Os centros acadêmicos de faculdades, conhecidos pela sigla CA, podem não ter
relevância para muitos universitários. Sinônimo de um espaço desorganizado para
uns e sem representatividade para outros, esses centros ficam esquecidos em
pequenas salas sem infraestrutura em muitas instituições de ensino. Contudo, os
estudantes que atuam nesses centros desenvolvem diferenciais que podem ajudá-los
quando deixarem as salas de aula e entrarem no mercado de trabalho.
Os centros acadêmicos representam um espaço em que os alunos de determinado
curso se reúnem para conversar, debater assuntos relacionados ao curso e
interagir. Para organizar essas atividades, contudo, os alunos elegem uma chapa,
que é organizada hierarquicamente em cargos, como o de presidente, vice,
secretário, tesoureiro e outros. Ou seja, essas entidades possuem uma
organização semelhante a empresas.
“É esse o diferencial do estudante que atuou em centros acadêmicos”, acredita a
consultora de Recrutamento e Seleção da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Thais
Pontin. Para ela, ter contato com uma estrutura organizada antes mesmo de pegar
o diploma ajuda o universitário a desenvolver competências que, talvez, ele só
conseguiria desenvolver no mercado.
“O estudante pode transportar essa experiência que ele teve para uma empresa”,
avalia a consultora da Cia de Talentos Fabiola Brenelli. Ela reforça que a
atuação efetiva nos centros acadêmicos ajuda em processos de seleção de estágio
e trainee, que não exigem experiência profissional do estudante. “Percebemos que
esses estudantes se apresentam mais maduros nos processos”, conta a consultora.
Habilidades
Para as especialistas consultadas, a atuação nos centros acadêmicos
desenvolve competências que podem ser carregadas para o mercado de trabalho.
Somente o fato de um presidente de centro acadêmico ter de lidar com eternos
conflitos entre alunos e diretores e reitores de faculdade, por exemplo, já
desenvolve neles a habilidade de negociação.
Lidar com lados divergentes também desenvolve a habilidade de se comunicar de
maneira clara, sem ruídos. Outra capacidade citada entre as especialistas é de
atuar com pressões de todos os lados e de lidar com pessoas diferentes a todo o
momento.
As consultoras citam ainda, entre as habilidades desenvolvidas pelos que atuam
nessas entidades, a facilidade de gerenciamento de tarefas. Sem contar a
capacidade de analisar e resolver crises.
“Toda essa atuação representa um aprendizado sobre o mundo corporativo, só que
com menos cobranças”, avalia Thais. “Quando ele [aluno] atua em um centro
acadêmico, ele atua com projetos em desenvolvimento e é responsável por
determinadas tarefas, seja ele presidente, secretário e etc.”, completa.
O mercado
Para Fabiola, toda atuação durante os anos de graduação é válida e deve ser
reforçada durante um processo seletivo, principalmente entre aqueles que não têm
experiência. “O mercado vê esse aluno com bons olhos porque ele demonstrou que
buscou novas experiências, que não ficou quatro ou cinco anos apenas assistindo
às aulas”, diz.
“Essa experiência é relevante porque com elas o estudante mostra que desenvolveu
essas competências exigidas no mercado já na faculdade. Ou seja, ele buscou, de
alguma forma, algum conhecimento”, completa Thais.
E o que dá para fazer com tanta experiência? As consultoras aconselham a colocar
no currículo e a reforçar durante os processos presenciais. “É importante
ressaltar que tudo o que o universitário puder fazer durante a faculdade é
válido e entra no currículo, seja atuação em centros acadêmicos, em atléticas,
fazendo uma iniciação científica”, completa Fabiola.
Centro acadêmico e Diretório acadêmico
Os centros acadêmicos são entidades que representam os alunos de determinado
curso dentro de uma faculdade. Já o diretório acadêmico representa todos os
centros acadêmicos da faculdade.