A maioria dos psicólogos e sociólogos concorda que não existe
uma relação exata entre dinheiro e felicidade, pelo menos não entre as pessoas
que não vivem em situação de pobreza. Entre os menos favorecidos, contudo, como
o dinheiro tem um impacto significativo na qualidade de vida da pessoa, ele pode
influenciar o grau de felicidade.
Se o tema vem sendo alvo de discussão entre filósofos e psicólogos há muito
tempo, mais recentemente ele também tem atraído a atenção dos economistas.
Dentre as descobertas feitas está a de que as pessoas que vivem em países ricos
não são mais felizes do que aquelas que vivem em países pobres.
Felicidade de curto prazo
Para tanto, o sociólogo David Myers lembra que, apesar de estarem duas vezes
mais ricos do que eram em 1957, o grau de felicidade dos norte-americanos caiu
pela metade. Também é dele a constatação de que, na década de 80, apesar de
terem o dobro da renda dos irlandeses, os alemães ocidentais não eram mais
felizes.
Já o professor de psicologia da Universidade de Illinois, Ed Diener, constatou
que não existe uma diferença significativa entre o grau de felicidade dos
milionários norte-americanos, que fazem parte da lista dos 400 mais ricos do
mundo da revista Forbes, e os pastores do Leste da África.
Diener também verificou que os 100 americanos mais ricos são apenas ligeiramente
mais felizes do que o americano médio. Na prática, o que essas constatações
sugerem é que, uma vez atendidas as necessidades básicas da vida, não existe uma
relação direta entre dinheiro e felicidade.
Os estudos também afirmam que o recebimento inesperado de uma quantia de
dinheiro como ganho na loteria, recebimento de herança, pode trazer uma
felicidade apenas temporária. Aliás, no que refere a loteria, o que se constata
é o inverso: boa parte das pessoas que vencem esse tipo de prêmio acaba perdendo
o controle financeiro de suas vidas, e no longo prazo se sentem mais infelizes.
Por que buscamos a fortuna?
Mas, então como explicar então essa busca incessante que todos nós temos pelo
dinheiro? Para o economista Richard Easterlin, essa busca se justifica pelo
prazer - ainda que momentâneo -, que as pessoas têm em acumular dinheiro.
Porém, trata-se de uma sensação de curto prazo, uma vez que o homem moderno vive
em constante comparação com os outros. Assim, na prática, basta que uma pessoa
obtenha um aumento de salário, que ela rapidamente encontra uma utilização para
esse dinheiro extra e já começa a almejar outro aumento.
Para o economista David Blachflower, o fator idade também influencia. Em sua
opinião, o gráfico da felicidade por idade do ser humano tem formato de "U", já
que as pessoas tendem a ser mais felizes quando jovens e na terceira idade. Por
sua vez, a felicidade é menor na meia idade, quando nos aproximamos dos 40 anos.
Dinheiro como meio, e não fim
Porém, se o dinheiro não é sinônimo de felicidade, então o que faz as pessoas
felizes? Segundo estudo elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa da
Universidade de Chicago, boas relações sociais, com amigos, familiares e, no
caso dos casados, com o cônjuge, boa saúde, e algum tipo de participação
comunitária são fatores que contribuem para a felicidade das pessoas.
Os estudos também evidenciam que as pessoas que se concentram no próprio sucesso
e não vivem constantemente se comparando com os outros, em termos de renda,
tempo com a família, etc., tendem a ser mais felizes.
Em outras palavras, saber o que quer parece ser o primeiro passo para a
felicidade. Caso contrário, corre-se o risco de se buscar constantemente a
felicidade dos outros. Ao definir o que lhe faria feliz (ex. compra de uma casa,
educação dos filhos, etc.), você transforma o dinheiro que pretende acumular, em
ferramenta para o alcance da sua felicidade, e não em fim. Com uma idéia clara
do que pretende alcançar, basta um pouco de esforço e planejamento que,
eventualmente, você alcança a felicidade que procura.