Investimentos / Fundos - Boa hora para aprender com os erros? Para George Soros e Warren Buffet sempre é
Que errar é humano, todo mundo já sabe (ao menos, teoricamente) e, nos
últimos dias, a forte volatilidade que marcou os mercados globais certamente
abriu espaço para que os investidores acabassem cometendo alguns "erros".
De fato, isso é normal, mas segundo Mark Tier, no livro Investimentos: os
segredos de George Soros e Warren Buffett , o que é decisivo para o sucesso
de um investidor é a forma como ele vê os seus erros, e não as falhas por si.
Admitir os erros e corrigi-los imediatamente. Pré-requisito do "mestre em
investimentos". Enquanto o investidor malsucedido mantém operações perdedoras na
esperança de chegar a um ponto de equilíbrio, o mestre tem consciência de sua
falibilidade, corrige os erros assim que os identifica e, por isso, raramente
sofre mais do que pequenas perdas.
Lucro em "segundo" lugar
Pessoas de sucesso concentram-se em evitar erros, mas também em corrigi-los no
momento em que se tornam evidentes. Segundo Tier, às vezes, "o sucesso advém
unicamente do esforço para evitar erros". Visar apenas o lucro não é uma
prática do mestre em investimentos, que sempre enfatiza o estudo dos erros e não
dos sucessos.
George Soros está sempre atento aos erros que possa ter cometido e, já que
conservar o capital é o primeiro objetivo de um mestre em investimentos, evitar
erros e corrigir qualquer um deles é seu primeiro enfoque. Depois disso, (e
apenas depois disso) vem a procura pelos lucros.
Aprender com erros é o segredo do sucesso
Mas, atenção. A maioria das pessoas pensa que erros e perdas são equivalentes.
Já a definição do mestre é mais rigorosa: "errar é não seguir seu sistema". Ou
seja, desviar-se de uma estratégia previamente definida, mesmo que isso tenha
como resultado alguns retorno financeiro, na concepção de um mestre, é um erro.
Mais do que um conselho, a atenção aos erros faz parte do "segredo do sucesso"
dos mestres. Buffet rapidamente admite seus erros e, da mesma forma, o
verdadeiro fundamento da filosofia de investimentos de Soros é considerar que é
falível. E é com ênfase na própria falibilidade que ele equipara o
reconhecimento de seus erros aos segredos de seu sucesso.
Assim, ao reconhecer que é passível de erros, o mestre não tem grandes problemas
para admitir que estava errado, assumindo a responsabilidade pelos seus atos e
corrigindo-os quando necessário. Mais do que isso, um mestre em investimentos
trata seus erros como experiências de aprendizagem.
As coisas funcionam mais ou menos como andar de bicicleta: só há um jeito de
aprender, errando muito e, às vezes, com erros bem doloridos. Entretanto, também
faz diferença a forma como o erro é interpretado. Aprender com os erros da forma
correta requer que a falha seja analisada, estudada.
Errar não é errado
Isso sem falar que, muitas vezes, a idéia de que errar é errado, que errar é
fracassar, pode acabar gerando uma postura que coloca em xeque o sucesso de um
investidor: a negação, a fuga. De fato, não é tão raro ouvir alguém dizer que
perdeu dinheiro por culpa do analista, por culpa do mercado.
O problema deste tipo de conduta é que ela impede que o erro seja explorado em
seu mais produtivo aspecto, em sua propriedade de ser uma excelente lição. O
resultado? Negar um erro pode fazer dele algo recorrente em seus negócios. (Uma
vez, um analista me disse que muita gente tem prejuízo na Bolsa por desejar,
sobretudo, a razão).
Não é o caso do mestre em investimentos, que pode reparar seus erros e aprender
com eles porque assume a responsabilidade por suas decisões. Admitir o erro faz
parte da estratégia! Mais, para Soros, reconhecer um erro é motivo de orgulho,
aliás, não apenas isso, ele costuma dizer: "sou meu crítico mais severo".
Você é passível de erros
E é assim que deve ser. Para Tier, testar suas próprias idéias, procurar
imperfeições na própria maneira de pensar, é essencial para operar no mercado
financeiro. E é com esta atitude que Soros está sempre alerta para qualquer
discrepância entre sua tese de investimentos e o efetivo desenrolar dos fatos.
Enfim, como os exemplos de Buffett e Soros indicam, é melhor ser excessivamente
crítico em relação aos erros do que deixá-los de lado. Nas palavras de Charlie
Munger, sócio de Buffet: "é realmente útil que alguém nos lembre de nossos erros
(...). É como se mentalmente esfregássemos nossos narizes em nossos próprios
erros. E esse é um bom hábito mental".
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