Ao elaborar um plano de carreira, muitos profissionais colocam como meta
chegar ao topo. O desejo em questão é ser o mais bem sucedido possível, o que na
maioria das vezes significa, basicamente, dirigir uma empresa. Essa posição,
porém, marcada por seu aspecto estratégico, vai exigir muito.
Para quem almeja uma colocação estratégica, ou seja, um cargo de direção ou
presidência, deve ter consciência que as exigências e o comportamento nesses
cargos serão bem diferentes dos cargos intermediários, como gerência e
coordenação.
De acordo com o consultor empresarial da Caput Consultoria, Wellington
Moreira, a maior diferença será voltar o foco do trabalho no planejamento e
elaboração das estratégicas, o que significa, resumidamente, definir para onde a
empresa vai. Assim, o foco do profissional vai deixar de ser exclusivamente a
execução.
Curto, médio e longo prazo
Antes de mais nada, é interessante compreender que os cargos profissionais
podem ser classificados como operacionais, táticos e estratégicos. No primeiro
caso, usualmente representado pelos analistas, a visão é de curto-prazo, o que
significa que a maior preocupação do indivíduo é com a entrega do seu trabalho.
Os níveis táticos, um passo acima dos operacionais, que são bem representados
pelos gerentes, são aqueles que requerem a habilidade de enxergar no médio
prazo. Apesar do profissional, aqui, olhar mais longe, seu trabalho também é
focado na execução, “os níveis táticos e operacionais são executores e não
definidores”, pontua Moreira.
Os profissionais que chegam ao nível estratégico, portanto, não mais são
executores, passando a ser os planejadores. Sua visão será de longo prazo,
acumulando a responsabilidade primordial de definir os passos da empresa.
Papel estratégico versus visão estratégica
Moreira ainda alerta que é importante o profissional ter clara a diferença
entre ‘papel estratégico’ e ‘visão estratégica’. Papel estratégico é estar em um
cargo no qual será responsável por definir para onde a empresa vai, ou seja, na
prática, quer dizer que está na função de diretor ou presidente.
Já a visão estratégica é uma das competências mais importantes que os
profissionais devem desenvolver ao longo de sua carreira. Profissionais que
possuem visão estratégica têm a capacidade de antecipar tendências, perceber
oportunidades, descobrir nichos e reinventar formas de trabalhar.
A visão estratégica independe do cargo do indivíduo e, para qualquer um que
queria prosperar, ela será fundamental.
Como se desenvolver
Ao longo da carreira, em cada posição que o profissional alcançar, haverá um
curso que será melhor aproveitado. Moreira esclarece, por exemplo, que na
posição de gerência, um MBA (Master Business Administration) será uma ótima
escolha, já que é focado em oferecer ferramentas de execução, papel fundamental
neste nível de desenvolvimento.
Para os cargos mais estratégicos, o mestrado e o doutorado serão muito bem
aproveitados já que, ao dar uma visão mais abrangente sobre determinado tema,
ajudam a pensar e, consequentemente, a planejar melhor o futuro da companhia.
Além de cursos, o profissional deve prestar atenção a outros elementos.
Moreira avalia que é fundamental que o profissional conviva com pessoas
estratégicas. Seja no trabalho, se aproximando do seu chefe, ou mesmo na vida
pessoal. Um analista que convive apenas com outros analistas, terá mais
dificuldade de desenvolver uma visão mais global, observa Moreira.
Não se iluda
Se, por um lado, ao conquistar uma posição de direção haverá reconhecimento
profissional e um salário extremamente interessante - “a remuneração será
compatível com as responsabilidades”, afirma Moreira -, a cobrança será intensa,
serão muitas horas de dedicação todos os dias e, diversas vezes, será necessário
abdicar do convívio familiar.
Não se esqueça também que, nessas posições, também, a rotatividade é muito
maior, já que as decisões afetam de forma muito mais direta a empresa.