Problemas interpessoais dentro das organizações são tão frequentes, que vire
e mexe viram temas de livros e filmes. Mas o que poucos percebem é a
oportunidade de desenvolvimento pessoal que esse tipo de conflito favorece.
Não existe curso melhor e sem custo algum para aprimorar a competência de
trabalhar em equipe, habilidade tão estimada no ambiente corporativo. Nesse
sentido, o presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, Villela da Matta,
afirma que, ao longo da carreira, todos os profissionais vão ter de,
eventualmente, enfrentar problemas com chefes ou algum colega de trabalho.
Nesse momento, no entanto, mudar de área ou pedir demissão podem ser até
alternativas a que o profissional poderá recorrer, mas devem ficar entre as
últimas opções. Antes de optar por sair, ainda há muito o que se fazer. “A pior
coisa que o profissional pode fazer é abandonar o barco. Se ele fizer isso, ele
não vai desenvolver nenhuma habilidade”, avaliar Matta.
Transforme problemas em metas
De acordo com a lógica de Matta, os profissionais não devem focar nos
problemas, mas, sim, transformar os problemas em objetivos. Na prática, isso
quer dizer o seguinte: imagine que você precisa que seu chefe aprove uma ideia
sua, mas ele diz não e é irredutível. Ao invés de se apegar à negação e achar
que seu chefe é o grande obstáculo da sua vida, transforme a aprovação dessa
ideia na sua próxima meta.
Desta forma, o problema deixa de ser um simples obstáculo para se transformar
em algo muito maior, em um objetivo que fará com que o profissional pare, pense,
reflita e descubra uma saída que não havia visto anteriormente. Isso pode não
ser fácil, mas os ganhos também não serão poucos.
“As pessoas querem conforto. Vemos todos os dias que muitos profissionais
estão insatisfeitos com o chefe, mas isso acontece porque estão buscando o
caminho mais fácil, mais confortável”. Realmente, mudar de área ou mesmo de
empresa pode acabar com o conflito rapidamente, mas não é o caminho certo no
longo prazo, observa Matta.
No curto prazo, haverá um novo chefe, uma nova equipe e a superficial
percepção de que todos os problemas desapareceram. No longo prazo, porém, haverá
um profissional que não sabe lidar com problemas, inflexível e sem habilidade de
trabalhar em equipe.
“O dia em que você não tiver dificuldades você vai parar de crescer” é um
ditado que se aplica muito bem nessa questão. Nenhum profissional se desenvolve
se fugir dos conflitos e optar pela saídas mais fáceis.
O que eu preciso fazer?
A orientação é nunca culpar fatores externos pelos problemas que são postos
no caminho. Fingir que nada está acontecendo ou culpar terceiros não vai ajudar
em nada. Matta é enfático, ao sugerir que o profissional enfrente o problema,
“saia da zona de conforto, analise o que não está dando certo e pense no que
precisa fazer para que as coisas melhorem”.
Lembre também que buscar o caminho mais simples pode ser algo que já vem de
família, e é preciso lutar contra isso. Muitas pessoas têm a tendência de se
colocar como a vítima da história, quando o mais adequado seria assumir o
controle dos problemas.
Para ajudar nesse processo, Matta ainda orienta: “o profissional precisa ter
um objetivo na carreira. Se ele não tiver uma meta, ele acaba se perdendo nos
meios e se esquece dos fins”.