certo e gerar um bom retorno sobre os US$ 100
milhões levantados pelo fundo no começo. A habilidade da empresa de capital de
risco para escolher e sincronizar seus investimentos é um fator importante para
o retorno do fundo. Os investidores geralmente buscam retorno de investimento
anual em torno de 20%.
Do ponto de vista da empresa que recebe o investimento, a transação
funciona assim: a empresa é aberta e precisa de dinheiro para crescer, então ela
procura empresas de capital de risco para investir em seu negócio. Os fundadores
da empresa criam um plano de negócio que mostra o que eles
pretendem fazer e o que eles acreditam que acontecerá com a empresa num
determinado tempo (quanto tempo ela levará para crescer, quanto dinheiro vai
gerar, etc.). Os investidores avaliam o plano e, caso gostem dele, investem
dinheiro na empresa. A primeira rodada de investimento é chamada de
capital inicial. Com o tempo, a empresa geralmente recebe outras 3 ou 4
rodadas de investimento antes de abrir o capital ou ser adquirida.
Em troca do dinheiro que recebe, a empresa dá aos investidores ações e também
parte do controle da tomada de decisões. A empresa pode, por exemplo, dar à
empresa de capital de risco uma vaga na diretoria. Ou a empresa pode concordar
em não gastar mais do que US$ X sem a aprovação do investidor. Pode ser que a
empresa também precise da aprovação do investidor para contratações de pessoal,
empréstimos, etc.
Em muitos casos, a empresa de capital de risco oferece mais do que dinheiro.
Por exemplo, ela pode ter bons contatos no mercado ou muita experiência que ela
pode passar para a empresa.
Um ponto importante que é discutido na negociação quando um investidor de
risco investe em uma empresa é: "quantas ações a empresa de capital de risco
deve receber em troca do dinheiro que investiu"? Esta pergunta é respondida
quando um valor é estabelecido para a empresa. O investidor e a
empresa têm que chegar a um acordo sobre quanto a empresa vale. Esta é a
avaliação pré-investimento. Então a empresa de capital de risco investe
os recursos, criando uma avaliação pós-investimento. O aumento
percentual no valor determina quantas ações a empresa de capital de risco
recebe. Em geral, o investidor institucional recebe algo em torno de 10% a 50%
do capital da empresa em troca do investimento. Pode ser mais, ou menos, mas
esta é a faixa típica. Os acionistas iniciais são diluídos no
processo: antes do investimento, eles têm 100% do capital; se a empresa de
capital de risco fica com metade da companhia, os acionistas iniciais ficam com
a outra metade.
Empresas pontocom geralmente usam o capital de risco para começar, pois
precisam de muito dinheiro para propaganda, equipamento e funcionários. Precisam
de propaganda para atrair visitantes, e precisam de equipamento e funcionários
para compor o ambiente físico. A quantia de dinheiro necessária para publicidade
e a velocidade com que as coisas mudam na internet podem tornar o bootstrapping
impossível. Por exemplo, muitas das empresas pontocom de e-Commerce geralmente
consomem de US$ 50 a 100 milhões até chegarem ao ponto de poder abrir o capital.
Até metade desse dinheiro pode ser gasto com propaganda!