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Carreira / Emprego - Militares são preparados para a inatividade 

Data: 17/09/2007

 
 

Quando uma pessoa ingressa numa organização é comum que ela traga consigo a esperança de que essa oportunidade poderá ajudá-la a realizar seus sonhos. E quando esse mesmo profissional precisa se desligar das suas atividades, seja por causa de uma inesperada demissão ou para assumir um desafio em outra empresa, é perfeitamente compreensivo que venha surgir algumas dúvidas e temores. Agora imagine se o desligamento acontece após 20 anos de atividades contínuas, devido ao processo de aposentadoria? Se o colaborador não estiver devidamente preparado para enfrentar a realidade, ele poderá deixar de aproveitar a sua nova fase de vida.

Foi pensando nos profissionais que atuam há mais de 26 anos na corporação que a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) criou, desde 1998, o Programa de Preparação para a Inatividade - PPI, uma iniciativa que visa propiciar aos militares uma mudança de atitude diante da passagem para a reserva, passando a recebê-la como um fato totalmente natural. Atualmente, a PMMG possui cerca de 42 mil militares, entre homens e mulheres. O Comando Geral da corporação fica sediado em Belo Horizonte.

"Além disso, nossa proposta visa fortalecer a motivação dos militares para o desempenho profissional nos anos restantes de carreira e possibilitar uma melhoria na qualidade de vida desses profissionais após a passagem para a inatividade, tornando-os mais aptos para desfrutar positivamente essa condição", explica o assessor de Comunicação Organizacional da 6ª Região da PMMG e responsável pelo PPI, capitão Antônio Claret dos Santos.

Através do PPI, a PMMG procura ainda conscientizar os militares sobre as peculiaridades que a inatividade traz à realidade social, tanto no que se refere às possibilidades e ganhos, quanto às dificuldades e perdas que o processo pode proporcionar. Outro objetivo do programa é faciliar que os futuros inativos tenham acesso a informações relativas a assuntos como saúde, lazer, finanças, família, projetos sociais, entre outros.

Segundo o capitão Claret, a PMMG resolveu criar o PPI depois de observar que muitos policiais militares, que iam para a reserva, mostravam-se despreparados para conviver com a sociedade civil, visto que passaram muitos anos sob um forte regime hierárquico. "A partir daí, a corporação instituiu um trabalho de pesquisa com o intuito de minimizar o sofrimento desses profissionais", complementa ele, mencionando que para coordenar o programa foi criada uma comissão formada pelo gerente de RH, o gerente de Comunicação Organizacional, os membros da sessão de Saúde e outros militares.

Apesar de ser um programa estadual, no início, o PPI foi implantado apenas na região Sul de Minas Gerais, ou seja, na 6ª Região da PMMG, pois recebeu algumas resistências. Na 6ª RPM, o programa encontrou pessoas mais dispostas e crentes na eficiência e eficácia da proposta. A Unidade de Lavras (8º BPM) foi a pioneira na implantação do PPI e serviu de incentivo para outras unidades. Hoje, além de trabalhar com militares que estão dentro da faixa de 26 a 30 anos de serviço, o programa também aceita a participação daqueles profissionais que já se transferiram para a reserva. No primeiro ano de implantação, 17 militares foram beneficiados pela iniciativa e até o momento 228 participaram do PPI. "Nesse momento, existem 171 militares matriculados no programa, só na 6ª RPM. Hoje, todas as dez Regiões da Polícia Militar de Minas Gerais aderiram ao programa", explica o capitão Claret.

A adesão ao PPI é voluntária. Na 6ª RPM, por exemplo, o convite aos militares fica a cargo de uma comissão designada pela coordenação do programa, que conversa pessoalmente com os futuros inativos. A princípio, alguns militares eram preconceituosos e tinham receio, pois acreditavam que ser participante do programa poderia significar uma possível rotulação de "velhinhos da terceira idade" ou algo do gênero. Porém, aos poucos, esse medo foi se diluindo, graças ao empenho, à motivação da primeira turma e à imagem que os primeiros participantes passaram do programa para a tropa.

Na prática, o PPI possui três fases, que comprende um período de 18 meses. A primeira etapa, inclui um ciclo de palestras mensais com duração de seis meses. De caráter preliminar, essa fase objetiva explicar o funcionamento, diagnosticando, através de questionários, os interesses e as expectativas do público-alvo, além de formalizar a inscrição dos eventuais interessados. Para as demais reuniões dessa etapa, são programadas palestras sobre assuntos de interesse do militar que se prepara para a inatividade como temas relativos a aspectos sociais, familiares, projetos pessoais, saúde, lazer, financeiro, entre outros.

Na segunda etapa do PPI, que também dura seis meses e se realiza através de encontros mensais, são oferecidos ciclos de filmes e desenvolvidas atividades de integração. Os participantes são divididos em grupos a fim de facilitar o trabalho. "As atividades de integração são realizadas em reuniões intercaladas com apresentação de filmes que deverão ser relacionados com os assuntos abordados", salienta o assessor de Comunicação Organizacional da 6ª RPM.

Na última etapa, que possui a mesma duração de seis meses e encontros mensais, os grupos são sub-divididos para que sejam desenvolvidas as seguintes dinâmicas:
- 1º encontro: integração grupal;
- 2º encontro: comunicação - desenvolvimento da capacidade de comunicação efetiva;
- 3º encontro: mitos - inatividade, família, sexualidade e doenças;
- 4º encontro: perdas de papel - elaboração psíquica de conflitos;
- 5º encontro: criatividade e mudança - novas alternativas de vida e
- 6º encontro: encerramento - feedback e participação da família.

Cada encontro mensal dura quatro horas e acontecem durante o expediente dos militares. Nesses dias, eles são dispensados de suas atividades e caso o encontro coincida com o dia de folga, o militar terá direito a outro dia de folga, posteriormente. Quando questionado sobre a receptividade dos militares em relação ao PPI, o capitão Claret afirma animado que essa tem sido ótima e que a iniciativa chegou até a servir de modelo para a Universidade Federal de Lavras. "O nosso PPI foi tema de uma monografia realizada pela aluna Tatiane Alves dos Santos, do curso de Administração da UFLA. Após a apresentação do seu trabalho naquela instituição, o departamento encaminhou uma proposta de implantação à Reitoria, que acabou sendo aceita e hoje é empregada na Universidade", finaliza o capitão da PMMG.



 
Referência: rh.com.br
Autor: Patrícia Bispo
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