Se você deseja eliminar suas dívidas pessoais e familiares mais preocupantes,
para assim poder aumentar sua tranqüilidade financeira, quero sugerir-lhe este
método prático em quatro passos que desenvolvi especialmente para esse fim:
1º PASSO
Faça um levantamento completo de todas as dívidas pessoais que você e sua
família têm hoje.
Anote na ponta do lápis todas as dívidas pessoais que você e sua família tem
e estude detalhadamente todas as condições em que a dívida foi contraída. É
comum pessoas fazerem novas dívidas ou entrarem em financiamentos sem lerem os
contratos que regem suas obrigações. Por vezes, o contrato acaba nem sendo
fornecido pelo credor no momento da contratação da dívida, e como o devedor não
o solicita, fica por isso mesmo. Só que na hora de renegociar suas dívidas, os
contratos são o ponto de partida.
Se essa "lição de casa" de ler e entender cada contrato das suas dívidas já
não foi feita antes, faça-a agora, com rapidez e precisão. Se possível, consulte
um advogado, um economista ou amigos experientes para auxiliá-lo no processo, e
não desista diante da natural complexidade da linguagem utilizada nos contratos,
porque o interesse é todo seu. Procure neles informações para dar o 2º passo a
seguir:
2º PASSO
Faça um escalonamento de suas dívidas conforme o grau de gravidade de cada
uma.
Preste atenção aos dez principais fatores (listados abaixo) que determinam a
gravidade de uma determinada dívida, comparativamente às outras dívidas que você
pode ter. Você deve analisar suas dívidas, uma a uma, do ponto de vista destes
10 fatores, atribuindo uma pontuação a cada fator, ponderando as pontuações de
todos os fatores para decidir se a dívida é mais ou menos grave.
1) "Poder de sedução" da modalidade de crédito na qual esta dívida em
particular se encaixa, podendo induzir a novos e maiores endividamentos na mesma
modalidade.
2) Nível de taxa de juros ( porcentagem ) que incide sobre o valor devido.
3) Possibilidade de eventual alta nesta taxa de juros ( se não for do tipo
prefixada ).
4) Valor em reais da parcela mensal ( mensalidade ) e seu peso no orçamento
familiar ( percentual ).
5) Valor do saldo devedor a vencer comparado com o valor atual do bem
adquirido através desta dívida.
6) Valor do saldo devedor em atraso, comparado com o saldo a vencer da
dívida.
7) Porcentagem da multa + juros de mora + correção monetária por atraso no
pagamento.
8) Garantia real dada pela dívida ( bem ou direito que se perde ou está em
risco pelo não pagamento ).
9) Possibilidade de coerção social e moral por parte do credor, em caso de
não pagamento.
10) Possibilidade de retaliação de natureza física por parte de quem
emprestou o dinheiro, no atraso.
A dívida do cheque especial, por exemplo, pode ser considerada “grave” porque
é muito “sedutora”, tem juros muito elevados e que podem inclusive subir
repentinamente, embora o peso dos desembolsos mensais com os juros desta dívida
no orçamento familiar não seja muito grande, pelo menos no começo. Já a dívida
do financiamento da casa própria pesa muito no orçamento da família, e por isso
mesmo também pode ser considerada “preocupante”, embora os juros pagos neste
caso sejam bem menores. Cabe a você avaliar.
3º PASSO
Faça o levantamento completo de seus bens e disponibilidades financeiras de
maior liquidez.
Faça uma lista de tudo o que você tem, seja em termos de bens materiais ou
financeiros. Para cada item, pergunte-se: "Se eu colocasse à venda, quanto tempo
demoraria para vender, e quanto – realisticamente falando – eu poderia apurar de
dinheiro líquido na venda?" Fazer-se estas perguntas não significa que você já
tomou a decisão de desfazer-se de nada, mas está apenas considerando hipóteses
para então tomar suas melhores decisões sobre a eliminação das suas dívidas mais
preocupantes.
4º PASSO
Faça o resgate de aplicações financeiras e proceda com a venda dos seus bens
com maior liquidez, empregando o dinheiro na quitação parcial ou total das
dívidas mais graves.
Como professa o ditado: "É melhor perder os anéis do que os dedos." A
sabedoria popular se aplica com muita propriedade a uma situação de
endividamento elevado. Vender bens e resgatar aplicações para "matar" suas
dívidas, por mais indesejável que possa parecer, pode ser o caminho menos
doloroso e mais seguro para "sair do fundo do poço das dívidas".
Vamos supor que você tenha um veículo que vale hoje $10 mil. Se você vendê-lo
hoje mesmo, consegue levantar a disponibilidade financeira líquida de $10 mil.
Este dinheiro pode ser parcialmente utilizado, por exemplo, para quitar dívidas
de $5 mil no cheque especial. Ainda sobrarão $5 mil para servirem como depósito
inicial de uma caderneta de poupança ou aplicação financeira para comprar outro
carro no futuro.
Parece desagradável ter que vender um carro, ou qualquer outro bem que você
tenha conquistado, simplesmente para poder pagar uma dívida. No entanto, se você
não tomar essa atitude agora, e preferir esperar “algum tempo”, digamos oito
meses, para tomar a mesma decisão, sua situação financeira será muito pior.
Duvida? Até lá, o carro já não valerá mais o que vale hoje: você conseguirá
pouco mais de $9 mil com sua venda. Por outro lado, considerando juros de 9% ao
mês, as dívidas do cheque especial terão dobrado de valor nesse meio tempo,
atingindo $10 mil.
Assim fica fácil perceber que, sendo rápido e corajoso, tomando agora a
atitude de trocar um bem por tranqüilidade financeira, você ainda ficará com $5
mil no bolso. Se esperar tão somente oito meses para agir, o que, diga-se de
passagem, é até bem pouco tempo e certamente passa rápido, você ainda terá que
desembolsar um valor extra de $1 mil para resolver a situação. A matemática
financeira não nos deixa mentir: o sacrifício pode ser grande, mas vale sem
dúvida alguma a pena.