Defenda-se - Fraudes: Contábeis e Internas
Introdução e Panorama Geral
Nesta seção enfrentarei o assunto das fraudes internas e/ou contábeis em termos
gerais e com uma finalidade informativa básica.
Na área reservada se encontra uma seção mais detalhada e completa sobre o
assunto.
Por fraudes internas se entende normalmente um conjunto muito amplo de atos
ilícitos sofridos pelas empresas e perpetrados por funcionários, clientes ou
fornecedores da mesma, ou seja por pessoas que já mantêm um relacionamento
estável e, normalmente, de confiança com a empresa.
Existem poucos e fragmentários dados estatísticos sobre a situação das fraudes
internas no Brasil. Segundo algumas fontes os números principais seriam os
seguintes:
- 43,5% das perdas são por apropriação indébita, 30,4% por corrupção,
21,7% por roubos ou 4,4% por outros tipos de fraudes.
- 81,2% dos fraudadores tem segundo grau ou mais.
- 34,3% das fraudes causam perdas de 1 a 10.000 R$, 44,8% causam perdas de
10 mil a 100 mil R$ e 20,9% causam perdas acima de 100 mil R$.
- Em média as empresas fraudadas perdem de 7% a 10% do faturamento global.
- Estimativa de 6% do PIB (ou 70 bilhões de R$) perdidos em fraudes pelas
empresas brasileiras em 2001.
Para termos uma idéia melhor, porém, podemos utilizar também as várias
estatísticas e estimativas que existem para os EUA:
- Prejuízo anual na casa de USD 200 bilhões (segundo outras fontes seriam
USD 600 bilhões) relacionado a fraudes internas (ou seja algo perto de 2,5%
do PIB do país).
- Aproximadamente 80% das empresas perdem entre 0,5% e 2% sobre o
faturamento devido à fraudes internas.
- 69% das empresas tem suspeitas de que existam desonestidades ou já
experimentaram algum problema de fraude interna.
- Desonestidade de diretores, funcionários e colaboradores foram a causa
principal em mais de 50% dos casos de falência de bancos nos últimos anos.
- Um terço das falências de empresas é atribuído a fraudes internas.
- Somente 30% das perdas no varejo são devidas a ladrões, os funcionários
roubam 70%.
Em muitos casos a detecção deste tipo de fraudes é bastante complicada por
enfrentar poderosos interesses de funcionários em posições chave.
Existem casos famosos como as recentes fraudes bilionárias que quebraram várias
gigantescas multinacionais americanas e que foram realizadas através de
maquiagens dos balanços e falsidades nos dados contábeis.
Na secção deste site intitulada "Fraudes e Corrupção no Setor Público", tratamos
ainda do problema específico das fraudes nas repartições públicas e nas
entidades administradas pelo estado, que, por sua natureza, tem muitas
semelhanças com as fraudes internas nas empresas.
Vale também salientar que, em todos os casos, a existência de um sistema bem
implantado de práticas de "Governança Corporativa", resulta em uma incidência
consistentemente menor de fraudes internas e corrupção e sobretudo na criação de
um ambiente muito pouco propício a estes fenômenos.
Na área reservada do site se encontram ainda recomendações das entidades
especializadas, roteiro completo de medidas anti fraudes para empresas e
corporações, cases e outro material relevante no combate às fraudes internas.
As fraudes internas podem normalmente ser divididas em duas grandes famílias:
a) fraudes com registro nos livros contábeis.
Desta categoria fazem parte as fraudes que afetam diretamente o fluxo contábil
ou de caixa da empresa. Exemplos são fraudes nos seguintes moldes:
- faturamentos irregulares (serviços não prestados, mercadorias não
entregues, superfaturamento etc...);
- lançamento de pagamentos indevidos ou fictícios;
- reembolsos irregulares (por viagens, despesas, ...);
- alterações, desvios e/ou roubos nos estoques de mercadorias ou nos bens
da empresa;
- troca de dinheiro da empresa por recebíveis (muitas vezes pouco
líquidos);
- lançamento de gastos "de consumo" irregulares;
- omissões ou falsificações nos registros de operações contábeis ou de
recebimentos;
- falsificação de faturas ou documentos contábeis;
- operações financeiras irregulares.
Na maioria dos casos, este tipo de fraude pode ser detectado no momento dos
pagamentos, ou seja da saída do dinheiro da empresa para a estrutura dos
fraudadores.
Auditorias contábeis e internas bem executadas e profundas também costumam
detectar este tipo de fraudes ou pelo menos seus indícios.
b) fraudes sem registro nos livros contábeis.
Desta categoria fazem parte todas as fraudes que não afetam diretamente o fluxo
normal da contabilidade. Exemplos são fraudes nos seguintes moldes:
- descontos excessivos ou indevidos à clientes;
- freqüentes vendas em dinheiro (com descontos não transparentes);
- descontos de fornecedores não repassados à empresa;
- corrupção geral;
- ganho de comissões em troca de vantagens junto à empresa;
- negociações de créditos ou dívidas.
Este tipo de fraude envolve normalmente valores mais elevados que os das fraudes
do tipo anterior.
Também é comum que este tipo de fraudes se repita regularmente e sem ser
detectado ao longo de muito tempo.
Uma importante fonte para detectar este tipo de fraudes são pesquisas juntos à
clientes e fornecedores e/ou informações recebidas por estes.Medidas
Preventivas e de Combate
Entre os meios mais eficazes para prevenir e combater as fraudes internas
recordarei os seguintes:
- Analise dos fluxos operacionais e identificação prévia dos pontos de
risco para sucessivo intenso monitoramento e adoção de outras medidas
preventivas.
- Realização de freqüentes e rigorosas auditorias nas áreas de negócios
sensíveis as fraudes.
- Troca periódica (a cada dois ou três anos no maximo) dos auditores.
- Criação de um apropriado manual de normas e procedimentos internos, a
ser aplicado pelos funcionários em todas as funções sensíveis.
- Estruturação de um sistema de administração e monitoramento eficientes
com troca e verificação constante e redundante de informações entre os
vários departamentos.
- Rotação freqüente, quando possível, de funcionários em posições
sensíveis à fraudes.
- Criação de equipes para condução de funções chave e sensíveis à fraudes,
eliminando estruturas de decisão e centros de controle independentes.
- Monitoramento de mudanças repentinas e/ou injustificadas no estilo de
vida ou comportamento de funcionários responsáveis por posições sensíveis.
- Atençaõ a eventuais indícios de vícios (jogo, drogas, alcool etc...) dos
funcionários.
- Comparação periódica de dados e informações administrativas e
operacionais com as médias de períodos anteriores (anos, semestres etc...),
com as médias de diferentes departamentos e unidades e com as médias de
mercado para as áreas equivalentes e homogêneas.
- Atenção à reclamações de fornecedores ou clientes que possam ter origem
em comportamentos fraudulentos de funcionários.
Na hora de uma primeira fiscalização contábil, é importante procurar e prestar
atenção, pelo menos, aos seguintes pontos:
- Omissão de lançamentos em registros.
- Lançamentos falsos em registros.
- Anotações falsas em registros.
- Erros nos cálculos em registros.
- Destruição ou "perda" de documentos.
- Falta de documentos.
- Existência de documentos falsos.
- Alteração de documentos originais.
- Duplicidade de documentos ou lançamentos.
- Falta de depósitos bancários ou caixa.
- Aumentos repentinos de custos ou despesas médias.
- Diminuição repentina de receitas médias.
- Pagamentos irregulares ou fictícios.
- Manutenção de dois jogos de livros registros.
- Rasuras e espaços brancos nos registros.
Além disso, vale lembrar resumidamente as seguintes úteis ferramentas para a
detecção e combate as fraudes internas:
- Análise comparativa.
- Conciliação de saldos.
- Conciliação entre contas.
- Comprovações e inspeções documentárias.
- Inspeções físicas (em estoques, por exemplo).
- Confirmação com terceiros.
- Indagações e perguntas.
- Observação da conformidade das rotinas com o fluxograma.
- Apreciação de cifras.
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