Defenda-se - Dieese: diminuição da quantidade nas embalagens camufla aumento de preços
A fim de diminuir os custos e aumentar os lucros, muitas empresas vêm
diminuindo a quantidade dos produtos nas embalagens vendidas ao consumidor. No
entanto, nem sempre mantém ou diminuem o valor cobrado, o que acaba camuflando
um aumento de preços.
De acordo com a coordenadora da pesquisa de preços do Departamento Intersindical
de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), Cornélia Nogueira Porto, isso
ocorre porque as pessoas não conseguem memorizar quanto vem em cada embalagem.
"Antes, as empresas aumentavam os preços, já que os clientes não percebiam.
Agora que eles têm essa noção, elas passaram a mexer na quantidade dos produtos,
o que nem todo mundo nota", argumenta.
Aumento de até 27%
Segundo levantamento realizado pela entidade entre a segunda quinzena de março e
a primeira de abril e a segunda de abril e a primeira de maio, algumas
alterações nas embalagens causam um aumento de até 27% no preço real do produto.
Este é o caso do adoçante em pó Finn, cuja embalagem trazia 50 saquinhos do
produto com um grama cada, a R$ 4,90 em média. Um mês depois, foi percebido que
os saquinhos continham apenas 0,80 grama, a R$ 4,98. Fazendo as contas, chega-se
a um aumento de 26,94%.
Já para a bolacha recheada São Luiz, o aumento proporcional foi de 8,97%, já que
a embalagem de 200 gramas (que custava R$ 1,45) passou para 160 gramas e R$
1,26.
Consumidor não tem muito a fazer
Ainda de acordo com Cornélia, vários outros produtos sofreram este tipo de
alteração, como a bolacha waffer Bauducco e algumas marcas de requeijão
cremoso. Entretanto, segundo a coordenadora, o cliente não tem como reclamar.
"Apenas os órgãos de defesa do consumidor poderiam se mobilizar para forçar uma
regulamentação das embalagens. Desta maneira, todos os pacotes de bolacha, por
exemplo, teriam uma medida padrão", conclui.
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