Cartão de crédito - Aprenda a usá-lo de forma consciente
Desde que usado de forma consciente, o cartão de crédito pode
sim ser um aliado inestimável na gestão das suas finanças. Mas, para que isso
seja possível, é importante que você aprenda a entender o seu funcionamento, e
invista em um planejamento financeiro eficiente.
Parece difícil? Mas não é. A primeira coisa que vale a pena lembrar é que os
cartões de crédito, apesar do nome, podem não ser usados para esta função. Ou
seja, desde que você pague a sua fatura integralmente no dia do vencimento, o
cartão de crédito funciona simplesmente como um meio de pagamento.
Como meio de pagamento, o cartão oferece muitas vantagens. Dentre elas, merecem
destaque a segurança e a praticidade. Não só o cartão oferece mais proteção em
caso de roubo e extravio do que o dinheiro, como dá mais garantias ao consumidor
no caso de cobrança indevida. Imagine uma situação que, por engano, a vendedora
cobra a mais de você. Caso tenha pago em dinheiro, fica difícil provar o
equívoco; já no cartão, você pode pedir a revisão da cobrança.
Crédito consciente exige planejamento
As dificuldades surgem quando o cartão é usado para financiamento. Isso acontece
sempre que você deixa de efetuar o pagamento integral da fatura. Neste caso, o
saldo que não foi quitado é financiado com base em uma taxa de juro pré-acordada
com o banco emissor do cartão.
Não há nada de errado em usar o cartão de crédito como uma alternativa de
financiamento, desde, é claro, que você planeje a decisão de financiar. Se
efetivamente aconteceu um imprevisto, o cartão de crédito pode ser a melhor
alternativa de financiamento. Mesmo os juros cobrados sendo maiores (cerca de
10% ao mês), se você tiver certeza de que poderá quitar a dívida em um ou dois
meses, é mais vantajoso do que levantar um empréstimo pessoal (5,5% ao mês).
Faça as contas
A razão para isso é simples: no empréstimo pessoal você precisa levantar um
financiamento por um prazo mínimo (de, em geral, 12 meses) e muitas vezes também
precisa levantar quantias pré-definidas, que podem superar o valor que precisa.
A combinação destes dois fatores faz com que você acabe gastando mais com juros,
como ilustrado na tabela abaixo.
|
Cartão de crédito |
Empréstimo pessoal |
Valor financiado |
R$ 750,00 |
R$ 750,00 |
R$ 1.000,00 |
Taxa de juro |
10% ao mês |
5,5% ao mês |
5,5% ao mês |
Prazo de financiamento |
2 meses |
12 meses |
12 meses |
Total gasto com juros |
R$ 157,50 |
R$ 240,00 |
R$ 319,80 |
Fica fácil de ver, na tabela acima, que, mesmo emprestando a uma taxa de juro
maior, o cartão pode ser uma boa opção, se você puder quitar a dívida
rapidamente. Além de ilustrar o peso que o prazo tem no gasto com juros,
mostramos como uma diferença relativamente pequena do valor de empréstimo pode
acabar pesando ainda mais.
Não deixe a exceção virar regra
O problema surge quando a exceção vira regra, ou seja, você acaba se acostumando
com esse "dinheiro extra" que o limite do cartão oferece, e passa a considerá-lo
como parte da sua renda.
Quando isso acontece, você acaba consistentemente gastando mais do que recebe, e
exatamente por isso, recorre ao limite do cartão de crédito praticamente todos
os meses. Nesse caso, ao invés de financiar por dois meses, como na tabela
acima, você na verdade estaria "rolando" esta dívida de mês em mês.
Se você já está comprometendo mais do que 25% da sua renda mensal com o
pagamento de dívidas, é hora de acender o sinal de alerta. Avalie com cuidado
seu padrão de gastos e identifique formas de economizar de forma a pagar, o mais
rápido possível, a sua dívida.
Mantenha os pagamentos em dia
Ignorar esses sinais de alerta só servirá para piorar a sua situação. Antes do
que imagina, a sua dívida terá crescido de tal forma, que você começa a ter
dificuldades até mesmo de manter o pagamento mínimo.
Evite que isso aconteça a qualquer custo, pois, no momento em que começa a ter
dificuldades para pagar o mínimo e atrasa os pagamentos, não só a sua dívida
cresce mais rapidamente, como o seu perfil de risco piora, o que pode levar o
banco emissor do cartão a rever os juros do seu cartão.
Se você se encontra nesta situação, o melhor é entrar em contato com o banco
emissor e tentar renegociar a dívida. Não aceite a recomendação da atendente do
SAC de pagar apenas o mínimo ou pular um pagamento. Fale com o seu gerente e
informe-se sobre como proceder para ter direito a um plano de renegociação.
Não financie consumo
Fica fácil ver, portanto, que você deve refletir com calma antes de financiar no
seu cartão. Nunca use o cartão para financiar gastos correntes como compra de
alimentos ou outros itens de consumo. Ao invés disso, reflita se não é possível
economizar em outra parte do seu orçamento, de forma a evitar o financiamento no
cartão.
Nunca use o cartão de crédito para saques. É prático e cômodo, mas, por isso
mesmo (por não ter que se esforçar tanto para conseguir o dinheiro), você acaba
se acostumando e, quando vê, está sacando no "crédito" para comprar as coisas
mais banais.
Assuma o controle!
Não se esqueça: o cartão é um produto financeiro. E, como tal, cabe a você
pesquisar aquele que mais atende às suas necessidades. Pesquise taxas e
condições: se acreditar que vale a pena, transfira a dívida de um cartão para
outro, ou consolide várias dívidas em um único cartão.
Mas, em todas as situações, lembre-se que você é o responsável pela sua saúde
financeira. Isso não pode ser terceirizado. O banco emissor e a administradora
do cartão podem até cobrar taxas abusivas, mas cabe a você se informar e,
sobretudo, evitar usar a opção de crédito nestes casos. A falta de planejamento
é que leva as pessoas a perderem o controle da sua situação financeira.
Aprenda a usar o seu cartão de forma eficiente e você logo verá os benefícios no
seu histórico de crédito. Mais para frente, quando efetivamente precisar de um
empréstimo para comprar a sua casa, por exemplo, perceberá que tudo ficará mais
fácil.
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