Carreira / Emprego - Trabalho e faculdade: falta de tempo prejudica estudo além da sala de aula
Segundo dados do Exame Nacional de Desempenho (Enade), devido ao fato de os
universitários precisarem trabalhar para pagar a faculdade, quase metade deles
(43,6%) dedica apenas entre uma e duas horas por semana além do horário de aula
para os estudos.
"É importante lembrar que o ensino superior brasileiro é essencialmente noturno,
privado e pago. O setor privado atrai muito aluno que precisa trabalhar para
manter a faculdade e se sustentar. Então, quem estuda à noite e trabalha durante
o dia certamente não tem muito tempo para estudar", disse o diretor de
Estatísticas e Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/Mec), Dilvo Ristoff.
Dedicação à leitura
De acordo com o Enade, 34% dos universitários lêem no máximo dois livros por
ano. A justificativa para a pouca leitura ainda é a falta de tempo. Isto porque
os dados mostram que 68,2% dos universitários estudam à noite e 73,2% durante o
dia.
Com relação à forma como os universitários se informam, 41,3% disseram ser por
meio da televisão.
Diferença entre áreas
O levantamento ainda divulgou que há diferenças na formação escolar dos
universitários de áreas distintas. Enquanto 8,2% dos alunos de Medicina cursaram
o ensino médio em escolas públicas, este percentual sobe para 70% em Letras.
"Os grupos expressam valores muito diferentes por causa da origem social. Por
exemplo, o grupo das licenciaturas dava um índice com pais sem escolaridade
quatro vezes maior que o grupo de saúde e agrárias. Em todo o universo, a média
de filhos de pais sem escolaridade é de 5,1%", disse o diretor à Agência
Brasil.
Esta realidade mostra que é preciso pensar em políticas públicas de acesso ao
ensino superior para estudantes do ensino público. "A política teria que
considerar essa disparidade na representação da origem dos alunos. É a idéia de
política de reservas de cotas. Não adianta reservar no todo, tem que reservar
por área de conhecimento", afirmou.
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