De um lado as empresas querem profissionais qualificados, que possuam no
currículo cursos de extensão, especialização e pós-graduação. De outro, os
profissionais precisam trabalhar e nem sempre possuem tempo suficiente para se
deslocar até as escolas enfrentando, por exemplo, o trânsito intenso das grandes
capitais.
Juntando a necessidade de estudar com as dificuldades em frequentar os
centros de ensino, uma das respostas que surge é a modalidade de ensino EAD
(Ensino a Distância). No entanto, mesmo se apresentando como uma opção para
enfrentar os problemas inerentes às sociedades dinâmicas, ainda existem dúvidas
e insegurança quando o assunto é novas formas de ensino, em especial, o
realizado de forma não presencial.
Segundo a associada e colaboradora da Abed (Associação Brasileira de Ensino a
Distância), professora Consuelo Fernandes, “a insegurança que a sociedade ainda
tem frente aos cursos a distância reflete a nossa própria história, que é uma
história de ensino presencial. Muitos ainda têm a ideia de que só é possível
aprender se alguém - um professor - estiver controlando e ensinando o aluno
diretamente”.
É possível perceber, portanto, que o receio está mais ligado à dificuldade da
sociedade em aceitar os avanços tecnológicos do que com a real eficácia do
modelo. Mesmo assim, os benefícios já estão sendo confirmados, as vantagens são
claramente perceptíveis e quem tiver vontade e disposição a sugestão é que se
invista, sim, no ensino a distância.
Cursos internacionais
Um dos fatores que contribui para o avanço do ensino a distância e ajuda a
sociedade a confiar cada vez mais na modalidade é o fato das escolas
tradicionais já ofertarem esse tipo de curso. Universidades federais e privadas,
como a FGV (Fundação Getulio Vargas) e a PUC, por exemplo, já aderiram ao EAD.
Consuelo ainda vai mais longe. Além de grandes centros de ensino no Brasil,
os interessados podem, sem sair de casa, realizar cursos em universidades
renomadas no mundo todo. MIT (Massachusetts Institute of Technology), Harvard,
universidades na Espanha, França, Inglaterra, entre outras, também oferecem esse
tipo de curso.
Nos cursos internacionais, o interessado deverá passar por um processo
seletivo, que usualmente avalia o nível de proficiência na língua que o curso
será ministrado, normalmente o inglês, e análise do currículo. Ainda, será
preciso realizar, ao longo do curso, cerca de duas viagens para concluir os
estudos, isso nos casos de graduação e pós-graduação; os cursos livres já não
são tão exigentes. No Brasil, as exigências são parecidas.
A visão das empresas
Caso tenha realizado um curso a distância e esteja se perguntando se deve ou
não colocar essa informação no currículo, de acordo com o gerente de
relacionamento da FocoTalentos, Gustavo Nascimento, a sugestão é que adicione,
sim, essa informação. “É importante que o candidato já inicie sua relação com o
empregador da forma mais clara e transparente possível. As empresas não fazem
diferenciação entre aqueles que realizaram cursos a distância ou presenciais”,
pondera Nascimento.
De fato, quando o curso que se pretende fazer é uma graduação, pode ser mais
interessante optar pela modalidade presencial, devido a outros motivos que vão
além do simples aprendizado. No entanto, com relação aos cursos de extensão,
especialização e pós-graduação, que são foco do público mais experiente e
maduro, optar pela modalidade a distância é favorável.
Nascimento ainda observa que, no máximo, o candidato será questionado,
durante o processo seletivo, sobre as razões que o levaram a optar pelos cursos
não presenciais. Frisar seu interesse em desenvolver sua carreira e aumentar
seus conhecimentos é sempre recomendado.
Principais cuidados
Quando o profissional entende os benefícios e decide ingressar em um dos
diversos cursos a distância é importante prestar atenção em alguns fatores. Em
primeiro lugar, em casos de cursos de graduação e pós-graduação (Lato Sensu), é
importante verificar junto ao MEC se o curso está autorizado. A pesquisa é
simples e pode ser feita no próprio site do ministério.
Nenhum curso a distância, reconhecido pelo MEC, é 100% não presencial. Será
preciso que o aluno se desloque, em determinados momentos do curso, até a
instituição de ensino, seja para realizar provas ou apenas para se reunir com o
professor e com o grupo. O MEC também exige que, para uma escola oferecer um
curso a distância, ela deve obrigatoriamente já ofertar esse mesmo curso na
modalidade presencial.
Outra recomendação antes de se matricular é optar por escolas renomadas, que
possuem certa tradição no mercado. Caso o interessado fique na dúvida quanto à
real integridade do curso, a sugestão é entrar em contato com pessoas que já
finalizaram o curso em questão. Também é interessante se certificar que existe
uma proposta de interatividade, ou seja, se o aluno poderá conversar com o
professor, tirar dúvidas e entrar em contato com o grupo.
Para não perder tempo e garantir que o dinheiro será bem investido, esqueça a
lógica de que cursos a distância devem ser de baixíssimo custo. Manter
professores, estruturar projetos pedagógicos eficientes e úteis, que realmente
vão ajudar no desenvolvimento da sua carreira, não é uma tarefa barata. Apesar
de não haver todo o aparato físico, como no caso dos cursos presenciais, um
ensino a distância eficiente requer muitas ferramentas que não são baratas, a
exemplo de softwares e o demais aparatos tecnológicos. Portanto, é preciso ter
cuidado com cursos muito baratos.
Educação a distância corporativa
Os profissionais estão observando que as empresas já vêm investindo cada vez
mais no sentido de oferecer cursos a distância aos seus colaboradores. Um caso
que é possível citar como exemplo é o da Fenabrave (Federação Nacional da
Distribuição de Veículos Automotores), conforme comenta a gerente de projetos
especiais da Dtcom, empresa focada em educação e comunicação corporativa,
Luciana Precaro.
Visando aumentar a comunicação entre os colaboradores, reduzir custos com
viagens e aumentar o número de programas de treinamento e desenvolvimento
alinhado às estratégias empresariais, a Fenabrave adquiriu programas via
satélite oferecidos pela Dtcom. “Com os cursos a distância é possível fazer com
que todos os colaboradores possam ter contato com as práticas dos melhores
profissionais’, comenta Luciana.
Luciana ainda ressalta que as avaliações mostraram que os profissionais se
mostram motivados quando assunto é treinamento a distância, pois percebem que
está sendo feito um investimento para o desenvolvimento de suas carreiras.