Operar com clubes de investimentos pode ser uma boa alternativa para quem
quer aproveitar as oportunidades do mercado de renda variável e possui amigos ou
familiares que têm as mesmas intenções. Mas, afinal, você sabe quais são as
principais diferenças entre operar via clube de investimento ou diretamente em
ações?
Em primeiro lugar, quando se opera com clubes de investimentos, você não é o
dono de determinada ação, mas sim de uma cota dessa ação. “A soma das cotas
determina o patrimônio total do clube”, aponta o gerente de Private Banking da
corretora Spinelli, Luiz Fernando Marcondes.
Vantagens
De acordo com o diretor da Legan Asset, Fausto Gouveia, uma das principais
vantagens dos clubes de investimento é que, com várias pessoas, o montante
aplicado é maior e as oportunidades podem ser melhores.
“O clube de investimento geralmente é criado por um grupo de amigos ou por
pessoas da mesma família. Esses investidores juntam forças e, com mais gente
investindo, têm poder maior para comprar lotes padrões de ações”, aponta o
executivo.
Marcondes, da Spinelli, concorda. “Operar com lotes fracionários é mais
complicado e a liquidez é menor”, afirma. E acrescenta: “além disso, várias
cabeças pensam melhor do que uma só”.
Para ele, outro ponto favorável dos clubes de investimento é que eles
permitem uma maior diversificação da carteira. “Quando você opera sozinho,
muitas vezes não tem dinheiro suficiente para comprar ações de várias empresas e
setores diferentes. Com os clubes de investimento, você pode aplicar o mesmo
valor em diversos papéis de setores variados, já que seu dinheiro vai se somar
ao dos outros cotistas”, diz.
Tributação
Para se encaixar na mesma alíquota de imposto cobrado dos investidores em
ações (15% sobre o rendimento), é preciso que o clube possua pelo menos 67% do
seu patrimônio em renda variável.
Segundo os dois profissionais, a forma de cobrança dos impostos é uma das
maiores diferenças de operar com clubes de investimentos e diretamente com
ações. Isso porque, nos clubes, a tributação acontece de forma automática e
apenas no resgate das cotas.
Já quando você compra e vende ações, se o valor movimentado for superior a R$
20 mil por mês, ou se a operação for day trade (iniciada e concluída no mesmo
dia), é necessário recolher imposto através de DARF (Documento de Arrecadação
Federal) sobre os lucros obtidos.
“Esse controle muitas vezes é complicado. Fazer os cálculos exige paciência e
disciplina por parte do investidor, que precisa ter um controle de todas as
operações efetuadas ao longo daquele mês. Com o clube de investimento não é
necessário nada disso, o que é uma vantagem”, aponta Gouveia.
Corretora
Para investir em clubes de investimentos, é necessário escolher uma
corretora de valores, que será responsável por administrar o clube e executar as
ordens de compra e venda, além de fazer todo o controle em relação aos tributos
e total das cotas que cada investidor possui.
“O bom é que você não precisa fazer planilhas de excel para saber como estão
seus papéis. Com o clube de investimentos, você visualiza tudo de forma muito
mais prática e rápida através do site da própria corretora”, diz Marcondes.
Por isso, o profissional ressalta a importância de pesquisar bastante antes
de optar por determinada instituição para administrar o clube. “Tem que
pesquisar bastante e verificar qual oferece o maior apoio aos cotistas, com
relatórios e informações sempre atualizada”, diz.
Como montar
O clube de investimentos precisa ter ao menos três e no máximo 150
participantes. “Mas a BM&FBovespa está estudando diminuir o número máximo de
cotistas para 50”, diz Marcondes.
Depois de definir quem fará parte do clube, o próximo passo é escolher quem
será o gestor. “Ele será o responsável por todas as ordens de compra e venda
enviadas para a corretora”, diz Marcondes.
O gestor é definido pelos próprios cotistas e pode ser um profissional da
própria administradora, uma pessoa física contratada, uma pessoa jurídica
contratada, ou um representante do clube que possua mais experiência no mercado
de ações.
“Outra regra é que nenhum dos investidores pode deter mais do que 40% das
cotas do fundo”, finaliza Gouveia.