"Muitas vezes, em situações do dia-a-dia, engolimos alguns sapos e muitos
brejos. É comum o indivíduo deixar de falar o que pensa para não prolongar uma
conversa ou evitar uma discussão. Ele ainda pode sentir medo de não ser aceito
pelo grupo. Mas o que as pessoas desconhecem são os malefícios dessa atitude,
tanto para a saúde quanto para o convívio social", afirma a psicóloga Madalena
Cabral Rehder, coordenadora do NEPSAR (Núcleo de Especialização em Psicodrama e
Sociodrama de Santo André).
Como a atitude de não se expressar pode prejudicar o convívio social no ambiente
corporativo? A pessoa que não diz o que pensa impede que os demais a conheçam. O
diálogo fica mais difícil também, o que causa danos ao resultado final do
trabalho.
"É difícil tornar-se íntimo de uma pessoa que guarda as opiniões para si, pois
os outros ficam com o pé atrás. É importante despertar confiança e ética nos
diálogos e aprender a distinguir os momentos de perceber o que é público e
privado nas relações. As falhas na comunicação geram frustração e ansiedade",
garante Madalena.
Estresse
Com relação à saúde, o problema de "engolir sapo" é o estresse gerado. "Algumas
vezes, a comunicação - falada ou escrita - acaba sendo utilizada de forma
inadequada. Mesmo assim, é importante expressar-se, pois só dessa forma será
possível perceber as falhas, que resultarão em um processo de aprendizagem. O
importante é se comunicar e se perceber", opina a psicóloga.
O fato é que, quando nós deixamos de nos expressar, podem surgir sentimentos
como culpa, raiva e medo, que estão ligados às emoções que são desencadeadas por
nossos pensamentos. "Isso ocasiona depressão e isolamento, que é uma forma de
mostrar ao ambiente externo que precisamos de cuidado".
Por trás do medo de se expor
A especialista lembra que o medo da exposição tem sempre uma motivação
escondida: pode ser uma situação mal resolvida ou a incompreensão nos
relacionamentos, seja no ambiente familiar, afetivo, social, educacional ou
público. "Por isso, vale ressaltar a importância de colocar as palavras certas
na hora certa, assim como saber ouvir e ler para saber responder ou emitir
opiniões".
A cautela se faz necessária também, de maneira que não podemos sair falando o
que queremos, a qualquer momento. "São sábias as pessoas que preferem não falar
em um momento de explosão, ou quando não têm conhecimento do assunto. Neste
caso, o mais sensato é esperar os ânimos se acalmarem e conhecer mais a questão
para, posteriormente, tocar no assunto", afirma Madalena.
"Aprender a comunicar-se é uma arte que requer auxílio de sensatez,
espontaneidade e criatividade, para favorecer o crescimento pessoal e
profissional".