Riscos e vantagens dos novos produtos para a classe média
Título de capitalização, consórcio, autofinanciamento, linha de crédito FAT,
empréstimos de bancos privados e até empresas que - acreditem - prometem
empréstimos com prazo de dez anos e sem juros. De uma hora para outra, os planos
da classe média de comprar um imóvel - seja a casa própria ou o segundo imóvel
para investir ou deixar para os filhos - foram invadidos por uma tal variedade
de produtos que escolher a modalidade de compra ficou quase tão difícil quanto
encontrar o próprio imóvel.
''Não há como definir o melhor produto, porque tudo depende das condições e
necessidade de cada pessoa. O essencial é o consumidor conhecer em detalhes o
produto que está comprando, quais são os riscos e vantagens '', diz Alexandre
Oliveira, técnico de Assuntos Financeiros do Procon-SP.
Os especialistas também afirmam que não existe um produto perfeito, sobretudo
para quem tem salário mensal acima de R$ 2 mil. ''Para essa faixa, os
financiamentos com recurso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) são
vantajosos, porque os juros são menores. Mas para classe média a situação está
muito complicada'', diz Mauro Halfeld, professor de Finanças da Universidade
Federal do Paraná e especialista em orçamento pessoal. Dos produtos disponíveis
hoje para a classe média, Halfeld acha que o melhor é a linha da Caixa com
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Esse financiamento tem juros
da TJLP (hoje em 9,5% ao ano) mais juros de 4% a 5%. ''O grande problema é que
essa linha não vale para imóveis usados. Comprar imóvel na planta é um risco
enorme, tanto de não haver entrega, quanto do produto não ser o esperado. Mesmo
o imóvel já pronto, sai muito mais caro do que um usado''.
O vice-presidente de Incorporação do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP),
Basílio Jafet, lembra outros problemas. ''As exigências para os candidatos a
mutuários são tantas que, mesmo existindo, ninguém consegue ter acesso ao
dinheiro. É uma pena porque é um bom momento para comprar. Os preços dos imóveis
não aumentam há um ano'', afirmou.
A Caixa informou que de R$ 1 bilhão disponível na linha FAT desde janeiro, foram
emprestados apenas R$ 32 milhões ou 3,2% do total. Para tentar melhorar o
desempenho do programa, a Caixa flexibilizou um pouco as regras. Desde o começo
deste mês, o valor da renda familiar comprometida com o pagamento da prestação
subiu de 25% para 30% e o prazo de pagamento aumentou de 150 para 168 meses. A
Caixa informou que há mais R$ 230 milhões em empréstimos do FAT e em fase de
concessão.