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Investimentos / Fundos - Quando é indicado manter um investimento, mesmo tendo dívidas? 

Data: 15/01/2009

 
 

Um comportamento chamado de contabilidade mental acomete muitos brasileiros. Ele diz respeito ao fato de uma pessoa tratar de seu patrimônio em partes, com finalidades individuais. Seria o caso daquele contribuinte que recebe a restituição do Imposto de Renda e a usa como um prêmio, não destinando o valor para pagar as contas. Ou daquele pai que deixa o dinheiro investido na poupança para a faculdade do filho, mas que mantém dívidas.

Este último caso é frequente. Quem nunca ouviu falar que o dinheiro guardado é "sagrado". Porém, é preciso analisar cuidadosamente, pois nem sempre a orientação se sustenta. De acordo com especialistas em finanças pessoais, o investimento pode - e deve - ser tocado em determinados momentos, principalmente se a pessoa contrair uma dívida e tiver dificuldades para quitá-la.

Não mexer no investimento
O professor PhD da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista), Marcos Crivelaro, é bastante enfático ao falar do assunto: "somente mantenha o investimento se a rentabilidade for maior ou igual do que os juros que se está pagando com a dívida". São poucos os casos em que isso é possível, mesmo porque, historicamente, os juros cobrados em empréstimos e financiamentos são altos no Brasil.

"Se a pessoa tem um CDB ganhando mais de 1% ao mês, e a dívida tem juros de 1%, ela está ganhando, então não é indicado tirar o dinheiro do investimento", explicou Crivelaro. Isso pode ser possível quando tratamos de empréstimos longos, em que as taxas de juros diminuem, e quando tratamos de empréstimos realizados a aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), chamado de consignado - com desconto em folha de pagamento.

Mexer no investimento
Como os juros cobrados no Brasil não costumam ser menores do que a rentabilidade de um investimento, o professor de Economia e Finanças do Departamento de Economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), José Nicolau Pompeo, afirmou que uma pessoa deve sempre mexer em um investimento para pagamento de dívidas.

"Se uma pessoa tem um investimento e dívidas, o planejamento financeiro dela tem nota negativa", afirmou. Para explicar melhor porque os juros são sempre maiores do que a rentabilidade do investimento, ele disse que os bancos captam um dinheiro a uma determinada taxa e, para lucrar, emprestam a uma taxa muito maior.

Renda variável
Em relação à Bolsa de Valores, o professor da PUC-SP afirmou que o desempenho pode ser bom, capaz de fazer com que uma pessoa endividada deixe o dinheiro em ações, ao invés de pagar dívidas. No entanto, tudo isso depende do desempenho da economia. "Seria indicado deixar o dinheiro na Bolsa se o risco dela não fosse tão volátil".

Crivelaro concorda que a pessoa que tem dinheiro em ações e dívidas deve tirá-lo para quitar os débitos, uma vez que os empréstimos têm juros maiores do que a rentabilidade que o tipo de investimento tem dado. "Mas tire o dinheiro mensalmente", indicou o especialista. Desta forma, com a alta volatilidade, pode ser que em algum mês a pessoa consiga acabar ganhando com o investimento.



 
Referência: InfoMoney
Autor: Flávia Furlan Nunes
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