Aposentadoria - Custos: Pedágio da previdência (taxas e taxa de carregamento)
O caminho para a conquista da aposentadoria tranqüila é estreito. Além de
manter disciplina para não resgatar o valor acumulado ao longo de anos, os
participantes da previdência privada têm de bancar taxas que podem chegar a 10%
sobre os valores aplicados. Esse é o custo das taxas de carregamento, que podem
fazer bastante diferença na hora de sacar os recursos. A taxa de carregamento é
cobrada além da taxa de administração - que banca a gestão dos recursos, como em
um fundo de investimento comum, e é calculada diariamente sobre as cotas do
plano.
Em geral, a taxa de carregamento não costuma superar 5% do valor de cada aporte.
Quando o carregamento é cobrado no resgate dos benefícios, ou no caso de
transferência para outro gestor (portabilidade), pode chegar até a 10%, mas,
nesses casos, sempre acompanha uma tabela decrescente conforme o tempo em que o
dinheiro permanecer no plano. A taxa tem efeito limitado no resultado dos fundos
no longo prazo. Uma variação de um ponto percentual no carregamento de uma
aplicação de R$ 1 mil, por exemplo, com uma taxa de juro média de 10% ao ano e
em um prazo de 20 anos, resulta em uma diferença de R$ 67,25 no valor sacado. Já
uma diferença de um ponto percentual na taxa de administração nesse período
equivaleria a uma queda 16,7% ou mais de R$ 1 mil no resultado que, livre das
duas taxas, seria de R$ 6.727,50.
Mas para quem pensa em fazer investimentos por períodos menores, a taxa de
carregamento representa impacto importante no resultado final. Em saques em
período de um ano, por exemplo, o resultado da aplicação será tanto menor quanto
maior for a taxa de carregamento. Ao aplicar num plano com taxa de carregamento
de 5%, o investidor receberá retorno praticamente 5% menor do que se aplicasse
em um plano isento dessa cobrança nesse período. Portanto, a taxa de
carregamento é tanto mais importante na escolha dos planos, quanto menor for o
período de aplicação.
As taxas de carregamento são cobradas, em geral, sobre os depósitos feitos,
tanto o inicial como os seguintes. Elas bancam as despesas administrativas, de
corretagem e oferta dos planos pelas seguradoras. Segundo Osvaldo do Nascimento,
presidente da Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp), a cobrança da
taxa de carregamento é encontrada nos modelos decrescente, conforme o valor dos
aportes ou de patrimônio acumulado. Pode também incidir segundo o período em que
o investimento é mantido ou ser constante. Entre as maiores seguradores do
mercado, o investidor quase sempre encontra taxas cobradas na entrada,
decrescentes conforme o volume aplicado. Em planos corporativos, essas regras em
geral são revistas, porque há menos custos para as seguradoras, e o carregamento
freqüentemente é deixado de lado, diz Nascimento.
A lógica da taxa de carregamento decrescente, segundo Nascimento, é que, com o
tempo, o pagamento da taxa de administração pela gestão compensará a isenção.
"As taxas de carregamento brasileiras estão no nível das cobradas nos Estados
Unidos e na Europa." Segundo ele, há empresas de previdência que aceitam
negociar as taxas de carregamento.
O percentual máximo de cobrança da taxa de carregamento é 10%, no caso do Plano
Gerador de Benefícios Livres (PGBL) ou do Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL),
segundo legislação da Superintendência Nacional de Seguros Privados (Susep). De
acordo com a reguladora, "o participante deve ter o conhecimento da contribuição
paga para cada tipo de benefício contratado, bem como do percentual de
carregamento na proposta de inscrição, certificado de participante e
regulamento".
Segundo Felinto Sernache Coelho, sócio da consultoria Towers Perrin e
especializado em previdência, o mercado tem reduzido os valores cobrados pelo
carregamento nos últimos anos. "As seguradoras estão transferindo cada vez mais
sua fonte de renda para a taxa de administração dos recursos investidos." Nos
últimos anos, diminuiu a taxa de carregamento, algumas vezes chegando a zero,
mas houve um ligeiro aumento na taxa de gestão financeira, diz ele. Isso
estimula o investidor a ficar mais tempo nos planos, completa.
Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência, explica que a
queda se justifica porque os aportes em planos de previdência têm crescido e o
mercado também está mais maduro, o que permite que os participantes paguem
carregamentos decrescentes. No Bradesco, a taxa é cobrado por uma tabela
decrescente, segundo o valor acumulado, que cai de 5% a 0%. No Itaú, a taxa de
carregamento vai de 5%, para quem tem até R$ 10 mil no fundo, para até 0,75%
sobre os aportes, para quem investir mais de R$ 100 mil. A Brasilprev também
isenta de carregamento os aportes de quem tem saldo acima de R$ 100 mil e,
abaixo desse valor, a cobrança varia até 4%.
A redução da cobrança de carregamento em função do saldo acumulado e do período
de permanência no plano beneficia os poupadores de longo prazo, diz Marco
Antonio da Silva Barros, superintendente comercial de varejo da Brasilprev. A
seguradora do Banco do Brasil cobra parte do carregamento no aporte e outra
parte em caso de resgate em período abaixo de dois anos, que é chamada de taxa
postecipada. "É a mesma teoria que o governo usou ao criar a tabela regressiva
de imposto de renda, que estimula o investimento de longo prazo", diz ele.
O carregamento só pode ser cobrado uma vez. Portanto, se o participante desejar
transferir seu saldo entre diferentes planos e já tiver pago a taxa na entrada
ou na saída do primeiro plano, não deverá pagar nada no segundo. Essa regra,
segundo Nascimento, facilita a migração dos participantes entre os diferentes
planos.
Para Coelho, da Towers Perrin, a concorrência e a evolução do mercado poderão
levar a taxa de carregamento a desaparecer ou ficar muito próxima de zero no
futuro. Para ele, as seguradores deveriam também já prever taxas de
administração de recursos decrescentes. "Porque, se não reduzirem, com o maior
saldo que os participantes acumularão no futuro, eles procurarão taxas de
administração mais baixas migrando entre planos", diz o executivo.
Tenha em mente que vc tem a capacidade de pesquisar e negociar. Não são eles que
estão fazendo um favor para você , e sim você que fará o favor de escolher essa
instituição para administrar o seu suado dinheiro.
Quanto maior o valor que você tem a vista , maior a sua capacidade de
negociação.
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