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Salário e negociação na carreira - Remuneração e competências lado a lado 

Data: 17/09/2007

 
 

As empresas têm passado por um constante processo de mudanças que exerce influências em vários segmentos, inclusive no sistema de remuneração. Hoje, há organizações que adotam a remuneração baseada em competências - um processo que se desenvolvido com clareza pode ter reflexos positivos como, por exemplo, motivar as pessoas e ser uma "mão na roda" para o autodesenvolvimento profissional, porque o aumento salarial não vem de graça, mas somente se as pessoas desenvolverem suas competências. A partir do momento em que os colaboradores demonstram interesse por trabalhar suas competências, os dois lados tendem a ganhar, ou seja, a empresa e os profissionais.

Na Marelli Ambientes Racionais - empresa localizada em Caxias do Sul/RS, a remuneração baseada em competências e habilidades tornou-se uma realidade desde fevereiro de 1999. Com cerca de 150 colaboradores, a organização está sediada em parque industrial próprio, com 12 mil metros quadrados de área construída. Seu foco de atuação é o mercado corporativo - setor público e privado, médias e grandes corporações, além de profissionais liberais. Dentre os seus produtos, encontram-se: cadeiras operacionais e diretivas, poltronas para salas de espera e auditório, estações de trabalho, mesas de reunião, sistemas de arquivamento e painéis divisórios.

De acordo com Ricardo Chiapinotto, supervisor de Recursos Humanos da Marelli, no final dos anos 90 a empresa não contava com uma política clara de remuneração, mas buscava um modelo que conseguisse gerar os melhores desempenhos. Em outras palavras, a empresa buscava uma forma de premiar as pessoas que tinham uma performance superior. "Ao implantar a remuneração baseada em competências e habilidades, nosso objetivo foi definir como os funcionários seriam avaliados, quais os critérios de avaliação e isso implicaria no salário dos profissionais", complementa.

A partir da definição do modelo de remuneração que seria adotado, a primeira atividade da Marelli foi divulgar a novidade para os funcionários, comunicando-os sobre os conceitos do sistema que seria adotado a partir daquele momento e ao mesmo tempo, informando o planejamento e o cronograma das atividades que deveriam ser desenvolvidos. Em seguida, foram feitas as descrições dos perfis dos cargos. Isso permitiu que tanto os funcionários quanto as pessoas envolvidas na avaliação pudessem saber o desempenho que a empresa esperava de cada um.

A próxima etapa do processo compreendeu a criação de um comitê de Recursos Humanos formado pelas chefias imediatas das áreas representativas da Marelli. Esse comitê teve como primeira atividade a hierarquização dos cargos pelo método de pontuação. Assim que a empresa conseguiu estabelecer por importância a classificação dos cargos. "Considerando o resultado dessa pontuação relacionado aos salários das pessoas e aos salários do mercado, definimos uma tabela salarial", complementa o supervisor de RH.

Logo após, o Comitê de RH definiu quais os fatores de competências e habilidades que seriam importantes para a organização avaliar. Para conseguir medir o desempenho em relação a esses fatores foi importante a criação de um instrumento de avaliação que demonstrasse claramente a competência avaliada e o seu entendimento, pois esta regra deveria ser válida para toda a empresa e em todos os níveis. Nesse instrumento de avaliação, estabeleceu-se uma relação de pontuação para as competências, considerando-se conceitos para cada nível de desempenho.

Os cargos da empresa passaram a serem divididos por grupos ocupacionais de relações semelhantes, ou seja, foram criados três grupos de cargos: operacional e apoio, administrativo e técnico, além de supervisão e equiparados. Para cada um desses grupos foram definidos quais os fatores de competências seriam avaliados. Nesse instrumento de avaliação também estava previsto um peso para a formação das pessoas em relação à prevista no cargo.

Depois dessas fases, a Marelli realizou um teste junto a todos os funcionários para estabelecer qual seria o resultado de excelência e quantas pessoas chegariam a este. "Esta relação determinou qual o investimento financeiro que a empresa deveria disponibilizar para o programa. Tendo todas essas informações, transcreveram-se estes procedimentos em uma política específica", ressalta Ricardo Chiapinotto, ao acrescentar que a última etapa do processo compreendeu o treinamento dos avaliadores e dos funcionários de um modo geral. O objetivo dessa ação foi capacitar os profissionais para dar e receber feedback.

Vale ressalta que para implantar o processo de remuneração baseada em competências e habilidades, a Marelli recorreu à ajuda de uma consultoria externa que serviu de mediador e facilitador para a busca de uma tecnologia que pudesse transpor as idéias da empresa para a prática. Quando questionado sobre os benefícios que o sistema trouxe, o supervisor de RH menciona que para a empresa, essa gestão agilizou alguns processos, ou seja, direcionou o foco das ações das pessoas. O modelo, reforça Chiapinotto, prioriza que os esforços estejam direcionados aos objetivos e às metas da organização. Outra característica é que na definição do plano de ação previsto no instrumento, as ações procurem reforçar pontos positivos e melhorar os negativos. Mais uma vantagem apontada por ele, é que o sistema possibilita um excelente levantamento das necessidades de treinamento.

Já para os funcionários, a remuneração baseada em competências e habilidades gera semestralmente um feedback do seu desempenho, um planejamento de sua qualificação e como conseqüência, o reconhecimento financeiro pela performance superior.

Estrutura do sistema - A gestão por competências e habilidades prevê uma avaliação de desempenho individual que é realizada de acordo com o mês de aniversário do avaliado e conforme o grupo de cargos em que ele está alocado. O funcionário é avaliado a partir de suas competências/habilidades e de sua instrução/formação. Para efeitos de alteração salarial e promoção por desempenho, o colaborador precisa atingir uma performance superior na avaliação: nota 65 para todos os cargos após a experiência; 80 para operacionais e apoio; 82 para administrativos e técnicos; e 83 para gerentes e equiparados.

Na avaliação de desempenho, o funcionário é avaliado a partir dos perfis dos cargos. Caso não preencha todos os pré-requisitos necessários, é estabelecido um plano de ação individualizado, para que ele possa ser treinado e capacitado nos seus pontos fracos/fortes e, dessa forma, adquirir as habilidades e as competências necessárias para o desempenho das atividades previstas no cargo.

Sobre as dificuldades que a Marelli enfrentou para implantar o sistema, Ricardo Chiapinotto comenta que como o programa prevê uma relação direta com salários, os colaboradores, quando das reuniões de devolução, já iam com o espírito voltado a receber aumento salarial. Como previsto na política, os aumentos são para as pessoas que tiverem no último semestre desempenhos superiores, dessa forma a grande maioria não recebia aumento em função do desempenho. "No início, o sentimento de perda dos funcionários era evidente, pois não estavam conseguindo ver que a função principal do modelo não era dar aumentos salariais e sim direcionar esforços para ter um desempenho e um resultado efetivo do seu trabalho cada vez melhor e daí sim, ter o reconhecimento", resume o supervisor de RH.

Reflexos - Segundo Ricardo Chiapinotto o principal reflexo trazido pelo sistema foi a qualificação profissional dos colaboradores. Como a Marelli é uma empresa com um número baixo de funcionários, as possibilidades de crescimento vertical, até em função da rotatividade, são pequenas. Assim, a gestão por competências e habilidades estimula um crescimento horizontal, pois os funcionários vão agregando conhecimento e competência à sua função e são remunerados por isso.



 
Referência: rh.com.br
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