Rentabilidade maior do que a renda fixa, mas sem tanta exposição ao
risco. Muitos investidores que querem aliar essas duas características para
compor sua carteira de ações optam por comprar papéis de empresas consideradas
“boas pagadoras” de dividendos. Mas, será que essas companhias podem ser
consideradas “conservadoras” e garantem um rendimento para o investidor?
O economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, ressalta que todo
investimento em ações acarreta riscos para aquele que aplica. E lembra que,
mesmo que o setor pague bons dividendos, o mercado de renda variável nunca pode
ser considerado conservador.
“Nós classificamos alguns setores, como os de telecomunicações e de energia,
como defensivos. Estes são setores que geralmente pagam os melhores dividendos e
as ações dessas empresas também oscilam menos em casos de fortes turbulências no
mercado”, diz Vieira.
Uma das principais características das empresas consideradas defensivas é a
forte geração de caixa. Em casos de crises financeiras e ciclos de recessão, por
exemplo, essas empresas não têm suas receitas fortemente afetadas, já que são
prestadoras de serviços (também conhecidas como utilities) e as pessoas
continuam a consumir energia elétrica, usar o telefone e a rede de esgoto, por
exemplo.
Longo prazo
Segundo Vieira, para quem investe no longo prazo, as ações que fazem
pagamentos de dividendos são ideais, por garantirem, além da possível
valorização do papel ao longo dos anos, uma rentabilidade extra por conta dos
dividendos.
“No ano passado, empresas como a Localiza e BRFoods pagaram mais do que o dobro
da poupança em dividendos”, diz o economista. Além dessas empresas, Vieira cita
outras companhias que também são consideradas “boas pagadoras” de dividendos.
“A Souza Cruz vem pagando bons dividendos há bastante tempo. Além dela, também
temos a Telesp, AES Tietê, BRFoods e Localiza. Recentemente, a Cetip também está
se destacando neste quesito”, ressalta.
Erros
Para o economista, o principal erro do investidor é colocar todo o valor
disponível em um único setor. “Neste caso, se aquele setor enfrenta algum tipo
de problema, o investidor vai perder uma boa parte do seu dinheiro”, diz.
Por isso, ele afirma que o ideal é diversificar a carteira entre os diversos
setores que têm empresas pagadoras de dividendos. “É importante ter uma carteira
de 5, 6 papéis, um em cada setor: energia, telecomunicação, transportes,
alimentos e financeiro”, aponta.
O que são
Os dividendos são a parte do lucro da empresa que é distribuída entre os
investidores, na proporção da quantidade de ações detida, apurado ao fim de cada
exercício social.
O estatuto social da companhia pode estabelecer valor mínimo de dividendo a ser
distribuído, desde que não seja inferior a 25% de seu lucro líquido ajustado. Se
não houver nenhuma indicação no estatuto social, o dividendo obrigatório deve
corresponder, no mínimo, à metade do lucro líquido ajustado.