Para conseguir manter o orçamento equilibrado, renegocie as dívidas, gaste
menos do que ganha, corte os supérfluos, tenha metas e estabeleça um
planejamento... A teoria você já sabe, mas colocar todas as regras das finanças
pessoais em prática não é tão fácil assim. E um desses fatores, se esquecido,
pode deixar essa tarefa ainda mais difícil.
Estabelecer metas parece simples. Talvez por isso esse item seja deixado de
lado por muitos que querem organizar o orçamento. Contudo, dificilmente alguém
consegue traçar um planejamento financeiro sem objetivos, como explica o
professor de Finanças da FGV-Rio, Luiz Carlos Ewald. “O planejamento financeiro
é o estabelecimento de metas, sem elas não existe planejamento”, afirma.
E por que os objetivos são tão importantes? “Porque poupar é um esforço e
requer sacrifícios. Se você tem uma meta, você tem um incentivo para fazer valer
esse esforço”, explica o professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios,
Alcides Leite.
Um caminho a seguir
A importância de se ter metas está justamente no autoincentivo. Sem elas,
fica difícil entender os motivos para tantos cortes e ajustes no orçamento. É
como se estivéssemos planejando uma viagem sem saber o destino. Quando
definimos, por exemplo, que queremos comprar um carro, essa percepção fica mais
clara. É mais fácil planejar uma viagem quando sabemos exatamente aonde queremos
ir.
E também quando queremos ir. Estabelecer metas não se resume ao “que”, mas
também ao “quando”. “O prazo está atrelado à sua meta. E ele tem a função de dar
visibilidade a ela”, explica Ewald. Para quando você vai querer o carro? Para
daqui um ano ou dois? O prazo é o que vai ditar todo o seu planejamento
financeiro. Com um prazo definido, você saberá quanto deve poupar por mês para
alcançar a meta.
Se por um lado o prazo de alcance dos objetivos auxilia a planejar o
orçamento, se muito longo ele pode gerar certos desestímulos. Por isso, para
grandes metas, como comprar uma casa, por exemplo, vá devagar. “Toda grande meta
deve ser fracionada em etapas menores, para facilitar e estimular o
planejamento”, sugere Leite.
Como dividir a compra da casa em etapas? Pense em valores. Se o imóvel que
você quer custa em torno de R$ 200 mil, imagine determinada quantia a ser
poupada a cada ano, por exemplo. “Estabelecer metas menores facilita porque você
atinge os resultados de maneira mais rápida”, considera Leite. E não desanima.
Saber o que entra e o que sai
Estabelecer metas, adotar prazos, distinguir as etapas. Todos esses passos
que fazem parte do planejamento financeiro devem ser adotados com uma boa dose
de bom senso. De nada adianta estabelecer como meta comprar uma Ferrari se você
tem uma renda mensal de R$ 1 mil, por exemplo.
Nada impede que você, de fato, compre o carro luxuoso. Mas pensando em prazos
e esforço talvez esse objetivo o deixe desanimado com o passar do tempo.
“Estabelecer metas é colocar os pés no chão”, resume Ewald. Dessa forma, será
que por enquanto não é melhor ter um Gol na garagem? De fato você precisa de uma
Ferrari?
Essas questões, segundo os especialistas consultados, devem ser levadas em
consideração. E para manter os pés no chão é preciso saber qual é a sua situação
financeira real. “Não há como estabelecer metas irreais quando você conhece o
seu perfil de gastos e receitas”, afirma Leite.
Para o professor, esse é o passo zero do planejamento. O passo que vem antes
das metas e as define. “O mais importante é fazer o orçamento, anotar as
despesas e receitas. Sem esse conhecimento não dá para planejar”, considera
Leite.