Banco / Cheque / Conta - Teste aponta falhas dos bancos na hora de sugerir aplicações
Um investidor procura o gerente do banco para pedir uma sugestão de como
aplicar R$ 30 mil, com o objetivo de dar entrada em um apartamento no fim de
dois anos. Esse foi o teste que o Globo Online fez com 16 agências bancárias do
Rio e o resultado foram recomendações totalmente diferentes. Pelo menos, cinco
delas não foram nem um pouco apropriadas à intenção do suposto cliente: planos
de previdência privada do tipo VGBL (Vida Gerador de Benfício Livre).
Foram visitadas duas agências (uma no centro e outra em Copacabana, na Zona Sul
do Rio) de cada um dos oito principais bancos de varejo do país (Banco do
Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, Itaú, Unibanco, Santander, ABN Amro Real e
HSBC). A recomendação do VGBL que, segundo especialistas, só é indicada para
aplicações de mais longo prazo, foi feita nas duas agências do Itaú, nas duas do
Bradesco e em uma da Caixa Econômica.
Em uma das agências do Itaú, a gerente justificou que o VGBL era mais indicado
do que os fundos de renda fixa ou DI porque, no plano de previdência, o Imposto
de Renda (IR) só é cobrado no momento do resgate dos recursos (nos fundos, o IR
é recolhido duas vezes por ano). A gerente não mencionou, no entanto, que as
taxas de carregamento (cobrada só nos planos de previdência e no momento da
aplicação), além das taxas de administração mais altas no VGBL, podem anular
esta vantagem. Além disso, há outras aplicações, como o CDB, na qual o IR também
só é cobrado na retirada.
Eu nunca recomendaria um fundo de previdência para uma aplicação de dois anos.
Só recomendaria previdência para uma aplicação de longo prazo, a partir de dez
anos.
- Eu nunca recomendaria um fundo de previdência para uma aplicação de dois anos.
Só recomendaria previdência para uma aplicação de longo prazo, a partir de dez
anos. Aí, as taxas de carregamento se diluem nesse período e você tem a vantagem
do imposto de renda ser cobrado só no fim do período - explicou Myrian Lund,
professora de finanças do da Fundação Getúlio Vargas do Rio (FGV-Rio).
No caso do Itaú, as taxas de carregamento e de administração do VGBL são de 3,5%
e 3,2% ao ano, respectivamente. Já as aplicações a partir de R$ 30 mil nos
fundos de renda fixa e DI no Itaú ou no Bradesco pagam 2,5% de taxa de
administração. As gerentes das duas agências deram ainda expectativas diferentes
de rendimento das mesmas aplicações em VGBL. Uma delas disse que o rendimento
estaria em torno de 0,66% ao mês, já descontadas as taxas de administração, e a
outra, de 1,3% a 1,5% ao mês, sem mencionar que esse percentual seria reduzido
devido às taxas e tributos.
Ao ser questionado pela reportagem da recomendação dos funcionários do banco, o
Itaú informou em nota que `a indicação mais adequada` ao caso da reportagem
seria a de fundos de renda fixa, CDB ou aplicações equivalentes. Segundo a nota
da assessoria de comunicação do banco `os produtos de previdência (PGBL e VGBL)
são recomendados pelo Itaú para aplicações de prazo mais longo` e acrescentou
que a empresa investe continuamente no treinamento de seus funcionários.
Em nota, o banco admite que a indicação mais adequada seria um fundo de renda
fixa, CDB ou aplicações equivalentes
No Bradesco, a taxa de carregamento para o VGBL é de 3,5% e a de administração,
de 3% ao ano. Em nenhuma das agências do Bradesco, no entanto, os gerentes
alertaram para a maior cobrança de taxas neste investimentos. Em uma das
agências do Bradesco, além do VGBL, o gerente ainda sugeriu também uma
alternativa ao CDB, mas disse que a rentabilidade seria muito similar e o plano
de previdência teria mais vantagens, como poder indicar familiares como
beneficiários em caso de morte do titular.
O Bradesco não comentou as sugestões de seus gerentes e apenas informou em nota
que `oferece sempre a melhor alternativa de investimento em acordo com o perfil
e solicitação do proponente”.
Na agência da Caixa Econômica (centro), a recomendação foi de aplicação de 85%
(R$ 25.500) dos recursos no fundo VGBL e os 15% (R$ 4.500) em um fundo
multi-mercado (taxa de administração de 2,5% ao ano para aplicações para este
valor). A gerente disse ainda que os fundos de previdência têm a vantagem de ter
taxas mais baixas e que, na Caixa, a taxa de carregamento era limitada a R$ 100.
Ao contrário do que afirmou a funcionária, no entanto, a taxa de administração
do plano de previdência é de 3% ao ano, mais alta do que as dos fundos de renda
fixa e DI do banco, de 1,10% ao ano (para aplicações a partir de R$ 30 mil). Na
outra agência da Caixa visitada, a recomendação da funcionária foi de aplicar os
recursos em um fundo de renda fixa.
A Caixa reconheceu que, na primeira agência, a indicação não foi adequada porque
o fundo de previdência VGBL (RV-15) é uma aplicação de longo prazo. Já a
sugestão da segunda agência, de fundo de renda fixa, foi aprovada pela
instituição, que justificou ainda que os fundos de renda fixa são voltados a
poupadores conservadores e têm rendimento superior ao da poupança. O banco
acrescentou que a diferença de informações entre as duas agências pode ter
ocorrido em razão ao perfil de cliente idealizado por cada gerente.
Referência:
febraban.org.br
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