Depois de muito pensar, você finalmente decidiu que vai
trocar seu carro por um novo. Mas, ainda assim, está com dificuldades para dar o
próximo passo e, finalmente, realizar seu sonho de consumo. Não se desespere,
sua apreensão é mais do que justificada.
Não estamos falando só de um gasto significativo, pois mesmo que esteja trocando
um carro usado por um novo, terá que desembolsar uma quantia razoável, ou como
acontece em cerca de 70% dos casos, terá que levantar um financiamento.
O objetivo deste artigo é ajudá-lo no processo de decisão sobre que carro
comprar, assim como dar dicas de como negociar com os revendedores, de forma a
promover a realização do seu sonho de consumo, sem que você perca o controle das
suas finanças. Estar atento a algumas regras básicas é o suficiente para que a
compra do seu carro novo não lhe tire mais o sono!
Faça sua lição de casa
Assim que tiver uma idéia do carro que pretende comprar, você deve procurar
ajuda especializada. Em outras palavras, tente se informar o máximo possível
sobre os vários modelos existentes, suas vantagens e desvantagens. Carro é uma
das paixões do brasileiro, de forma que o que não falta é informação sobre novos
modelos. Vale a pena dedicar um pouco de tempo à tarefa.
Na seção de índices do site da Fundação Instituto Pesquisas Econômicas - FIPE
(http://www.fipe.com.br), por exemplo, você encontra muita informação sobre
preços de carros usados e novos. Com estes dados em mãos, é possível analisar um
pouco mais a taxa de desvalorização dos modelos de seu interesse.
Lembre-se que, quando um carro perde valor muito rapidamente, isso em geral
reflete a procura por este tipo de veículo. E isso é um fator muito importante a
ser analisado, já que em algum momento você vai querer vender esse carro, e é
bom evitar surpresas. Assim, quando o preço do usado cai muito rápido, isso pode
ser indício de que o modelo pode sair de linha, ou que não foi bem aceito, gera
muitos problemas de mecânica ou, simplesmente, tem custo alto de manutenção.
Se você tem um carro usado, que já está próximo de virar sucata, é hora de se
planejar. Pois, mesmo que já saiba o modelo que quer e não faça questão da cor,
até conseguir sair da concessionária com seu carro novo pode ter que esperar
mais algumas semanas. E, como você não quer, e não deve, se sentir pressionado,
o melhor mesmo é planejar a compra do seu carro com alguma antecedência.
Se for precisar de financiamento, comece pesquisando as condições que são
oferecidas no mercado, de forma a ter argumentos para negociar na hora em que
efetivamente estiver fechando o negócio, e junte a documentação necessária.
Demonstre saber o que quer
Coletadas as informações suficientes sobre os modelos de seu interesse e as
condições de pagamento, coloque tudo em uma pasta, e dirija-se à concessionária.
Está na hora de começar a negociar!
Deixe claro para o vendedor que você sabe o que quer, e que já se informou sobre
quase tudo. Caso tenha pesquisado modelos semelhantes de outras montadoras,
questione pontos considerados fracos do modelo que está vendo, e peça ao
vendedor para compará-lo com um semelhante de outra montadora.
Esta é uma boa oportunidade para deixar à mostra sua pasta com informações. Na
pior das hipóteses, ouvir a argumentação do vendedor ajuda a eliminar dúvidas
que você possa ter, e, com um pouco de sorte, você consegue negociar condições
mais favoráveis de pagamento.
Não perca tempo desnecessário
Seja direto e demonstre claramente que tem interesse, mas não está disposto a
perder o dia todo em jogos, e não vai pagar mais do que considera justo pelo
carro. Uma estratégia comum entre alguns vendedores é a de reter o comprador o
máximo de tempo possível, de forma que este se transforma em um verdadeiro
prisioneiro.
Cansado e sem ânimo, ou tempo, para visitar outro revendedor, o comprador muitas
vezes acaba cedendo. É por isso que é bom se planejar. Não tenha pressa! Uma
sugestão é fazer uma consulta preliminar por telefone, para ter uma idéia de
quais revendedores são realmente competitivos em termos de preço, ou condições
de pagamento.
Selecione no máximo cinco, não é preciso mais. Comece a negociação mencionando o
menor preço que recebeu na sua pesquisa pelo telefone. Se o vendedor pedir para
falar com seu gerente, estabeleça as regras e mencione que irá esperar apenas 15
minutos. Alguns vendedores aproveitam este momento para fazer com que o
comprador espere, e depois voltam dizendo que demoraram horas para conseguir uma
determinada oferta.
Esteja preparado para ir embora
Caso o vendedor demore mais do que o prazo que você estabeleceu, avise algum
colega dele de que está saindo, se ele não vier imediatamente, esteja preparado
para ir embora. Lembre-se que o vendedor não está lhe fazendo um favor, mas sim
trabalhando, e que se realmente tiver uma boa oferta tem seu telefone e pode
contatá-lo. Se não ligar isso confirma que você estava perdendo tempo.
Quando perceber que recebeu a melhor oferta, peça um tempo para pensar. Não caia
no argumento de que a oferta vale só naquele momento, pois não é tão fácil
vender um carro assim. Ao visitar o próximo revendedor, comece a negociar nos
termos da melhor oferta que recebeu até o momento.
Neste momento você já tem uma boa idéia de mais ou menos quanto deve pagar pelo
veículo, o que significa que não deve perder tempo discutindo ofertas muito
acima deste valor. Cada minuto perdido com um vendedor, que não tem como lhe
fazer uma oferta melhor, é tempo que você deixa de ter com outro, que pode estar
preparado para lhe oferecer algo mais atrativo. E, como em geral as boas ofertas
duram pouco, é bom você não perder mais tempo do que acha necessário.
Se financiar, não compare só prestação
Se precisar financiar a compra, mencione que já conta com um crédito junto ao
seu banco, mas que tem interesse de saber qual a taxa que está sendo cobrada.
Com isso, você garante que ele irá lhe informar a melhor taxa possível, e assim
não perderá tempo negociando algo que poderia conseguir de cara.
Caso outro revendedor tenha oferecido juros mais baixos, mas sob um preço mais
alto do carro, faça as contas antes de se decidir. Dependendo da diferença do
valor que está sendo financiado, os juros mais baixos, sobretudo, se houver
taxas adicionais, podem não valer a pena. Por exemplo, assumindo um prazo de 36
meses, vale mais a pena financiar a juros de 3,5% ao mês, um carro de R$ 21 mil
do que a juros de 2,9% um carro de R$ 24 mil. No primeiro caso você gasta R$ 36
mil e no segundo R$ 37,9 mil!
Outra dica é não prestar atenção somente na prestação. Muitas vezes a prestação
é menor, mas isso reflete um prazo mais longo, o que passa ao comprador a ilusão
de que está gastando menos. No exemplo acima, por exemplo, se o carro de R$ 21
mil a juros de 3,5% for financiado em 48 meses e não 36, a prestação cai de R$ 1
mil para R$ 879, cerca de 12% menor. Porém, em termos de gastos totais no
financiamento de 36 meses você gasta R$ 36 mil, e no de 48 meses gasta R$ 42,1
mil.
Não acumule mais de um financiamento
Procure financiamentos com prazo inferior a 36 meses e, caso isso não seja
possível, informe-se sobre as condições oferecidas na quitação antecipada do
financiamento.
Caso não seja possível quitar antecipadamente, você tem duas alternativas. A
primeira simplesmente é não trocar de carro até quitar o financiamento, o que
pode ser difícil se o prazo for muito longo. Já a segunda permite a troca, mas
neste caso ou você vende o carro antigo e transfere o financiamento, ou compra o
segundo carro à vista.
Em hipótese nenhuma acumule mais de um financiamento de carro em seu nome. Ainda
que o comprador pareça idôneo e tenha afirmado que irá manter os pagamentos do
primeiro financiamento, basta que ele enfrente alguma dificuldade financeira
para que, sabendo que não é o nome dele no contrato, atrase a prestação sem
grandes problemas.
Isso vale também para quando o carro é vendido para a revendedora, que fica
responsável pelo pagamento das prestações restantes. Não são raros os casos de
revendedores em dificuldades, que não honram estes pagamentos, o que acaba
gerando muita dor de cabeça ao vendedor, cujo nome está no contrato.
Para quem sempre troca de carro em períodos específicos de tempo, o melhor, sem
dúvida, é se planejar. Financie por um prazo semelhante ao que pretende trocar o
carro, e acresça um percentual fixo (ex. 10%) ao valor da prestação. E aplique
esta quantia todos os meses com o intuito de juntar uma quantia extra para
reduzir sua necessidade de financiamento do novo carro. Planejando sua troca,
tudo fica mais fácil!