Ações / Bolsa de Valores - Dicas pouco convencionais de Max Gunther
Investir em ações com horizonte de curto prazo envolve um
grau significativo de especulação. Comprar um papel com base em informações
sobre o mercado de atuação e desempenho operacional e financeiro de uma empresa
e acreditar que estas vão balizar o futuro de seus investimentos não é garantia
de sucesso, mas ajuda a minimizar riscos.
Por outro lado, comprar uma ação acreditando que em apenas alguns dias ela
estará valendo muito mais do que o preço pago, seja porque as cotações estejam,
em sua opinião, defasadas ou porque os gráficos estão mandando, certamente é
mais arriscado e menos previsível.
Fugindo do convencional
Contrariando grande parte dos ensinamentos financeiros convencionais, que
usualmente não recomendam a adoção desta prática, o polêmico Max Gunther,
investidor profissional e autor do livro "Os axiomas de Zurique", não vê nenhum
problema em especular e vai além: defende a realização de apostas apenas com
quantias que realmente valham a pena.
"A aventura é que dá sabor à vida. E a única maneira de viver uma aventura é
expor-se a riscos. Ao especular com ações, se a quantia for tão pequena que a
sua perda não represente diferença significativa, o mais provável é que tão
pouco trará ganhos significativos".
Como enfrentar e administrar os riscos
Gunther, no entanto, ressalta que isso não significa que todos devem jogar com
somas que, se perdidas, levariam à bancarrota, mas sugere que todos os
interessados em ganhar dinheiro com ações devem perder o medo de se machucar.
Para ajudar a maximizar as chances de sucesso, o especulador apresenta uma série
de práticas que, em sua opinião, ensinam como, utilizando cautela e deliberação,
enfrentar os riscos e encontrar meios de administrá-los, tornando grandes ganhos
mais prováveis do que grandes perdas.
Aposte muito e não diversifique
Além de sugerir especulações com valores representativos, Gunther, em mais uma
sugestão contrária à maioria das amplamente difundidas no mercado, condena à
prática da diversificação. Para o autor, dividir o monte em vários potes ajuda a
limitar tanto as perdas quanto os ganhos.
Outro erro comum apontado por Max Gunther está relacionado ao fato de que a
maioria dos investidores demora demais para realizar lucros. A regra é entre no
negócio sabendo quanto se quer ganhar e saia fora quanto chegar lá.
Não fique esperando por maiores valorizações e não fique remoendo suas decisões
caso ganhos adicionais sejam verificados após a venda de suas posições. Na
média, seguir o plano é sempre mais lucrativo.
Outra tese é a de que um papel deve ser vendido de forma rápida sempre que as
coisas não saírem como o projetado. Pequenas perdas são sempre melhores do que
grandes perdas. Outra coisa: nunca fique preso a um papel. Preserve a
mobilidade.
O futuro é praticamente imprevisível
Em relação ao comportamento futuro dos mercados, Max Gunther é bastante cético.
"Os mercados refletem o comportamento humano, variável praticamente
imprevisível. Ficar dando atenção a profetas não dá lucro algum. Muito menos
supor que o passado ou padrões históricos vão sempre se repetir".
A sugestão é montar um programa especulativo baseado em reações rápidas a
eventos reais e nunca em projeções ou dicas infalíveis. Confie apenas em
informações que possam ser explicadas e nunca se prenda a esperanças, teimosia
ou otimismo infundado. Recomendações esotéricas, então, nem pensar.
Gunther condena ainda a usual prática de seguir a maioria. "Com freqüência, a
melhor hora de se comprar alguma coisa é quando ninguém a quer", enfatiza.
Por que planejar no longo prazo?
Em mais uma sugestão que vai contra grande parte dos dogmas de investimento, Max
Gunther, tendo como base a premissa de que os movimentos futuros das pessoas e
dos mercados são praticamente imprevisíveis, é contra a elaboração de planos de
investimento de longo prazo.
A visão é de que o especulador deve reagir aos fatos à medida que forem
surgindo, no presente. "Quando enxergar uma oportunidade, corra atrás; quando
ver o perigo, dê o fora. No que se refere a dinheiro, tudo que se precisa, em
matéria de planejamento a longo prazo, é da intenção de ficar rico".
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