De uns tempos para cá, a mídia brasileira começou a veicular notícias e
reportagens sobre finanças pessoais como nunca antes se viu. Esse fato tem
aumentado o interesse de muitas pessoas em buscar informações sobre como
administrar seu próprio dinheiro. Com o fácil acesso à Internet, começam uma
busca desenfreada sobre as mais variadas informações, encontrando dicas de como
gastar menos, investir melhor, sair das dívidas etc.
Depois dessa fase, aqueles que não se perderam no emaranhado de conteúdos
disponíveis partem para cursos sobre investimentos, iniciam o controle do
orçamento doméstico e fazem de tudo para convencer aos outros de que a educação
financeira é essencial e traz resultados práticos!
Como estudioso da área, vejo como extremamente salutar a atenção dada às
finanças pessoais, pois tenho convicção que essa é uma dimensão importante a ser
considerada no mundo capitalista em que vivemos. Porém, minha intenção com esse
texto é a de defender o ponto de vista de que toda essa preocupação com o
dinheiro deve vir acompanhada de uma reflexão muito profunda sobre a importância
das finanças pessoais na vida de cada um.
Escrevo isso ao constatar que os caminhos sugeridos pelos especialistas,
apesar de possuírem certa lógica, são de difícil aplicação no dia a dia. Mudar
hábitos que, durante anos, foram tidos como normais não acontece da noite para o
dia. Adquirir conhecimentos financeiros sobre tributação, taxas de juros, fluxo
de caixa, dentre outros, também não.
E todo esse mundo novo que se abre aos olhos do leigo causa uma mistura de
angústia (pelo tempo perdido) e ansiedade (para colocar em prática todas as
informações que está absorvendo). E isso não é necessariamente bom, pois a vida
da pessoa pode não melhorar em termos de bem estar. Sai de um problema (dívidas)
e entra em outro (compulsão em poupar, poupar, poupar), de efeitos também
nocivos.
Educar-se financeiramente precisa ser um ato que melhore a qualidade de vida,
hoje e no futuro. O estudo das finanças pessoais deve proporcionar uma nova
filosofia comportamental que se incorpore naturalmente às suas atitudes e modo
de pensar - e não apenas uma obsessão em conseguir aumentar cada vez mais seu
patrimônio, sem um porquê.
É importante que você encontre uma resposta para a seguinte pergunta: por que
devo guardar dinheiro? Talvez esse exercício de reflexão não seja fácil, mas
quem disse que a vida é simples?
Por fim, gostaria de passar a mensagem de que você pense no dinheiro como
meio para conquistar algo relevante, não como um fim por si só. Não caia na
armadilha da ganância, deixando de lado princípios morais e éticos, na busca de
enriquecer a todo custo. Não deixe o dinheiro dominá-lo, pois é ele quem deve
lhe servir. Use da liberdade que o dinheiro proporciona para aumentar sua
satisfação pessoal, das pessoas com quem convive e, se possível, daqueles que
passam necessidades.
Antes de uma mudança brusca em seus hábitos de consumo e investimento,
reflita. Tenho certeza que reservar alguns momentos para pensar no assunto terá
um efeito muito positivo em suas finanças pessoais, pois lhe dará uma melhor
compreensão sobre o papel do dinheiro em sua vida. Assim, suas chances de
sucesso financeiro e pessoal aumentarão. Naturalmente!