Investimentos / Fundos - Rating: como uma agência classifica o risco de uma emissão de dívida?
Antes de investir em um título de dívida corporativa, usualmente o investidor
avalia o rating desta emissão. Ou seja, busca informações que possam detalhar a
capacidade de pagamento da companhia, o risco da operação.
Desta forma, antes de emitir títulos de dívida, as empresas buscam uma agência
para atribuir um rating à sua emissão, na maioria das vezes, mais de uma. Mas
como as instituições de classificação de risco avaliam estas empresas?
Relacionamento com a empresa
Quando as companhias contratam alguma agência para a análise de uma
determinada emissão, se comprometem em fornecer as informações necessárias,
relevantes, e solicitadas por elas para a análise detalhada da capacidade de
pagamento.
Sem as informações necessárias, as próprias agências podem se recusar a realizar
o serviço, pois a avaliação poderia ser questionada mais à frente, prejudicando
os investidores. E não são poucos os detalhes.
Processo de análise
Para atribuir um rating de crédito, o analista considera diversas variáveis,
passando por análise qualitativa: critérios de gestão, estratégia e
flexibilidade financeira; análise quantitativa: balanços, desempenho passado e
projeções; posicionamento no mercado; competitividade no setor: global e
doméstico; ambiente regulatório: global e doméstico; análise setorial e análise
macro (soberana).
Vale destacar ainda que, para uma análise mais fiel, as agências podem ter
acesso às informações privilegiadas sobre os movimentos e estratégias futuras
das companhias, cabendo a elas a decisão de fornecê-las, ou não, para os
analistas.
Mas, como ponderou a analista da Moody's, Fernanda Guimarães, no evento "Ratings:
definições e processos", realizado em São Paulo nesta semana, "isso não quer
dizer que o rating será melhor avaliado. Ele pode até piorar".
Uma reunião de analistas com a própria empresa também faz parte do processo da
avaliação. A Standard & Poor's, por exemplo, convoca uma equipe, geralmente
composta de dois a quatro membros, incluindo um analista setorial (que também
estará encarregado de fazer o contato diário com o cliente) e outros que estejam
familiarizados com o setor em questão, para o encontro.
Atribuindo o rating
Depois de avaliar a companhia, o analista leva sua decisão para um comitê
interno, no qual o rating atribuído é debatido e votado. O número de analistas
nos comitês não é fixo e pode variar dependendo do tipo da operação.
Em se tratando de uma empresa, a reunião pode contar com a presença de um
analista do mesmo setor no país e de outra região do mundo, o analista soberano
e outros diretores. Depois de ouvir o analista líder da empresa, cada membro dá
o seu voto para afirmar, ou não, o rating. Os comitês da agência Fitch, por
exemplo, são compostos por 5 a 9 membros.
Definida a nota, a decisão é comunicada ao emissor e, posteriormente, aos
investidores e à imprensa.
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